•09| I'll build a wall, give you a ball and chain

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Pov S/n

Minha cabeça listou involuntariamente algumas respostas para sua pergunta mas nada parecia ser suficiente, cheguei a pensar que nunca seria. Algo me dizia que todas as soluções acabariam do mesmo jeito: eu fazendo algo suicida pra ela recuperar o controle novamente.

"Converse comigo" sussurrei, incerta por sugerir isso "E não me agarre toda vez que estiver puta" reclamei ganhando uma pequena risada dela. O som era agradável e desejei poder rir com tanta graciosidade, assim como ela. 

"Oh, vai me dizer que odiou o meu beijo?" Perguntou com falsa indignação, sua mão pousando em seu coração de forma dramática, dando ênfase em cada pequena sílaba. Seus olhos foram para o meu rosto de novo, me analisando silenciosamente "Odiou a sensação dos meus lábios nos seus tanto quanto eu odiei, S/n? Duvido muito" soltou um sussurro cúmplice ao meu, se inclinado perto o suficiente para poder me beijar mas distante o bastante para que não acontecesse.

"Sempre tenta mudar o rumo da conversa pra coisas sexuais?" fui direta mas desviei meu olhar pra qualquer canto do quarto, envergonhada. "Sei que é horrível lidar com toda essa confusão...mas precisamos ser sérias."

"E quem te disse que não estou sendo séria?" Billie mordeu o lábio, mostrando um leve indício de malícia controlada em suas palavras. "Conversar não é a solução pra tudo,S/n"

A garota de olhos azuis ajustou seu corpo para se encaixar melhor no meu, escondendo o rosto na dobra do meu pescoço e remexendo seus ombros que efetivamente fizeram com que suas asas parecessem mais desleixadas do que aparentavam ser. Pude sentir o calor de seu sorriso contra minha pele e como seus movimentos pareciam estar em sintonia com as batidas do meu coração. A sensação era tão boa que,  em momentos como esse, me faziam esquecer que ela é uma idiota, sequestradora, assassina e instável.

"Me machucar também não é solução pras merdas que você passa" argumentei de volta, e além disso, não tô afim de quase me matar ou sentir dor de novo. "Por que não pode me matar? Acho que resolveria metade do seu problema" eu disse honestamente

"Acha mesmo que você é um problema fácil de ser resolvido assim, S/n?" ela erguei a cabeça e buscou pelos meus olhos. Não pude deixar que ela os achasse, então mantive meu foco na noite estrelada de Van Gogh. "Seu coração é o meu também. Eu existo, respiro e sinto por sua causa. Caso você for morta, eu morro também."

Então sou uma total inconveniência pra você? Eu quis perguntar mas como eu poderia? Balancei a cabeça e mantive meu olhar distante, é claro que Billie só estava me protegendo porque caso não fizesse, podia acabar sofrendo as consequências pelas quais nunca escolheu ter. A garota cujo olhos aprisionam o oceano deixava claro que não gostava muito de mim, seus gestos denunciavam isso desde de o início. Ela só ia me proteger pois sua própria vida dependia disso. Até um anjo pode ser egoísta.

"Sai de cima de mim"  alertei furiosamente, desesperada pra tomar um ar fresco. De preferência bem longe dela.

"S/n..."

"E se meu coração não fizesse parte do teu, o que faria comigo se não houvesse esse obstáculo?" perguntei enquanto engolia o que poderia virar,com facilidade,  um ruído que pudesse chamar a atenção das lágrimas já preparadas pra caírem em minhas bochechas "Eu vi como você matou aquele cara na festa, vi que estava pouco se fodendo com ele ou com qualquer outra coisa, Billie."

Senti as pontas de seus dedos na minha bochecha, tentando chamar minha atenção, num toque desesperado que fizesse com que eu a olhasse diretamente. Eu gostei como a ardência daquele toque me fez sentir, embora não soubesse que tipo de sentimento pudesse ser, desejei que a palma de sua mão cuidasse do meu rosto e enchesse ele daquela incomum ardência incoveniente. Mas antes que Billie pudesse continuar tentando chamar minha atenção, a porta do quarto bateu com força. Olhei assustada, Peep cobria seus próprios olhos com uma das mãos, achando que tinha interrompido algo inapropriado.

Suas roupas estavam cobertas de sangue, dos pés até o rosto.

"Estamos muito fodidos" ele disse entrando rapidamente e fechando a porta. Ah ótimo, quando é que não estou fodida?

Olhei para Billie e ela nem sequer se prestou em encarar Peep ou pra sair de cima de mim. Seus olhos azuis estava focados em mim, parecia totalmente vidrada em algo, não estando completamente na realidade no momento.

"Billie?"  eu a chamei em pânico, puxando levemente sua camisa, mas nada. "Me diz que não é o seu sangue" virei na direção do garoto, busquei por qualquer corte feio ou arranhões em suas roupas, mas ele não parecia ferido, apenas preocupado.

"Não é meu. Estou bem, só acho que quebrei duas costelas e torci meu pé" demorei pra entender que ele estava brincando, só percebi quando Peep soltou um sorrisinho tenso e reafirmou que estava bem.

"Droga, estamos em perigo?"

"Ainda não, princesa. Ainda não." deu de ombros, impaciente.

Eilish pareceu voltar a vida, tomando consciência na mesma hora. Embora, disfarçadamente, pude obter alguma visão do seu semblante, não notei muita coisa além da....raiva?

"Princesa?" Ela repetiu mordendo seu lábio inferior, ah não.

"Olha essa não é uma boa hora pro seu ciúmes obsessivo" ele se explicou, levantando os braços. Sangue escorrendo pelas mangas de seu moletom.

"Billie, por favor" choraminguei levando minhas mãos para suas bochechas, finalmente a encarando. Seus olhos eram os mais bonitos que já vi, e como já esperava, eu podia me perder nadando naqueles mares cristalinos ou pior, me afogar.

"Desculpa"  sussurrou tão gentilmente, com o peso de arrependimento em na voz. Eu congelei, não esperando por isso, não esperando que um pedido de desculpas pudesse soar tão honesto vindo dela.

"Foi um aviso, Billie." Peep chamou nossas atenção. A garota finalmente saindo de cima de mim. Pude me levantar nervosamente.

"Eu vou mantar esse filho da puta" Bill ia em direção a porta, mais foi interrompida pelo garoto

"Nem fodendo, você fica aqui. Olha só pra isso!" ele apontou para si mesmo "O sangue não é meu mas quase poderia ter sido. O cara é dez vezes maior que nós!"

"O que está acontecendo? Que cara" Olhei incrédula para ambos. Os mesmos me olharam de volta. Peep incerto se falava ou não, Billie ainda com a mesma expressão furiosa

"Prometo explicar mais tarde" a menina de cabelo verde assegurou, indo para o meu lado e entrelaçando seus dedos no meu. Olhei para nossas mãos, sem acreditar. "mas antes precisamos sair daqui."

"Vamos pra casa da Camila?" o garoto questionou

"De jeito nenhum" meu anjo balançou a cabeça, suas asas ficaram mais erguidas, tensas.

"O que?! Não sei que merda tá acontecendo mas me sentiria melhor ao lado de Camila" tentei explicar coerentemente, Peep pareceu entender.

"Já disse, não"  Bill rosnou, apertando minha mão.

"Pense mais em S/n antes de fazer uma escolha, Eilish. Estamos falando sobre o bem dela"  a menino cruzou seus braços, chateado.

"Tudo bem, tudo bem, vamos pra casa da Camila" me olhou brevemente e me puxou para fora do quarto, Peep logo atrás da gente.

Sentir perigo por algo desconhecido superava o meu medo por Billie. Espero que não seja ninguém no qual Billie, Camila e Peep nãos sejam capazes de lidar.

The Devil Hostage™ - Billie&youOnde histórias criam vida. Descubra agora