•07| Yeah, you feel right so stay a sec

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Pov S/n

Escondi meu rosto na curva do seu pescoço, mesmo com a extrema curiosidade de ver suas asas, as manobras que ela fazia me deixava com medo de abrir os olhos e um pouco enjoada também. Eu não podia ver, estava cega por vontade própria desta vez. A possibilidade dela me soltar veio em minha mente, e se soltasse? E se?

"Precisa abrir os olhos" ela gritou animadamente, entre uma risada ou outra ao som de suas asas batendo, as vezes eu a ouvia cantarolando levemente, sua voz sendo levada pelo vento a cada palavra que falava. "Como posso fazer você olhar para mim, S/n?"

Estávamos abraçadas de frente, eu era como um pequeno coala em um galho, agarrado nele como se minha vida dependesse disso, o meu galho atualmente é Billie e minha vida está nas mãos de uma menina imprevisível. Minhas pernas envolviam sua cintura, meus braços descansavam em seus ombros. Billie mantinha o aperto firme, embora de vez em quando, ameaçava de soltar minha cintura apenas para me assustar. Deus, eu a odeio.

"Podemos pousar?" sussurrei em seu ouvido, com medo da sua resposta. Porra meu corpo não consegue se acostumar com essa adrenalina toda. Uma de suas mãos deslizaram como serpentes pelo meu braço, descansando no meu pescoço levemente. Ela me empurrou um pouco para trás, mesmo diante das minhas patéticas tentativas de enterrar meu rosto novamente naquele ponto quente e seguro.

"Então abra os olhos" cantarolou suavemente. Porra eu realmente teria que fazer isso?

"Vou te matar" outra ameaça patética, nunca teria essa chance, teria? A risada implicante dela foi minha resposta.

"E eu vou te dar um motivo, um bom o bastante..." Billie fez uma pequena pausa, ou dramaticamente ou ainda pensando no que fazer. Sua mão envolveu meu pescoço, eu podia sentir um clima diferente, era como se fosse um puta pressentimento ruim "...pra abrir seus olhos"

Eu abri minha boca, prestes a falar para ela não fazer isso, entretanto, fiquei sem voz quando não ouvi suas asas batendo. Seu aperto em mim ficou mais forte, e instantemente senti o frio na barriga, mil vezes pior do que senti em toda minha vida. Estávamos caindo. E ela está caindo comigo. Meu grito foi abafado por seus lábios nos meus e em questões de segundos, todo o meu pânico e medos que envolviam meus pensamentos evaporaram, era como se eu estivesse consciente mas ao mesmo tempo entorpecida, meu senso de perigo simplesmente não funcionava. Tudo em minha volta não parecia estar mais lá, só ela. A beijei de volta, sem nem me questionar antes, a sensação de sua língua junto com a minha em uma guerra por liderança era mais forte que meus pensamentos.

Pude sentir um sorriso escapando de seus lábios durante o beijo. Aos poucos, meus sentidos foram voltando, a gente não parecia estar mais no ar. Abri meus olhos e Bill se afastou, fui recebida pelo oceano turbulento e escuro de suas pupilas. Minha atenção lentamente sendo puxada para suas asas, a menina de cabelo verde levantou uma sobrancelha, com um sorriso divertido. Ela as ergueu, exibindo-as para que eu pudesse ver melhor. Penas brancas e manchadas de preto e vermelho sangue estavam balançando por causa do vento em harmonia. Era absolutamente lindo.

"Eu acho que agora você já pode me soltar" falou

Oh

Era tão bom sentir uma superfície plana no qual eu poderia ficar de pé tranquilamente. Bill sentou e fez um pequeno gesto para que eu fizesse o mesmo. Foi exatamente o que fiz, uma de suas asas passando por volta de mim, de forma protetora. Ficamos em silêncio, eu não fazia ideia do que falar, qualquer besteira que eu falasse podia deixar a situação estranha, mais do que já é.

"Já vim aqui muitas vezes" começou, não sei se estou ficando louca de vez mas, Billie parecia nervosa, como se compartilhasse o mesmo medo que eu.

"Nesse... telhado?" Eu reprimi uma risada, tipo, existem milhões de telhados só neste quarteirão

"Nesse telhado" afirmou balançando a cabeça e sorrindo "Ele me dá uma vista perfeita, meio privilegiada" ela apontou, meus olhos se arregalaram, aquela era minha casa, ela estava apontado pra minha casa. Porra como eu não reconheci a rua em que moro?!

"Você me vigiava?" Tentei permanecer calma, não dava pra ver nada lá dentro, parecia que ninguém estava em casa.

"As vezes" admitiu sem nenhum problema, eu a olhei incrédula "Todas essas vezes você estava de roupa" piscou pondo suas mãos para cima "Não se preocupe, babygirl."

"Continua sendo estranho" falei a provocando e Billie apenas deu de ombros, com um meio sorriso, antes do seu rosto ficar meio sério.

"O que Camila te disse, S/n?" a suavidade em sua voz pareceu evaporar ao pronunciar o nome da cubana.

"Por quê?" franzi minha testa, sem a mínima ideia do que ela queria com aquilo...ou melhor, com tudo isso.

A menina de asas me lançou um olhar furioso, numa ameaça silenciosa. Engoli seco, confusa por sua repentina mudança de humor sem sentido.

"Porque é difícil pra ela manter a porra da boca fechada e sei muito bem que vocês falaram alguma merda sobre mim" assobiou agressivamente contra mim, quase como se alguns segundos atrás nunca tivesse com a língua dentro da minha boca. Seus punhos impacientes colidiram no telhado, me pressionando indiretamente para lhe responder. "Responde S/n!"

"Tá começando a me assustar, Billie." falei baixinho, buscando algum plano de fuga eficiente mas uma de suas asas, a mesma que segundos atrás era protetora em minha volta, agora me prendia.

"Eu tô?" Por mais que tivesse sido uma pergunta retórica, o tom frio e cínico me atingiu em cheio "Está com medo, S/n?" Ronrona em deboche

"Qual o seu problema?" Me levantei, sem poder correr ou andar para longe dela, pois primeiro, estou na porra de um telhado, segundo, a sua estúpida asa ainda bloqueia minha saída por trás.

"Não é óbvio? Será que até agora não deixei claro o suficiente?!" mais uma batida certeira no telhado, aposto que desta vez imaginou ser a minha cara. Por alguma razão, se pôs de pé com ambos os punhos cerrados e ensanguentados, toda sua raiva direcionada exclusivamente pra mim. Ótimo "Você e esse teu maldito jeito! O quão difícil é responder uma fodida pergunta?"

"Já passou pela sua cabeça que talvez eu não te responda porque não devo nenhuma satisfação pra você?!" Me expliquei, correndo o risco de levar um soco na cara, mas não me importei.

A imagem de um anjo furioso, das asas erguidas ao céu acima de nós, do sangue escorrendo daquelas mãos sagradas e do olhar tempestuoso que jorrava com tanta raiva trovões na minha direção. Eu tinha alguma chance contra aquilo? Nesse momento cheguei até mesmo duvidar se Deus teria chances contra ela.

"Dez segundos, é o que terá" lambeu os lábios lentamente "Caso não diga nada" Billie deu alguns passos, se aproximando. Tive a impressão que o mundo todo tremia com isso. Eu me afastei, um pé atrás do outro, mas não foi o suficiente pois ela continuava avançando e eu me afastando até a abeira do telhado me impedir que isso continuasse acontecendo "Você morre"

The Devil Hostage™ - Billie&youOnde histórias criam vida. Descubra agora