"The joy and the chaos, the demons we're made of
I'd be so lost if you left me alone"
Pov Natasha Romanoff
Estava sentada com as costas apoiadas na cabeceira da cama, o lençol já havia deixado meu corpo expondo minha nudez e eu realmente não me importava, o anel com um pequeno diamante na ponta estava na palma da minha mão, o mesmo era lindo, simples, encaixava perfeitamente em meu dedo como se tivesse sido feito sob medida. Não acredito que disse sim, honestamente acho que o peguei de surpresa também, mesmo após uma semana do pedido ainda não tinha me acostumado com a ideia.
Meu olhar recai no homem deitado ao meu lado, ele havia retirado à barba e seus cabelos estavam mais curtos novamente, o que era uma pena porque realmente gostava da minha mão entre eles durante o sexo. Um sorriso brota no canto de meus lábios lembrando o que fizemos a noite toda, nossas roupas espalhadas por todo o quarto evidenciando a pressa que tínhamos e agora o sol estava começando a dar o ar de sua graça, pequenos feixes de luz escapavam por entre as cortinas, ao ver que o loiro começava a se mexer ponho o anel de volta rapidamente no dedo.
- Se estiver pensando em desistir, por favor, me avise para que eu possa ir chorar escondido de você – Steve resmunga com a voz sonolenta e volta seu rosto em minha direção – O que?
Ele questiona ao perceber que o encarava agora deitada de frente para ele levo minhas mãos até seus cabelos fazendo um carinho ali, depois a desço por todo seu rosto, tocando-lhe somente com as pontas de meus dedos como se quisesse memorizar cada parte daquela face que conhecia tão bem, quando meus dedos param em seus lábios um sorriso surge neles. Meu polegar acariciava sua boca e depois de um tempo fixando o olhar ali deixo que nossos olhos se encontrem.
- Eu não sei o que fiz para merecer você – sussurro e observo o sorriso dele morrer – Parece tão errado que alguém como eu, criada para ser solitária e uma assassina, dependa tanto de alguém como você, criado para ajudar as pessoas.
- Todos merecem uma chance de amar, e esse pensamento é ridículo, você não é mais assim. Eu sei disso tanto quando você – reviro os olhos deixando que os mesmos recaiam sobre o teto do cômodo – E nós dois sabemos que a verdade aqui é que você é boa demais para mim, ou para qualquer outra pessoa que tenha o prazer de ter ao lado alguém como você.
Antes que eu possa rebater Steve começa a distribuir pequenos beijos pelo meu rosto e dessa vez quem está sorrindo sou eu. Era ele o único que conseguia arrancar sorrisos meus nos últimos quatro anos, na verdade Tony também, mas o mesmo não sabia disso já que se recusava a me ver pessoalmente, pelo menos consegui que ele falasse comigo por telefone. Sentia falta da minha família, sentia falta até das brigas e por mais que tentasse marcar uma espécie de reunião entre nós seis nunca acontecia.
Nem ao menos sabia onde Clint estava. Os únicos rastros que provavam que ele estava vivo era o enorme número de corpos que ficavam para trás, Rhodes havia começado a investigar, mas sei que estava odiando isso, principalmente por conta da falta de resultados. Sei que já deveria ter deixado para lá, Carol e Okoye insistiam para que fizesse isso, até o Guaxinim parecia mais racional que eu nesses últimos tempos, entretanto eles não haviam desistido de mim antes, então porque eu faria isso? E mesmo que tivessem feito isso, se eu não lutasse pela minha família, quem lutaria?
Dou um beijo em Steve e levanto em direção ao banheiro, encarando meu reflexo no espelho percebo algumas marcas da noite passada, mas as marcas que eu queria realmente enxergar infelizmente não eram visíveis. Eu não estava bem, eu sabia disso, a psiquiatra sabia disso, até meu... noivo... sabia disso, lá no fundo ele sabia. Abro o armário pegando a escova de dente e o potinho amarelo com alguns comprimidos que mantinha escondido, deveria estar tomando isso, mas era orgulhosa demais para admitir que precise de ajuda, urgentemente.
Escondo os remédios de novo, ele ainda não tinha visto e sendo sincera a ideia de ir ao médico foi totalmente dele, apesar de faltar mais do que realmente comparecer as sessões, elas ajudavam, tinha que admitir. Entretanto, não conseguia me abrir com uma completa estranha, levei anos para aceitar os vingadores como mais do que simples parceiros de trabalho e os via praticamente todos os dias, então sinto muito doutora Ferraro, mas não vai rolar te contar todos os meus medos e meu passado turbulento sendo que te vejo simplesmente uma vez por semana.
Enquanto estou no chuveiro escuto a porta do banheiro abrindo e pouco tempo depois as mãos mágicas de Steve Rogers estão em meus ombros fazendo uma massagem, amava quando ele fazia isso. Sempre me disseram que eu não era ninguém no mundo, que o amor era fraco, mas eles estavam errados porque a única coisa que me mantém de pé é o que eu sinto pelo meu soldado. É como se eu estivesse quase caindo de um penhasco e a mão dele me sustentasse, fico imaginando o que acontecerá no dia em que ela escorregar.
Steve me abraça por trás, sem qualquer malicia, e deixa um beijo em minha bochecha. Era engraçada a forma como a vida tinha de nos pregar essas surpresas, porque se alguns anos atrás alguém me dissesse que eu estaria completamente apaixonada por Steve Grant Rogers provavelmente eu mesma faria o diagnóstico de loucura. Viu só doutora Ferraro? Não preciso de você.
Meu relacionamento com Steve surgiu na época em que estávamos fugindo juntos, em meio ao caos, nós descobrimos um porto seguro nos braços um do outro, e de repente a amizade havia virado algo mais. Clint sempre terá um espaço em minha vida como melhor amigo, mas há muito tempo meu coração sabe que quem ocupa esse lugar é Steve, foi por ele que pus minha cabeça a prêmio quando o ajudei a fugir, foi ele que moveu o mundo para me encontrar quase morta na Rússia depois de eu ter vencido um novo vilão, o custo que paguei foi perder minha primeira família.
Ah é, agora eu tenho mais isso para acrescentar meus pesadelos, fecho os olhos e a imagem de Yelena morta preenche minha mente, com um flash ela some, dando lugar para Alexei e Melina também, as outras meninas que haviam sido reiniciadas na Red Room...
- Você está ficando tensa de novo – as palavras sopradas tão perto de meu ouvido gera arrepios pelo meu corpo – Eu sei o que está pensando, e pare de se torturar Natasha. Não foi sua culpa, você fez o que podia...
Nem espero ele terminar, saio de seus braços, e do box, bato a porta do banheiro com força indicando que não queria ter aquela conversa agora, e nem nunca de preferência. Pego a blusa dele que estava na poltrona do quarto, vestindo-a juntamente com uma calcinha, ignoro os cabelos molhados e desço para a cozinha com o intuito de não ter que encará-lo.
Passo manteiga de amendoim no pão e jogo o prato em cima da mesa com raiva, precisava me acalmar, ele não fazia de propósito, só queria me ajudar, afinal o mesmo estava tão quebrado quanto eu, ninguém tinha ficado bem depois daquela merda. Os heróis mais poderosos do mundo... Uma risada de escárnio escapa de mim, coloco os pés sobre a mesa, sabia que ele odiava essa minha mania, mas nunca me importei. Sinto as lágrimas querendo descer e tento segurá-las o máximo possível, falho nisso também, aquilo já estava ficando comum para alguém treinada com o intuito de ser perfeita, escondo o rosto entre as mãos no momento em que escuto os passos se aproximando.
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Hold On
FanfictionOs vingadores haviam perdido a batalha para o Thanos, agora sem um rumo para seguir, Natasha se ver perdida ao perceber o fim da sua equipe e família, sem saber como reagir ela tenta manter o complexo funcionando, bem como continua fazendo o possíve...