Toda escola tem sua Melgera. Não importa o nome que se dá a ela ou quantas sósias ela tem, todo colégio tem a sua e se você não sabe quem ela é, é provável que ela seja você.
No entanto, eu sabia que nenhuma dessas garotas populares eram de todo mal. Geralmente suas atitudes ríspidas e problemáticas são explicadas quando nos aprofundamos em suas histórias.
Um pai ausente, uma infância difícil, problemas com autoestima ou outras razões. Não importa o que aquela armadura de "garota intocável" tente esconder, ela existe por um motivo.
Duas semanas e meia depois do início das aulas, Nina e eu já nos sentíamos bem à vontade uma com a outra. Digo isso principalmente em relação a mim, já que pra Nina nossa relação nunca havia parecido um problema.
Apesar de não ter tido a pretensão inicial de fazer amizade com alguém, era reconfortante ter com quem compartilhar a rotina e especialmente quando a pessoa em questão já estava habituada ao dia a dia do colégio.
Em casa, as coisas pareciam iguais. Eu e minha mãe só conversávamos o necessário e eu seguia ignorando as poucas ligações do meu pai.
A escola parecia cada vez mais um lugar seguro.
Particularmente, eu ainda acreditava que meu lugar não era em Brígida, mas se precisasse escolher algumas poucas coisas para me apegar e me manter sã, escolheria aquele lugar.
Tudo estava sendo desafiador e novo, mas eu começava a apreciar o laço que estava firmando com Nina em pouco tempo.
Estávamos sentadas na arquibancada do campo de futebol com alguns outros alunos, gastando nosso tempo de intervalo. Ela falava sobre a lista quilométrica de garotos pelos quais tinha uma queda quando eu finalmente avistei a Melgera.
Não era simplesmente a beleza dela que atraía olhares de todos os cantos. Era a atitude que ela tinha. E foi com essa mesma postura que ela subiu pela arquibancada e tomou seu lugar. Uma garota negra de cabelo lilás a seguia.
Todos ali pararam tudo para vê-la chegar e foi nesse momento que me lembrei do que eu mais odiava na vida estável que por muito tempo não precisei levar: se você pertence a algum lugar, você dá tudo pra que aquele lugar também te pertença.
Não há nenhum aluno no Ensino Médio que seja detentor de poder, mas aqueles que acham que tem, o criaram para esconder sua base insegura. Os caprichos da abelha rainha pareciam mais uma vontade incontrolável de autoafirmação.
— Aquela ali é a Melissa Bemergui.
— A garota de quem você falou? — indaguei.
— A própria.
Melissa era extremamente atraente. Seu cabelo tinha uma ondulação natural que parecia ter saído de um comercial e suas bochechas eram rosadas. Ela parecia não ser fã de maquiagem e ainda assim, não conseguia identificar olheira alguma em seu rosto.
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Garoto Errado [HIATUS]
Fiksi RemajaElisa nunca se importou em acompanhar o pai a cada nova transferência de trabalho. A jovem costumava encarar aquelas mudanças de um jeito otimista e confessava gostar de não se ver presa a um só lugar. Os prós de levar uma vida nômade envolviam: nun...