Pov S/n
Eu nunca tive medo da morte porque jamais pensei que estaria tão perto dela, Billie, a garota de asas no qual me beijou segundos atrás, que me sequestrou e me manteve como refém, a mesma que se declarava ser meu 'anjo da guarda' e que, neste momento, poderia ser o motivo da minha queda.
"Você não vai me matar.. " sussurrei com a cabeça baixa, observei atentamente os arranhões sangrentos em suas mãos e na telha quebrada Porque não pode..." bem, eu esperava que ela não pudesse mesmo "não consegue"
Se pudesse já teria feito muito antes de chegarmos aqui. E se conseguisse, teria batido em mim e não na pobre telha?
"Gostaria de fazer um pequeno teste?" em seguida soltou uma risada baixa e inconsciente. A olhei, sua expressão ficando um pouco mais sombria. "Só não garanto que terá volta, S/n" sua cabeça se contorceu um pouco, um sorriso foi o suficiente para fazer meu corpo congelar "Quatro..." Cantarolou "...cinco..."
Respirei fundo. Sua voz pareceu ficar distante mas ainda estava lá, em algum lugar, percorrendo minhas veias e artérias do mesmo jeito que uma doença interna e incurável costuma agir, de dentro pra fora numa constante circulação imperceptível que mal podia ser percebida pelos outros. A raiva tomava conta dos meus pensamentos rapidamente, eu queria me sentir menos....incapaz, provar tanto pra mim quanto pra ela que....no fundo, mesmo que inconscientemente, mesmo que falasse da boca pra fora, que ela não faria isso. E assim, eu não sentiria tanto medo. Eu queria desvendar suas atitudes e todas as suas reações, com tanta raiva, queria entender como aquele anjo podia ser uma extrema idiota explosiva mas, por vezes, quando me segurava e mantinha toda a proximidade incomoda, mesmo assim, como aquilo parecia ser algo tão familiar?
"Vo-vou assumir o risco" minha voz saiu tremida e a impressão de ' não ligo ' com certeza falhou.
Olhei para minha casa uma última vez, incerta se seria de fato a minha última visão além de Billie franzido a testa em confusão. Sem muito esforço, joguei meu corpo para trás, tipo aqueles desafios de confiança, a diferença é que ninguém me segurou e fui acolhida pelo vácuo. Eu simplesmente caí. A sensação agonizante me atingiu em cheio, não ousei abrir meus olhos, não ousei me mexer, tinha quase certeza que eu iria desmaiar antes da queda..
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.Mas a queda não veio
Senti minha camisa sendo puxada para cima com força, deixando meu corpo pairando no ar. Abri meus olhos embasados, minha visão voltando aos poucos ao normal. E lá estava ela, suas asas batiam levemente no ar, sem nenhuma dificuldade. Seus olhos eram os mesmos, vazios, um oceano isolado. Fui puxada para seus braços, que me acolheram como se sua existência fosse apenas para isso. Sua mão passou pelos meu cabelo, me empurrando para acomodar minha cabeça na dobra de seu pescoço.
"Nunca, está me ouvindo? Nunca mais faça isso, S/n!" Ela gritou, profundamente irritada e perturbada. Suas mãos tremiam um pouco, seu corpo se contorcia levemente.
"Você não pode me matar" eu concluí fracamente "Você não pode me deixar morrer" continuei, esperando alguma intervenção mas nada veio, a não ser um suspiro trêmulo. No final, eu estava certa, ela só estava blefando e eu tive que descobrir essa porra da pior forma possível.
"Feche os olhos" foi tudo que disse e eu obedeci.
Suas asas bateram no ar com mais força, a sensação continuava sendo desconfortável apensar de estar muito confortável nos braços dela. Voamos o caminho todo em silêncio, não demorou muito para chegarmos em casa...de volta para seu quarto. Ela me soltou ao lado da cama, meu corpo inteiro clamando pra me sentar, e foi isso que eu fiz.
"Camz falou que você precisava ser .. concertada" falei cautelosamente e ganhei sua atenção já que ela estava distraída olhando pro nada. Era estranho demais imaginar Billie abalada por esses acontecimentos, entretanto, ali estava ela, visivelmente afetada.
"Concertada?" Riu balançando a cabeça freneticamente. Claramente chateada. E lá vamos nós, me deitei e olhei para o teto. Não sei da onde Bill tirou essa implicância toda com Camila. Algo muito ruim deveria ter acontecido entre as duas.
Tive pouco tempo pra pensar nas teorias das coisas que poderiam ter acontecido entre as duas quando, silenciosamente, notei um peso sobre meu corpo. A garota de olhos azuis tinha subido habilmente em mim, apoiando ambas as mãos na cama para poder se inclinar. Billie esfregou sua bochecha na minha, como um gatinho manhoso buscando algum conforto, suas asas descansaram entre os lençóis mas eram tão grandes que mal cabiam na pequena cama e metade delas havia caído sob o chão.
"Bil..."
"Shhh. Eu quero te sentir um pouco, pode manter a boca fechada, não estou pedindo muito" me interrompeu e tudo que ouvi a partir dali foi sua respiração acompanhando a minha. Ficamos assim por algum tempo, poderia ter sido horas ou poucos minutos. "S/n?"
"Huh?" murmurei de volta cansada demais para poder me mexer
"Não consigo me controlar com você" sua respiração tremeu junto com a minha, podia sentir seu calor em minhas veias. "Não consigo tirar minhas mãos de você também, S/n" seu tom alto foi virando um sussurro aos poucos "O que eu faço,S/n? Que merda eu faço?" Sua testa franziu lentamente, suplicante por uma resposta.
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The Devil Hostage™ - Billie&you
Fanfiction"A imagem de um anjo furioso, das asas erguidas ao céu acima de nós, do sangue escorrendo daquelas mãos sagradas e do olhar tempestuoso que jorrava com tanta raiva trovões na minha direção. Eu tinha alguma chance contra aquilo? Nesse momento cheguei...