- Quando você fica nervosa começa a falar feito uma vitrola e me deixa nervoso também. E parece que abraços não estão mais funcionando...
- Você me beijou. – Ela ainda parecia em choque. Bruno suspirou, observando o caminho para onde a conversa ia.
- É, beijei. E tecnicamente você também estava me beijando.
- Não, não estava não. Eu estava chorando, e... – ela gesticulava como se tentasse se lembrar dos acontecimentos. – Você me beijou sem permissão.
- Sim. – admitiu, querendo fazer com que o assunto acabasse logo para o que realmente importava. Mas, antes, decidiu esclarecer: – e depois, você deu passagem a minha língua, e também gemeu...
- Ah, não! Pelo amor de Deus. Para! – o interrompeu. – Olha, isso não pode acontecer novamente. Eu mal te conheço, e estou aqui a menos de um dia.
Bruno a encarava de volta. O desespero dela era tão evidente e ao mesmo tempo tão fofo que ele estava tentado a rir. Rir. Há quanto tempo não ria?
– Calma aí...você está rindo de mim?!
- Serena, relaxa. Foi só um beijo - Ela o encarou por alguns segundos. Os olhos brilhantes um pouco arregalados, a face um pouco corada. Tinha sido mesmo só um beijo? – É... Por que a gente não toma café? - Ele quebrou aquela estranha divagação.
- Eu já tomei café.
- Você tomou café às 5h da manhã?
- 5h30, na verdade. A gravidez está me deixando com insônia, então eu mal dormi...
- Entendi... – na verdade não tinha entendido. Imaginava que gravidez dava sono nas mulheres. – Então vou tomar café...
Ele se virou e caminhou para longe dela.
Porém, antes de se dirigir até a cozinha, voltou diretamente para o próprio quarto. Tomou um banho quente, sentindo a virilha muito melhor.
Que bom que não havia sido uma lesão.
Se Henrique estivesse ali, com certeza diria que fora pura sorte, e que na verdade, ele era imprudente por sentir algo errado e não pedir para sair a fim de ver o que estava acontecendo.
O irmão era um homem prudente.
Mas ele não. Se estava em campo, só haviam três alternativas que o levariam a sair: expulsão, lesão grave e término de jogo. Fora isso, seu único objetivo, como bom artilheiro do time, era fazer gol.
E estava em um ótimo momento. Apesar de tudo o que passara nos últimos anos: a morte do pai, a morte do irmão, a doença da mãe... De alguma forma, toda a tristeza era revertida em mais energia, raiva, vontade de jogar. Desde garoto, o futebol era sua válvula de escape. Era seu lar. Sua vida.
Bruno colocou um calção do Flamengo e saiu do quarto. Era um dia de folga, mas para continuar em forma era preciso treinar até nas horas vagas. Então iria comer e treinar. Ele entrou na cozinha e se deparou com Serena e a gata.
Ela estava sentada em cima da bancada, com um pote de sorvete no colo amparado por um pano de cozinha. A gata junto dela, deitada ronronando.
- achei que não fosse mais tomar café. – ela murmurou enquanto comia.
- E eu achei que você já estivesse de barriga cheia. – o comentário dele a fez juntar as sobrancelhas.
- Eu não consigo resistir a pistache! É o meu sorvete favorito, e você tem vários dele aqui.
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Me Deixe Amar Você - Livro 1 Duologia Amor em Jogo
RomanceBruno Toro é um jogador, não só de futebol, mas da vida. Pra ele, a única coisa que merece importância é o seu trabalho, e o que resta de sua família. E bem...Mulheres. Mas, isso a carreira e a fama lhe davam de bandeja. No auge de sua carreira, tud...