Capítulo 5 - É você mesmo?

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POV do Dean

    Como o tempo passou! Cara! Nem acredito que já estou com 23 anos! Mudei muito, primeiro porque agora estou usando óculos, tô parecendo um nerd ainda bem que o tempo da escola já se passou, e segundo porque  agora sou "personal trainer" em academias, é uma coisa que gosto de fazer.

     A vida em NY não é nada fácil, há tantas pessoas para poucos empregos, lá é um verdadeiro formigueiro, em todos esses anos que morei lá nunca gostei.

     Tomei uma decisão de voltar  a morar na América do Sul, Brasil. E voltar a viver em Taguatinga, DF. Passei minha infância e metade da adolescência morando lá, teria que deixar minha família, para voltar a viver em Brasília. Tenho que fazer o que é melhor para mim, gosto do Brasil, comida, pessoas, tudo menos a política.

     Bom, Ana e eu, somos ainda amigos, ela fala comigo quase todos os dias, mesmo eu estando ofline, mas, não é igual quando éramos jovens. Me mudei em dezembro, para um apartamento perto do meu novo trabalho, passei o natal com meus parentes em NY, só retornei em janeiro.

(...)

     Era um dia normal, havia saído para comprar umas coisas para meu novo AP. Estava entrando na garagem de meu prédio com meu carro preto, quando vi uma mulher idêntica à Ana, acho que estou vendo coisas, não poderia ser ela. Tive a leve impressão por um momento que ela havia olhado para mim, parecia procurar alguém, então chegou um homem e beijou sua mão. Não poderia ser Ana, então entrei na garagem despreocupado e estacionei o carro.

    Moro no apartamento 203, bloco A, o prédio fica em frente a academia em que trabalho. O lugar fica perto de tudo, pizzaria, farmácias, supermercado, é sempre bom ter comida por perto.

    Após uma semana do ocorrido, resolvi falar com Ana pelo Skype, ver como as coisas iam, ela me contou que havia se mudado para um prédio no Centro de Taguatinga, que era perfeito. Em nenhum segundo eu contei que eu havia voltado. Perguntei à Ana o nome do edifício, e o número de seu apartamento; ela sem suspeitar me deu essas informações. Ela mora no mesmo prédio que eu e no mesmo bloco.

     Resolvi fazer uma visita à ela no sábado a tarde. Enquanto estava no banho, fiquei pensando em todos esses anos que passei fora. Mesmo pela distância continuo sendo muito amigo dela. Saí do chuveiro após gastar uns trezentos reais em água, pouquinho. Me vesti e fui para o elevador.

     Estava suando frio, queria ver a reação dela. O elevador para colaborar, parou em todos os andares, 3, 4, 5, 6 eu falava que estava subindo, mas mesmo assim as pessoas entravam, finalmente chegou ao sétimo andar. Consegui chegar no destino tão esperado. O apartamento dela era no final do corredor. Meu nervosismo subiu enquanto caminhava, parei em frente a sua porta, respirei fundo e bati na porta.

- Já vai! Só um minuto! - Ana gritou e eu comecei a contar 60 segundos.

    Não demorou muito para ela abrir, mas, levou mais que um minuto, quando ela o fez, reparei que Ana usava uma jardineira e estava com os cabelos presos com um coque, Ana estava toda suja de tinta, com certeza estava pintando alguma tela.

- Dean? É você mesmo?! - espantou-se Ana, a mesma ficou pálida como se tivesse visto uma barata.

- Sim sou eu.

     Ana pulou em meus braços e me abraçou tão forte que perdi o fôlego, quase caímos para trás, mas eu nos equilibrei.

- Eu tô ficando sem ar - falei com dificuldade.

- Devo estar sonhando, me belisca para ver se eu acordo.

    Dei um beijo em sua bochecha e ela me soltou devagar, ficando vermelha como um tomate maduro.

- Se for um sonho não quero mais acordar - Ana falou e eu dei um sorriso sem graça.

     Ela ficou com uma expressão de tristeza da hora pra outra, eu percebi e fui logo falando:

- O que foi?

- Como senti sua falta! Por que você demorou tanto? Tinha perdido as esperanças.

- Prometi e cumpri. Estou aqui agora, é isso que importa.

- Olha o que eu tenho ainda.

    Ana começou a tirar algo que estava por dentro de sua blusa, era o colar que eu tinha dado à ela na noite da despedida.

- Você ainda tem isso? - questionei segurando o colar que estava pendurado em seu pescoço.

- Claro né? É para sempre - respondeu ela rindo. - Você quer entrar para ver minha casa?

    Concordei com a cabeça, e ela me puxou pelos braços que nem uma criança indo para uma loja de brinquedos.

    O lugar é cheio de cor, com telas espalhadas por todos os cantos, tintas pelo chão, pincéis, era por incrível que pareça, agradável estar ali.

     A sala não tinha muitos móveis, apenas um sofá-cama preto e uma estante com um TV. Já a cozinha, tem uma geladeira, fogão, comida (é claro) e uma mesa de jantar, tudo muito bem arrumado e bem distribuído pelo espaço.

    No quarto de Ana há milhares de fotos penduradas nas paredes dela criança, de sua família e de nós dois juntos. Uma me chamou atenção, era Ana com uns 17 anos em um parque, ela estava linda e, agora ainda mais.

    Depois que Ana me mostrou cada centímetro e compartimento da casa, nós dois sentamos no sofá para ficar conversando, como sentia falta dela contando suas histórias, era como se fôssemos adolescentes de novo. Ficamos lá conversando até a noite, mas eu tinha que ir embora.

- Tenho que ir. Mas você quer ir lá em casa para vermos um bom filme? Como nos velhos e bons tempos?

- Vou tomar um banho primeiro, e depois te encontro, tá bom?

- Okay, Tchau - falei saindo e fechando a porta.

     Chegando em casa eu arrumei um pouco minha sala, estava uma bagunça, depois preparei uma pipoca caramelizada que Ana adora, e troquei de roupa, e a esperei.

    Estava lá eu distraído, pensando em sei lá o quê, quando a campainha começou a tocar e eu fui abrir a porta. Ana usava uma blusa de frio verde e uma calça preta. A deixei entrar e disse para ela se sentar, a noite estava ficando fria, então fui até meu quarto para pegar uma coberta, quando retornei a sala, Ana olhava o criado mudo que havia uma foto minha de quando eu estava na faculdade, ela olhava com um sorriso encantador. Ela percebeu que eu a via.

- Nem acredito que você está aqui.

-Ainda não acordou do seu sonho? Que outro beijo no rosto? - Ana ficou envergonhada e riu para desfaçar.

- Acho que não... Então, que filme vamos ver? - ela perguntou mudando de assunto.

- Você que escolhe.

    Ana pegou o filme na Internet e nos começamos a assistir, em algumas partes do filme ela cochilava em meu ombro, mas Ana acordava e levantava sua cabeça rapidamente, eu disse que ela poderia ficar deitada daquele jeito mas, mesmo assim Ana não queria.

    O filme acabou e ela estava dormindo em meu ombro, não teve jeito, queria a deixar ali sonhando, mas ela tinha que ir, então eu a fiquei balançando devagar falando :

- Ana, Ana, acorda - ela se revirava no sofá como uma criança mimada em que os pais levam para cama.

- Tô indo - a dorminhoca disse se levantando e indo para a porta como uma zumbi.

- Tchau pra você também! - exclamei ironizando.

- Tchau Dean! Até mais - Ana se virou enquanto dizia dando um sorriso e abanando a mão em dispidida.

Te espereiOnde histórias criam vida. Descubra agora