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A noite estava silenciosa e calma, era comum que após o jantar servido às 20:00 horas em ponto, os Luthor se recolhessem para seus aposentos. Mas, enquanto Lena tentava se concentrar naquele cálculo, a figura de uma Kara deitada em sua cama, usando fones de ouvido e com algumas páginas do que deveriam ser relatórios nas mãos era muito perturbadora para Lena, que havia acabado de retornar do Colégio Interno e passava suas férias na mansão de sua família. Aos dezessete anos, Lena era uma das alunas mais aplicadas que havia passado pela instituição, e já se preparava para concorrer à uma bolsa para ingressar no MIT, mas seu cérebro super nerd não parecia funcional para a diversão. E como se não fosse o bastante, existia uma distração loira, alta e atlética deitada em sua cama como se fazer aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. E teria irritado Lena se não fosse tão chocante testemunhar tudo aquilo de perto, ou se a presença de Kara e todos aqueles músculos e coxas firmes numa calça de moletom que exibia uma protuberância - mesmo que dentro da roupa de compressão -, não a deixasse tão agitada.

Oh, sim, Lena lembrava muito vagamente de como havia acontecido. Ela tinha apenas oito anos quando aquele foguete estranho caiu no quintal da mansão Luthor e Lillian tirou de dentro dele a figura loira e perdida, a levou para casa e mais tarde para treiná-la em Cadmus. Quando Kara se tornou uma adolescente, Lena ainda era uma menina, mas não havia necessidade de manter remanescentes de uma juventude inocente quando se era um Luthor, (ou parte deles), e quando foi descoberto que Kara possuía os mesmos dons que o Homem de Aço, a Kryptoniana passou a ser o animalzinho de estimação preferido de Lillian. Mas, Lex havia ido longe demais em sua busca incansável pelo conhecimento e origens do Superman, e quando ficou claro que ele estava mais preocupado em obter a atenção do herói de capa vermelha para si, Lex abandonou os projetos de fazer de Kara uma arma ideal para derrubar o reinado do Kryptoniano e partiu, deixando para trás suas descobertas sobre Kara e deixando Cadmus sob os cuidados da mãe.

E ali estava Kara agora. Com seus vinte e um anos; a Kryptoniana fora criada como uma Luthor, ainda que seu relacionamento com Lena fosse neutro, a loira se via genuinamente atraída pela adolescente sempre que ela voltava para casa do Colégio Interno.

━ Você não tem um escritório para revisar esses arquivos?

Lena bufou e soltou o grafite lapiseira na escrivaninha, fechando o livro de cálculo logo após. Franzindo o cenho para a Kryptoniana que parecia irritantemente confortável em suas fronhas recém trocadas, Lena não compreendeu o motivo, mas por um momento se sentiu ansiosa para sentir o cheiro que Kara deixaria ali depois.

━ Sim, eu tenho, mas eu já passo o dia inteiro enfiada em um escritório. Sua mãe e eu estamos trabalhando em um novo protótipo e eu precisava revisar algumas coisas antes de retornar para National City. Você não está de férias?

Kara perguntou ao tirar os fones de ouvido e guardar os arquivos numa pasta. Ela olhou para Lena e a irlandesa deu levemente de ombros.

━ Não importa, não há nada muito interessante para se fazer aqui. Eu odeio esse período de férias.

Ela exalou profundamente e levantou-se, indo até a janela do quarto e cruzando os braços de frente para ela ao observar o jardim da residência. Limpo, quase estéril e silencioso.

Kara girou o quadril e sentou na beira da cama, observando a adolescente silenciosamente. Como se sentisse o olhar da Kryptoniana na parte de trás de sua cabeça, Lena a olhou por cima do ombro.

━ Você já encontrou um apartamento?

Kara assentiu e levantou-se, recolhendo o celular e a pasta de documentos.

━ Encontrei, mas você sabe como é sua mãe. Ela acha que eu acabarei sendo seduzida pelos costumes da cidade e perderei meu foco.

A alta Kryptoniana ficou de pé e Lena a observou se dirigir até a porta. Contudo, antes de sair do quarto dela, Kara se virou, com a mão na maçaneta.

━ Talvez amanhã possamos fazer alguma coisa divertida se estiver se sentindo entediada. Ir ao cinema, talvez. Você não deveria passar suas férias presa no quarto com um livro de matemática.

Kara abriu a porta e fez menção de sair.

━ Eu adoraria.

Com Lillian fora, numa viagem a negócios, a mansão parecia ainda mais silenciosa e era como se por alguma razão, Lena se visse agradecida por ter Kara ali. A Kryptoniana era centrada, apreciava bons livros e havia aprendido outros idiomas como russo, espanhol e um sofisticado francês. Atualmente trabalhava para Lillian, num de seus laboratórios, mas havia buscado sua própria independência aos vinte anos. Quando Lena foi embora para o Colégio Interno, Kara se formou em Genética e comprou o próprio apartamento em National City. Mas sempre retornava à mansão, em busca de tranquilidade e silêncio.

Nas férias de verão de Lena, Lillian havia viajado e a mansão ficou apenas para a dupla. Lena não a considerava como uma irmã, mas Kara possuía um forte apreço por ela que acabou se dissolvendo num instinto de proteção descomunal. Lex fora um bom irmão até certo ponto de sua infância, mas se transformou em outra pessoa, fazendo com que Lena se sentisse solitária quando a mente do garoto mudou.

━ Vejo você amanhã. Boa noite, Lena.

Kara sorriu suavemente para ela e saiu. Lena murmurou seu próprio boa noite e quando a porta foi fechada atrás de Kara, a irlandesa soltou o ar que não sabia que estava segurando. Aquelas seriam férias de verão complicadas, pensou.

Caindo na cama, Lena pegou o celular e viu uma mensagem de Andrea que perguntava como ela estava sobrevivendo às férias e se já havia encontrado uma diversão.

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Super Luthor ⋆ [ Supercorp G!P ] Onde histórias criam vida. Descubra agora