Obs: um capítulo que deveria fazer parte da história mas que decidi descartar por completo.
Finneas. O deus do arrependimento que os gregos nunca tiveram a coragem de criar, era ele.
Demorou muito para que chegasse, da mesma forma que alguns livros demoram uma eternidade para serem atualizados e respectivamente finaliza-dos mas não havia indicação de que sua demora fosse
Parado alí, não muito longe do nosso carro, ele poderia ser o tempo em carne o osso, aquele que a gente tão bem conhece. O perdido
Aquele que se é perdido, que você esperou
Billie estava, pra ser honesta, furiosa, lívida, chateada e com raiva. Eu sei que todos esses substantivos significam a mesma maldita coisa, mas com o vislumbre aterrorizante do olhar assassino naquelas orbes azuis, acho que tenho o direito de usá-los um por um, de uma vez só.
"Quanto tempo" o garoto jogou um sorriso caloroso em nossa direção "Vocês duas sumiram"
Fiquei surpresa que a cabeça dele ainda não tivesse explodido com o olhar dela. Mil vezes pior agora. O que me surpreendeu ainda mais, no entanto, foi como ele parecia tão alheio.
É impossível Finneas não sentir um buraco gigantesco sendo queimado em seu crânio. Quer dizer, até eu posso sentir isso, mesmo não sendo o alvo.
Billie queria sair do carro, ela teria saído se não fosse por minha mão em seu pulso a segurando no lugar. Na verdade, ela poderia ter saído mesmo assim.
"S/n" cantarolou meu nome e me perdi nele
Que estranho é, se perder no próprio nome por causa de alguém.
"Podemos atropela-lo, se quiser" sugeriu em seguida.
Era brincadeira ou pelo menos deveria ser. Existia dúvidas quanto a isso. E o menino que caminhava em nossa direção pareceu ter ouvido pois soltou um ruído desdenhoso.
"Deixe meu atropelamento para mais tarde. Queria mostrar a verdade pra S/n antes, Billie."
"Mostrar a verdade?" Mordi o lábio em confusão.
"Ignore-o, S/n" Billie se apressou em intervir. Seus dedos me puxaram para ela e quando vi já estava em seu colo, no banco do motorista, enterrada em seu corpo enquanto seus braços envolviam minha cintura. "O ignore como eu sempre faço"
"Sim, mostrar. Porque dize-la pra você não seria suficiente, certo S/n?" O garoto do cabelo chamuscado sentou no capô do carro, seus ombros caíram.
A garota que me segurava nos braços estrangulava um rosnado enfurecido. O céu tremeu com isso.
"Do que vocês dois estão falando? Que verdade é essa?"
Jura mesmo não saber de nada, S/n?
"Saia da cabeça dela" o sussurro do meu anjo era o alerta final. O aviso que seu irmão decidiu ignorar "S/n, não dê ouvidos a ele"
Você ignorou a verdade por tanto tempo, S/n.
Vivendo na mentira, acreditando nela.
"S/n" Billie colou sua testa na minha, respirações quentes contra meu rosto "Ignore-o, por mim, por favor"
"A única razão pela qual você nunca ouvirá a verdade é ela" notei sua cabeça inclinar na direção do meu anjo. "Precisa deixá-la por alguns minutos, respirar sem ela por perto, só por uns minutos e eu vou te mostrar tudo."
Se movendo num piscar de olhos, vi quando fui deixada no banco do carro, sozinha.
O vislumbre de asas ao céu tirou meu fôlego. No fim do mundo, Billie levava tudo com ela, eu vi quando a colisão aconteceu. Irmão e irmã. A estrada sendo dilacerada abaixo das costas do garoto.
Seus corpos eram indestrutíveis.
"Aí" ele riu mesmo estando preso debaixo do aperto firme dela. "Caramba, podia ter avisado antes hein?"
"E qual graça teria?" Veneno escorria de sua língua.
O desespero me consumiu quando notei a tamanha indiferença que ambos tinham um com o outro, em quanto pouco esforço Finneas teve para inverter a situação, usando seus braços para fazer dela um borrão distorcido no ar.
Sai do carro no mesmo instante.
Ainda no ar, Billie teve seu corpo tombado no chão antes mesmo de poder se recuperar ou tentar investir em outro ataque.
Finneas tinha uma das mãos em seu pescoço, a prendendo no asfalto.
O som da sua queda deu a estrada rachaduras e o céu gritou ao saber disso. Raios fugiram do anoitecer.
"Confortável aí?" Ele a provocou.
Me encolhi com essa visão.
Se eu tivesse sorte, acabaria com duas costelas quebradas porém viva. Caso a sorte tivesse me deixado, bem, iríamos ver.
"Pode, por favor, soltar ela?" Arrisquei em dizer. Vi ambos girarem a cabeça em minha direção, como se por um momento tivessem esquecido que eu ainda tava alí.
A menos que queira saber da verdade.
"Me mostra então a porra da verdade"
Finneas. O Deus do arrependimento, enfim sorriu.
Como a gente começa uma história que está prestes a acabar?
Não sei
Que tal começarmos assim:
Uma vez, você matou a Billie.
E a culpa foi toda sua.
Mas nossa imaginação cria todo o tipo de mentira quando não queremos acreditar em algo.
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The Devil Hostage™ - Billie&you
Fanfiction"A imagem de um anjo furioso, das asas erguidas ao céu acima de nós, do sangue escorrendo daquelas mãos sagradas e do olhar tempestuoso que jorrava com tanta raiva trovões na minha direção. Eu tinha alguma chance contra aquilo? Nesse momento cheguei...