Chamada encerrada

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― Huang Renjun.

Sinto meu peito gelar pelo timbre grave que Na deixou escapar.

É impossível não me prender em sua aparência. O jeito como seus fios desengonçados voam vento afora, as vestes, em suma de tonalidades claras e um pouco maiores que seu corpo, e ah! O sorriso delirante que ele expõe enquanto me encara.

— Oh, olá Jaemin. — Aperto meu passo para entrar em meio ao seu campo de visão, evitando suspirar perante sua beleza arrebatadora e exorbitante.

— O que faz no jardim em um dia frio como este? — Sua pergunta pertinente e direta faz com que eu prenda a risada.

O que ele faz aqui?

— Estava bebendo chá. — Estendo o copo ecológico e ele concorda, voltando a encarar o céu.

Como o verdadeiro artista que é, Na da a entender que busca uma inspiração para suas possíveis obras, de maneira muito mais subjetiva e fluída, e isso é tão encantador.

— Ah sim. — Caímos no silêncio novamente, apreciando a sonoridade dos pássaros em frente a escultura principal do jardim.

Este lugar nunca me pareceu tão vivo, acredito que nossa presença o embeleza de alguma forma. — Eu poderia passar a eternidade olhando para eles.

O jeito como Jaemin encara as aves com olhos brilhantes o faz parecer o único elemento importante do momento. Quero guardar sua felicidade para sempre.

— É, eles são como verdadeiros amigos. — Encaro o carinho animal, admirando as espécies opostas que atingem uma harmonia inalcançável pelos seres humanos.

Meu comentário distraído nos levou novamente ao mundo dos pensamentos, me fazendo lembrar das coisas que ainda tenho que fazer assim que por os meus pés em casa.

— Você quer ser meu amigo?

Um sussurro.

Sinto que não consegui escutá-lo direito, virando meu corpo em quase trezentos e sessenta graus, pasmo e impressionado.

— O que?

Jaemin diverte-se diante de minha cara assustada, jogando seus cabelos para trás numa naturalidade absurda, fazendo-o reluzir até que pareça novamente um ser imaculado.

— Perguntei se você quer ser meu amigo. Eu... — Ele acaba se interrompendo com o barulho de salto alto e grunhido irritado, que soa seguido de dois corpos apressados.

— Soobin, por favor!

— Nós tínhamos um trato, Lee Jeno.

Uma jovem mulher cruza o caminho de pedras, caminhando perfeitamente bem para quem equilibra-se em sapatos pontiagudos chanel, apontando para o moreno debochado de maneira acusatória.

Mais uma vez estou metido em enrascada...

Ela não parece disposta a dialogar, assim como Jaemin, que em poucos minutos expõe-se incomodado.

— O que você está fazendo aqui? — A frieza em sua voz quase me faz tremer, agarrando com força minha bolsa de trabalho.

— Não vai dar beijinho na mamãe, filhote? — A mulher exclamou animada, e eu só consigo arregalar os olhos perante o peso de sua frase.

Oh, céus!

Porém ainda mais impressionante é Na recuar alguns passos, até que se encontre sob minhas costas, mostrando-se claramente intimidado.

Circunstâncias // NorenminOnde histórias criam vida. Descubra agora