Capítulo 02

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"Loving and fighting

Accusing, denying

I can't imagine a world with you gone"

Pov Steve Rogers

Sinto que a estou perdendo a cada dia, cada mísero dia ela se parece menos com a minha Natasha, mas tenho certeza que ainda está ali, e vou fazer o possível para tê-la de volta. Quando a pedi em casamento durante o nosso jantar uma semana atrás, admito que pensei que talvez fosse ouvir um não, por isso quando o sim saiu de seus doces lábios eu travei por um momento.

"Vai colocar esse anel no meu dedo e me beijar Rogers ou vai ficar parado aí com essa cara de idiota?" foi o que ela me disse com aquele sorriso no canto de sua boca, aquele sorriso que me enlouquecia, fiz exatamente conforme ela me pediu e então ignoramos completamente a existência da sobremesa, a fome que sentíamos naquele momento era totalmente de outra coisa. Aquela definitivamente foi a melhor noite da minha vida, comparando-se apenas, talvez, a primeira vez que ficamos juntos, ontem a noite ela quase parecia à mesma de antes.

Não sou estúpido, sei o quanto fomos todos afetados, e ela era única que ainda tentava manter as coisas funcionando, Natasha sempre teve dificuldade de desapegar do passado... Assim como eu. Eu vi a mesma definhar a cada momento que percebia que super-heróis não eram necessários no momento, quando as notícias sobre o paradeiro de Clint chegavam, quando Tony rejeitava todas as suas ligações, quando sua família morreu, todas essas coisas a estavam destruindo aos poucos. Então a convenci a procurar ajuda profissional, a levei nas primeiras sessões e depois ela pediu para ir sozinha, que se sentia um estorvo a me ver parando minha vida por conta dela... Se ela soubesse... Se ela soubesse que ELA é a minha vida.

Fui até a casa de Tony uma vez, três anos atrás, e brigamos novamente, expliquei a situação que não me importava se ele sentisse raiva de mim, mas que não descontasse na pessoa errada, saí de lá pisando firme e sei que não tinha o direito de exigir nada só que estava me matando vê-la assim. Quando cheguei ao complexo naquela noite, Nat tinha um sorriso mínimo nos lábios enquanto conversava com alguém no telefone, mesmo que ela tenha me contado quem era depois, não seria realmente necessário e mentalmente agradeço ao Tony por ter me dado ouvidos.

O barulho da porta do quarto batendo indicava que a mesma já havia descido, logo podia sair do banheiro sem ter que me preocupar com seu olhar mais paralisante que o da medusa. Visto uma calça jeans e procuro outra blusa por ali, já que pelo visto tinha perdido a minha, odiava a forma como ela se fechava sem me deixar ajuda-la, odiava me sentir um completo inútil ao ver a mulher que amo chegando ao seu limite, e é com esse pensamento que volto rapidamente no banheiro procurando o esconderijo dela.

Conforme me aproximo da cozinha escuto o barulho do prato batendo na mesa, seus pés estão em cima da mesma, pelo menos isso não tinha mudado, e as mãos escondiam o rosto, pela forma como seu corpo pequeno se movimentava sabia que a mesma estava chorando. Suspiro fundo antes de me apoiar na mesa a sua frente e puxá-la para um abraço apertado, mesmo que ela se debatesse e implorasse para que a soltasse não faço isso, e conforme vai se acalmando suas mãos vão envolvendo minha cintura e suas lágrimas molhavam minha camisa.

- Eu sinto muito, sei que não gosta de falar sobre aquilo, eu sinto muito – repito diversas vezes como uma espécie de mantra e vejo sua respiração normalizando aos poucos. Ela sai de meus braços passando a mão pelo rosto, o enxugando e sem nem mesmo olhar para mim vai até o balcão.

- Quer um também? – pergunta enquanto prepara outro sanduíche de pasta de amendoim.

- Claro – sento em uma das cadeiras do balcão observando seus movimentos, ela não me encara em momento algum, se mantém focada como se aquilo fosse a coisa mais importante do mundo – Quando foi a última vez que visitou a doutora Ferraro?

Nat para o que estava fazendo e parece ligeiramente desconcertada. Ponho a mão no bolso da minha calça e sinto o pequeno pote de remédio lacrado, havia encontrado onde ela os mantinha a mais de uma semana, não falei nada porque queria que a iniciativa de contar sobre partisse dela, mas não dava para continuar assim. Não podia mais deixa-la por conta própria. Coloco na frente dela do lado do prato em que ela apoiava o sanduíche, fazendo com que pela primeira vez desde que entrei na cozinha sua atenção estivesse inteiramente em mim.

- Onde achou isso? – pelo seu tom de voz sabia que a raiva estava subindo pelo seu corpo.

- Eu deveria fazer as perguntas não? – ao ver seus olhos revirando sei que a mesma não vai me dar respostas a menos que a pressione, e Natasha Romanoff odeia ser pressionada – Nat?! O que é isso?

- Não te interessa – ela pega o pote e sai do cômodo, lógico que vou atrás sem pensar duas vezes – Pare de mexer nas minhas coisas.

- Nat eu só quero ter certeza que você está bem, só estou tentando ajudar e ver você sentada olhando para o nada todos os dias depois que os outros desligam na reunião está me matando por dentro.

- E como você acha que estou me sentindo? Acha que gosto de te deixar preocupado? Acha que não percebo que você cada vez mais evita me deixar sozinha? Achou que eu não ia descobrir que Tony só voltou a falar comigo porque você deu um empurrãozinho? Eu realmente sinto muito se não estou bem Rogers, se não posso seguir em frente tão rápido como o resto de vocês fizeram – antes que eu ao menos tentasse falar alguma coisa ela continua – Pare de se iludir, você está tão fodido quanto, aquele grupo de apoio ridículo que você criou, é só um exemplo disso.

E mais uma vez ela foge de mim, penso alguns minutos se vou atrás dela ou não, e por mais que esteja com raiva minha vontade de ajuda-la é maior. Subo as escadas o mais rápido que posso, tento entrar no quarto dela, nosso já que ultimamente venho dormindo aqui mais do que em meu apartamento minúsculo no Brooklyn, a porta estava trancada. Bato algumas vezes, sem sucesso...

- Nat, por favor – tento com a testa escorada na madeira fria.

- Vai embora Rogers – a voz embargada seguida de um soluço indica que a mesma está chorando novamente – Serio, vai embora, por favor.

Suspiro derrotado, quando ela colocava uma coisa na cabeça não tinha quem tirasse, sabendo que não conseguiria nada ali, fiz o que ela mandou.

- Eu vou voltar o mais rápido possível okay?

Sem muita opção e sabendo que estou atrasado para minha própria consulta com a doutora Ferraro pego as chaves da moto e saio do complexo, estava com tanta raiva, dela, de mim mesmo, da nossa derrota contra o Thanos e do meu fracasso em tentar ajuda-la. 

 

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Hold OnOnde histórias criam vida. Descubra agora