Capítulo 7 - Bruno

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- Quando você fica nervosa começa a falar feito uma vitrola e me deixa nervoso também. E parece que abraços não estão mais funcionando...

- Você me beijou. – Ela ainda parecia em choque. Bruno suspirou, observando o caminho para onde a conversa ia.

- É, beijei. E tecnicamente você também estava me beijando.

- Não, não estava não. Eu estava chorando, e... – ela gesticulava como se tentasse se lembrar dos acontecimentos. – Você me beijou sem permissão.

- Sim. – admitiu, querendo fazer com que o assunto acabasse logo para o que realmente importava. Mas, antes, decidiu esclarecer: – e depois, você deu passagem a minha língua, e também gemeu...

- Ah, não! Pelo amor de Deus. Para! – o interrompeu. – Olha, isso não pode acontecer novamente. Eu mal te conheço, e estou aqui a menos de um dia. 

Bruno a encarava de volta. O desespero dela era tão evidente e ao mesmo tempo tão fofo que ele estava tentado a rir. Rir. Há quanto tempo não ria? 

– Calma aí...você está rindo de mim?!

- Serena, relaxa. Foi só um beijo -  Ela o encarou por alguns segundos. Os olhos brilhantes um pouco arregalados, a face um pouco corada. Tinha sido mesmo só um beijo? – É... Por que a gente não toma café? - Ele quebrou aquela estranha divagação.

- Eu já tomei café.

- Você tomou café às 5h da manhã?

- 5h30, na verdade. A gravidez está me deixando com insônia, então eu mal dormi...

- Entendi... – na verdade não tinha entendido. Imaginava que gravidez dava sono nas mulheres. – Então vou tomar café... 

Ele se virou e caminhou para longe dela.

Porém, antes de se dirigir até a cozinha, voltou diretamente para o próprio quarto. Tomou um banho quente, sentindo a virilha muito melhor. 

Que bom que não havia sido uma lesão. 

Se Henrique estivesse ali, com certeza diria que fora pura sorte, e que na verdade, ele era imprudente por sentir algo errado e não pedir para sair a fim de ver o que estava acontecendo. 

O irmão era um homem prudente. 

Mas ele não. Se estava em campo, só haviam três alternativas que o levariam a sair: expulsão, lesão grave e término de jogo. Fora isso, seu único objetivo, como bom artilheiro do time, era fazer gol.

E estava em um ótimo momento. Apesar de tudo o que passara nos últimos anos: a morte do pai, a morte do irmão, a doença da mãe... De alguma forma, toda a tristeza era revertida em mais energia, raiva, vontade de jogar. Desde garoto, o futebol era sua válvula de escape. Era seu lar. Sua vida.

Bruno colocou um calção do Flamengo e saiu do quarto. Era um dia de folga, mas para continuar em forma era preciso treinar até nas horas vagas. Então iria comer e treinar. Ele entrou na cozinha e se deparou com Serena e a gata.

Ela estava sentada em cima da bancada, com um pote de sorvete no colo amparado por um pano de cozinha. A gata junto dela, deitada ronronando.

- achei que não fosse mais tomar café. – ela murmurou enquanto comia. 

- E eu achei que você já estivesse de barriga cheia. – o comentário dele a fez juntar as sobrancelhas.

- Eu não consigo resistir a pistache! É o meu sorvete favorito, e você tem vários dele aqui.

Me Deixe Amar Você - Livro 1 Duologia Amor em JogoOnde histórias criam vida. Descubra agora