Imagines | Free Fire

Seis | NOBRU

Imagine Nobru

- Bruno. Bruno Goes. - olho para o lado e a garota me encara sem entender - É o meu nome. - volto minha atenção para a estrada.

- Ah sim. Entendi.

- Agora é a hora em que você me fala o seu nome.

- E por que eu deveria? Você disse o seu porque quis, não te obriguei a nada. - cruza os braços e se afunda no banco ao meu lado.

Caramba, a garota era cabeça dura.

- É tão difícil assim pra você ser... sei lá... um pouco educada? - respondo frustrado.

- Com você, é.

Respiro fundo e me concentro em seguir o caminho que o GPS guiava.

Alguns minutos depois ouço um barulho estranho e sinto a direção do carro ficar difícil de controlar.

Ótimo, o pneu havia furado.

- Mas que droga. - digo saindo do carro e constatando que o pneu de trás realmente estava furado.

Volto para o carro em busca do meu celular e pra melhorar a noite, estava descarregado.

- Você está com seu celular aí? - pergunto impaciente.

- Não sabe trocar um pneu não? - retruca debochando.

Essa garota gosta de me tirar a paciência.

- E você sabe por acaso madame? - pergunto sarcástico.

- Que bom que perguntou meu caro Bruno, e para sua felicidade e sorte, sim, eu sei trocar um pneu. - respondeu com um enorme sorriso irônico enquanto piscava pra mim.

- Está falando sério?

- E por que não estaria? - diz tirando o cinto e saindo do carro. - Isso é muito machista da sua parte, senhor não sei trocar um pneu.

Então a vejo abrir o porta malas e pegar algumas ferramentas que não fazia ideia do que eram.

- Precisa de ajuda? - me ofereço quando a vejo colocar um tipo de ferro sob o chassi do carro e levantar o mesmo aos poucos.

- Se você puder me passar a chave inglesa será de bom grado. - diz já tirando o pneu furado e em seguida encaixando um pneu novo no lugar do mesmo.

Passo a chave à ela e fico observando-a terminar a troca.

Estou no mínimo muito impressionado. Essa garota me intriga e não posso deixá-la ir embora sem ao menos saber seu nome.

- Pronto, novinho em folha. - sorri orgulhosa enquanto limpa as mãos na calça.

- Realmente foi um ótimo trabalho. - sorrio aliviado.

- Bom, agora você já pode me levar pra casa, não tem mais desculpas pra ficarmos mais tempo juntos. - e lá estava ela de novo.

- Claro... - reviro os olhos e voltamos para a estrada. - Então, já que não vai me dizer seu nome, que acha de contar como foi parar naquela festa?

- Hum, certo. - diz depois de ponderar por alguns instantes - Um amigo me chamou para ir com ele, mas não disse que era uma festa só com pessoas do Free Fire, me senti totalmente deslocada. Por isso fiquei tão brava, fui enganada entende?

- Entendo. Mas se você não joga Free Fire, o que joga então? Porque para o seu amigo te levar nessa festa no mínimo você tem que ser gamer.

- Você até que é esperto, Bruno. - sua voz pronunciando meu nome era diferente, gostava da sensação de ouvir - Sou pro player de League Of Legends.

Não consigo conter a risada. Tiro uma das mãos do volante e levo a boca tentando diminuir o som do meu riso que ecoa no carro.

- Posso saber o que é tão engraçado? - pergunta irritada.

- Lol? Você joga Lol e fala daquela forma do Free Fire? Me desculpe, mas não consigo não rir. - respondo enquanto meu riso diminui.

- Lógico? Lol está a anos no mercado, abriu as portas do e-sports, o Free Fire acabou de chegar...

- E já é um dos melhores jogos da atualidade. Sem contar o quanto é mais acessível, por ser mobile, do que o Lol, não desmerecendo o mesmo. Free Fire faz tanto sucesso porque é um jogo popular e está ao alcance de grande parte da população, e também vem mudando a vida de muitos garotos, inclusive a minha. - defendo.

- Certo, não posso contra argumentar em questão a isso. Mas Lol segue sendo melhor.

- Não tem como comparar ambos, até porque são modalidades diferentes. Exemplo de que se pode comparar é Free Fire com Pubg, mobile claro. Isso sim é uma comparação aceitável, pois ambos são jogos do mesmo ramo.

- Ok, faz sentido. Você venceu, satisfeito? - diz contrariada.

- Sim, e como venci essa discussão você tem o dever moral de me dizer seu nome.

Ouço a garota ao meu lado rir.

- Não desiste nunca né?

- Não, agora o nome.

- Kyara. Kyara Rossi. - finalmente.

Kyara. Então esse era seu nome, o nome da garota que mais me tirou a paciência num dia do que alguém já tirou na minha vida toda.

- Lindo, lindo nome, Kyara. Italiano, certo?

- Sim... como sabe? - a encaro rapidamente e vejo sua expressão de curiosidade.

- Intuição talvez, seu nome me soa familiar. - dou de ombros.

Uma música do Twenty One Pilots toca na rádio, impedindo de certa forma o silêncio constrangedor dos minutos restantes do caminho.

- Está entregue. - paro o carro em frente a um prédio enorme e moderno. Aparentemente o Lol rendia bem.

- Ganhei de presente dos meus pais. - corta meu pensamento - Antes que pense que sou rica graças ao Lol.

- Em nenhum momento pensei algo assim. - sorrio de leve.

- Cínico. - diz irônica - Obrigada pela carona, apesar de ainda achar que um Uber teria sido melhor e eu não teria tido que trocar um pneu furado.

- Sinto muito em te decepcionar nesse quesito Kyara. Como pedido de desculpa, te convido a jantar comigo. - deposito um beijo em sua mão.

- Posso pensar sobre isso, caso eu aceite, entro em contato. - abre a porta do carro.

- Espere, - seguro seu braço - como vai entrar em contato se nem ao menos tem meu número?

- Ah Bruno, tenho meus contatos, não se preocupe com isso. Até breve. - então fecha a porta do carro e segue prédio adentro.

Fico ali até ela sumir da minha visão e então ter certeza de que está segura.

Dou partida no carro e sigo para minha casa. Só penso em chegar logo e enfim poder descansar.

A noite havia sido longa, mas só de ter conhecido Kyara, cada minuto tinha valido a pena.

(...)

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