Laços correspondidos

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― Soube que o senhor está namorando, vovô. ― Comento como quem não quer nada e mamãe é a primeira a bufar. É normal que uma vez a cada duas semanas nós nos encontremos em alguma refeição, para mantermos uma boa relação, segundo as palavras da senhora Huang. Não sei porque esta ainda insiste nisso, sendo que na maioria das vezes nós apenas discutimos.

― Uma suburbana que só quer extorquir o seu dinheiro. ― Fala com desdém e eu reviro meus olhos diante de sua frase preconceituosa.

― Acredito que o vovô não se importa com a classe social dela. ― Kun é o primeiro a murmurar, antes que papai interfira e as coisas fiquem piores. Os mesmos apenas nos encaram por breves segundos, voltando suas atenções novamente para os ipads com notícias da empresa em suas mãos.

É possível nos dividir em dois grupos com tendências distintas; Enquanto eu, mamãe e vovô somos completamente explosivos e instintivos, meu irmão mais velho e papai normalmente são quem mediam as coisas entre a gente. Não é uma harmonia muito perfeita, por esse motivo nós estamos sempre brigando, mas pode-se dizer que tentamos.

No mais, resolvo ignorar a discussão paralela que eles iniciam, desejando mais do que tudo uns minutinhos sozinho. Eu realmente amo minha família, eles são tudo para mim, mas tem horas que simplesmente me deixam sufocado, com uma sensação de não pertencimento a esse núcleo tão exíguo.

Movo minha atenção ao jardim em que estamos alocados, o mesmo que havia sido re-decorado por mamãe há umas semanas atrás. Não me canso de apreciá-lo, acho que a escolha de flores neutras e aromas mais suaves os deixam aconchegante aos visitantes. Eu particularmente gosto da maneira como este foi projetado pelo paisagista japonês, Alex Hanazaki, pois nos dá a impressão de inserção no ambiente. A maneira como nos apropriamos desse espaço, em volta dos agapantos e lotus, faz uma correlação com a proposta inicial do botânico, que nada mais é do que complementar uma obra de arte em tamanho real. Não é átoa que mamãe ficou extremamente satisfeita com seu trabalho, é tão magnífico que eu gostaria de levar um pouco para a minha casa.

― Não vamos discutir sobre isso novamente por favor, Karen. ― Vovô dá o seu veredito final, o suficiente para me fazer despertar do pequeno momento de análise do ambiente. Mamãe o encara com sua expressão típica de quem não está convencida, o provando que sim, eles vão voltar a conversar sobre isso.

Ela veste um vestido que combina com a decoração da toalha, com uma lavagem mais seca, que contrapõem o seu corte de cabelo loiro que vai aos ombros. Como sempre deslumbrante, não posso negar. Já meu irmão e meu pai apenas usam seus ternos neutros de sempre, enquanto vovô traja um conjunto esporte-social, que combina perfeitamente com a ocasião. Eu devo ser o mais desinteressante, provando mais uma vez o quão diferente deles consigo ser às vezes. minha calça jeans rasgada é bastante confortável, assim como a blusa branca dez vezes maior que o meu corpo.

― É... Renjun. ― Papai chama a minha atenção e eu percebo que essa é só mais uma de suas tentativas de aliviar o clima. ― Doyoung me contou que você conheceu Lee Jeno. Ele é um rapaz de ouro, espero que tenham ficado amigos.

Tsc, fofoqueiro!

Nem sei porque me surpreendo com Doyoung fazendo algo desse tipo.

― Ah, sim. Não nos falamos muito, afinal eu sou apenas um estagiário. ― Opto por ser sincero, até porque não haveria motivos para eu mentir, e mamãe vibra ao meu lado me fazendo praguejar pelo o que virá a seguir.

Nem comece...

― Ai, que lindo! Jeno é realmente um ótimo menino, vocês poderiam passar mais tempo juntos e, quem sabe, se conhecerem melhor.

Circunstâncias // NorenminOnde histórias criam vida. Descubra agora