Capítulo 2 - O presente

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POV do Dean

     Ana e eu nos tornamos grandes amigos, mas, eu teria que ir embora. Não estou preparado para voltar para NY, minha vida está no Brasil! Soube dessa notícia pelos meus pais após o café da manhã, tudo o que senti foi raiva misturado com ódio, iria ficar lá por bastante tempo...

     Fui até meu quarto, me tranquei e me deitei na cama, assim que o fiz, veio um momento de "flashbacks" de todos esses últimos anos. Nunca iria esquecer dos meus amigos, datas especiais, jogos em que participei. Mas tudo isso iria acabar! Do dia para noite, literalmente; vamos embora no dia seguinte.

       Para passar a sensação de raiva, eu fiquei revendo algumas fotos antigas, e acabei encontrando várias fotos minhas junto com Ana, a maioria são da gente na escola, com aquele uniforme preto e azul. Já era quase três horas da tarde, nem comi o almoço, não tinha fome nem ânimo para fazer as coisas. Cansado de ficar só deitado na cama, me sentei. Alguém bateu na porta dizendo:

- Posso entrar? - era a voz da Ana.

- Pode - respondi desanimado.

      Ela entrou e ficou me olhando com aqueles grandes olhos cor de mel. Eu segurava uma foto de nós dois juntos no parque de diversões, deixei-a em cima da cama, me levantei e abracei a Ana dizendo que iria sentir sua falta. Quando terminei de apertá-la, percebi que seus olhos redondos estavam cheios de lágrimas, o que me deixou mais triste ainda. Resolvi fazer uma pergunta idiota:

       - Você está chorando?

       - Não, imagina! - Ana respondeu irônica.

       Mereci aquela reposta. Soltei uma risada, que não durou muito, e comecei a chorar, isso raramente acontece. Abaixei minha cabeça para ela não me ver desse jeito, mas Ana me abraçou e, falou:

        - Vou sentir sua falta, você foi meu melhor amigo, Dean!

        Naquele instante, abracei ela ainda mais forte, acho que a deixei sem ar. Limpei minhas lágrimas e Ana começou a me ajudar a empacotar tudo.

        Vou falar um pouco mais sobre Ana: Com apenas 10 anos, ela já sabia desenhar e pintar perfeitamente, uma verdadeira artista. Já com, 13, virou humilhação com meus desenhos de palito, Ana pintava telas, fazia personagens para suas histórias em quadrinhos, tudo o que se pode imaginar.  Cara, como vou sentir falta dela! Vou aproveitar o resto do dia com ela, que foi arrumar meu quarto (grande momento!). Era quase finalzinho da tarde, resolvi ir até a sacada do apartamento com Ana para vermos o pôr do sol.

       Infelizmente, ela tinha que ir para casa, afinal, a sr. Cristine a chamou. Ana se despediu bagunçando meu cabelo e dando um sorriso. Quando se está com quem gosta, o tempo passa voando. A mãe dela, convidou minha família para irmos jantar com eles.

        Fui tomar um banho bem quente para tirar o suor, me vesti com uma calça jeans e uma blusa social cinza. Quando fui até minha gaveta de meias, não havia nenhuma, tive então que ir até o quarto de Soren para pedir uma emprestada. Assim que ele abriu a porta para me receber, senti logo o vapor; também, meu irmão tomava banho na temperatura de cozinhar uma galinha.

        - Cara vê se respira! Que caldeirão - comentei abanando meu rosto.

       - O quê você quer? - perguntou Soren com expressão de impaciência.

       - Uma meia, seca de preferência.

       - Vêm pegar então -  ele abriu ainda mais a porta.

        - Não obrigado.  Sou muito jovem para morrer desse jeito, cozido.

        - Engraçadinho você em? Vou pegar.

        Ele se virou e foi até seu guarda- roupa. Finalmente Soren entregou a bendita meia e, só aí eu pude sair daquela panela gigante fervente. Fui para meu quarto e terminei de me arrumar, fiquei esperando o povo na varanda do apartamento. A lua já estava no céu, olhei para o relógio e já eram sete e meia, como todos estavam demorando muito para ficarem prontos, eu fui indo na frente para a casa de Ana.

       Bati na porta. Senti um cheiro delicioso no ar, com certeza era de macarrão. Quem atendeu a porta foi Cristine, ela usava um avental preto e nele estava escrito "Boss". Ela deu um sorriso contagiante e me convidou para entrar, Cristine me informou que Ana ainda estava se arrumando.

     Sentei no sofá e fiquei reparando nas fotos que estavam em uma estante de madeira, a maioria delas era de Ana quando criança. Havia telas espalhadas na parede que Ana havia feito, uma mais detalhada do que a outra.

       Ana estava demorando demais, então resolvi esperar ela na porta de seu quarto. Fiquei um bom tempo olhando para o nada, quando de repente ela abriu a porta, levei um susto, nunca a vi tão bonita como naquele momento. Ana estava usando um vestido florido, que caiu muito bem em seu corpo.

       Falei que ela estava linda, imediatamente Ana corou, para aliviar o clima fiz uma piada como de costume. Fomos para a sala de jantar, ajudei a arrumar a mesa, enquanto Ana fazia um suco de maracujá na cozinha. O pai de Ana ainda estava no trabalho e iria chegar um pouco mais tarde.

        A campainha começou a tocar, ela tinha um som bem irritante, como a Sr. Cristine estava ocupada, eu fui atender. Era meu irmão e meus pais. Soren segurava uma caixinha nas mãos, ele me entregou dizendo:

       - Você esqueceu isso lá em baixo.

       - Obrigado!

      Era um presente que eu havia comprado para Ana faz um tempo, pela nossa amizade. Eles foram logo entrando e comprimentaram  a Sr. Cristine. Minha mãe e ela se abraçaram e começaram a chorar, não as culpo, era um momento realmente triste.

       Enquanto elas limpavam as lágrimas umas das outras, chamei Ana para entregar o presente à ela, fomos para seu quarto. Sentei na cadeira do computador e Ana na cama, estava nervoso, não sei ao certo o motivo. Ficamos em silêncio por alguns segundos, mas ela para romper o silêncio falou:

      - Então... Por que você me chamou aqui mesmo?

      - Queria te dar isso - disse, entregando o presente à ela.

       Ela olhou para a caixinha, ficou super feliz por ter ganho aquilo, mesmo sem saber o que tinha dentro. Ana abriu bem devagar e tirou o colar com o símbolo do infinito, ela olhou para mim emocionada e falou com a voz trêmula:

       - Obrigada Dean... é lindo!

       - Por nada.

Te espereiOnde histórias criam vida. Descubra agora