Riwar, de costas encostada na parede, estava cheia de nódoas de sangue pelo corpo e cabisbaixa. Como se estivesse morta, enquanto o clérigo ria de escárnio, Astrid se deixava ser enfurecida. O clérigo girou sua arma quando o estrondo da queda do dragão fez tudo tremer, nesse momento de distração, a meio-orc rapidamente se elvantou com um bramido e erguendo sua espada e deu uma cortada por cima, penetrando a armadura e afundando na carne do ombro. O estalido dos ossos quebrando ecoou pela rua.
Astrid se pôs na frente empurrando Ysmeer, correndo em direção a batalha. Os magos aliados fizeram um ataque surpresa, disparando mísseis mágicos azulados nos pés dos soldados brancos. Com a inspiração, os magos que possuíam armas corpo-a-corpo avançaram junto de Astrid. A garota começou a conjurar uma magia incendiária, mesmo que não fosse funcionar tão eficientemente contra o metal branco.
Astrid sabia que a magia tem uma influência no estado de espírito fortíssimo. Magias dobram a personalidade dos usuários, as de fogo em especial aumentam a agressividade e sadismo e esse efeito mental pode se estender até por dias. Esse efeito de dobrar sua personalidade, trazendo para a luz da consciência esse lado selvagem, estava aumentando.
Fez uma carranca antes de desferiu um golpe certeiro no elmo de um soldado que se virou no último segundo, porém, fez seu elmo cair pela direção e força da espaldada. Então, houve um choque dos dois exércitos. Uma lufada de ar quente , invocada por Ysmeer, dispersou um grupo inteiro ao chão, quebrando parte da formação. Os da retaguarda fugiram aos poucos. Astrid perfurou a garganta que atravessou o lorigão de anéis de um soldado que fugia de costas a ela, ainda vivo, ela gesticulou e usou a magia de empurrão de ar quente. O homem voou e caiu sobre três outros soldados.
A pequena batalha foi dizimando os soldados brancos, pelos magos que lutavam com porretes, maças e adagas. Nove soldados da retaguarda se dispersaram aos prantos, e os que ficaram bravamente foram massacrados um a um pelos magos de batalha. Pintaram as ruas de vermelho. Astrid respirava pesadamente, com um sorriso tenebroso no rosto e pedaços de carne salpicados nela dos pés a cabeça. O efeito de dobra de personalidade do fogo estavam agindo, sentindo-se em êxtase por matar e ver aquela carnificina. Porém, ao ver a meio-orc deitada parecendo mais um defunto, lutou contra o desejo sombrio que a magia trouxe de seu inconsciente e foi ao resgate da amiga.
Toda sua visão estava turva, sentia um calor passear pela face. Abriu os olhos um pouco mais e amaldiçoou a forte luz do fogo. A luminosidade entrava como flechas ardentes ao mesmo tempo que um zunido lhe atordoava, cuspiu sangue. Recuperou seus sentidos um pouco mais e viu Astrid com um olhar com um brilho estranho nos olhos, ainda que as bordas de sua visão estivesse borradas.
Engoliu ar pela boca, tossiu diversas gotas de sangue e notou que Astrid tinha colocado sua cabeça no colo dela. Se ergue, com os ossos estalando e sentindo suas pernas como chumbo. Serrou a mandíbula e pegou no cabo da Rasga-ferro. Se levantou, usando sua enorme espada como muleta. As duas estavam banhadas de sangue, se entreolharam e assumiram a mesma expressão azeda de constrangimento.
- Você poderia ter condenado todos nós! - vociferou Ysmeer, que avançada e apontava para a bárbara.
Riwar não disse nada, esquadrinhou o tapete de mortos e cuspiu uma mistura de saliva escarlate. Limpou a boca com os braços nus e caminhou até o clérigo, que gemia no chão. Pegou seu elmo e arremessou para longe, fitando diretamente o homem barbada moribundo.
- Eu te ofereço uma morte honrosa, meus parabéns, seus deuses de homens estão orgulhosos.
- E que seus deuses orcs vão para o inferno! - disse, se engasgando com seu próprio sangue com a cabeça pendendo pro lado. - A mim, só existe Eósforo!
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Inquisição Dragônica
AventuraO Império Khanduos emitiu um édito que proibiu qualquer tipo de feitiçaria em seus domínios. Mesmo com a opressão contra os feiticeiros pela instituição Inquisição Dragônica criada pelo Império, a própria dinastia imperial e alguns nobres usam de ma...