Capítulo 14 - As lágrimas

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POV da Ana

     Meu pai morreu.Como vou reagir a isso agora? Saí correndo sem querer ouvir ninguém, só quero ir embora para minha casa e abraçar minha mãe para nunca mais a soltar. É estranho pensar que quando eu chegar em casa ele não vai estar mais lá para me dar um beijo de boa noite ou contar histórias para dormir, não sou mais uma criança mas, vou sentir falta de tudo isso. Nós só valorizamos as pessoas quando elas se vão. Queria ter falado mais que o amava, aproveitado mais os pequenos momentos que são os mais importantes. Vou sentir tanto sua falta.

     Corria, corria sem ter um destino, alguém me puxou pela mão, era Dean. Me joguei em seus braços chorando, ele não disse nada, só me apertava a cada segundo que se passava, minhas pernas estavam bambas, eu perdi as forças e caí de joelho no chão. Ele fez o mesmo, e ficou acariciando meus cabelos chorando junto comigo, nada que ele me falase iria me fazer sentir melhor, ficamos lá por bastante tempo, sem nenhuma palavra só águas rolando pelo rosto.

    Me levantei e fui andando bem devagarinho para a casa dos tios de Dean, ele foi atrás de mim só para me fazer companhia, senti um vazio no meu coração como nunca havia sentido antes. Queria ter aproveitado mais com meu pai, porque esse tempo não pode mais voltar?

    Cheguei em casa, fui para o quarto de Lara e me deitei na cama e comecei a chorar bem baixinho, abafando as lágrimas no travesseiro. Estava virada para o lado da parede quando senti uma mão me envolvendo, era Lara.

- Estou aqui Ana.

    Ela se deitou junto a mim, o que fez me lembrar das noites de quando eu era criança, dormia com meus pais nas noites de chuva. Não segurei mais o choro, Lara ficava passando a mão nos meus cabelos para ver se eu parava de chorar, mas nada me fazia sentir melhor.

     Adormeci com Lara cantando uma música de ninar, que me alcamou, mas não fez melhorar a dor que sentia.

     Acordei e fui logo sentando na cama, olhei em minha volta e Lara não estava mais lá, então me joguei na cama novamente peguei meu celular e fui ver quanto que custava as passagens para voltar para casa. Só tinha um vôo para daqui dois dias, era o único, então eu comprei. Fiquei um bom tempo olhando para o teto, pensando em tudo, quando ouvi alguém batendo na porta. Não queria falar com ninguém, fingi que estava dormindo, a pessoa abriu a porta e eu fechei meus olhos rapidamente.

     Senti um calor perto de meu corpo, alguém estava debruçado em cima de mim, não me atrevi em abrir os olhos. Só pude sentir alguém chegando perto de mim, era o perfume do Nathaniel, até o último segundo eu não abri em nenhum momento os olhos. Finalmente ele saiu do quarto e só aí, eu pude raciocinar.

     Me levantei definitivamente da cama, e fui até o banheiro para tomar um banho bem quente, coloquei uma roupa própria para ir a praia. Fui arrumar minha cama, e a mala.

     Desanimada, cansada de chorar, acabada, mesmo com tudo isso eu fui para a cozinha comer, para minha surpresa todos estavam lá, os olhos se voltaram para mim, o que me fez sentir pior ainda. Todos vieram até mim me abraçando, e eu segurava as lágrimas, me recusava chorar mais, Dean me deu um abraço bem demorado, Lara me abraçou por trás, e os outros ficavam me olhando com tristeza. A campainha começou a tocar, e a tia de Dean foi atender. Quando ela abriu eu vi que era minhas amigas Laura, Sarah, meu primo Bruno e minha mãe. Me separei de Dean e Lara e fui correndo para abraça-los, nunca mais queria soltá-los. Começamos a chorar todos juntos em coro, eles estavam aqui, comigo, quem precisa de consolo mesmo é minha mãe, que passou esses anos todos com ele.

- Filha! - minha mãe disse emocionada.

        Só os apertei mais ainda, depois minha mãe foi até Lídia, e elas se abraçaram, era um momento triste, mas meu pai não gostaria que nós ficássemos assim, ele falaria que era para aproveitar o que ainda temos. Fui até o quarto para lavar o rosto, me abaixei e enchi minha mão de água.

Te espereiOnde histórias criam vida. Descubra agora