Capítulo 1

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LUDMILLA

Só agora percebi o significado de solidão, no auge dos meus 15 anos, e só agora vim perceber que fui largada a própria sorte no mundo.

Deixa eu te situar, Sou LUDMILLA e somente isso, nem mesmo tiveram a decência de me registrar, então não existe um sobrenome. Esse nome também é novo, eu quem escolhi. Acontece que sou intersexual e quando cheguei aqui, era criança demais para eles detectarem isso, mas a puberdade os traiu. Com 12 anos os meus seios começaram a dar sinais de vida e uma dor anormal no meu abdômen foi o delírio dos médicos na época, se tratava de um útero que queria me matar, sim, a natureza me permitiu nascer com um útero e com testículos, em contrapartida, o útero por não ser tão útil ao meu corpo, adoeceu, mas os hormônios estavam lá.

Não faço ideia de quantos exames tive que fazer, mas foram inúmeros, muitos dolorosos, outros bem chatos. Até chegar a constatação e o resultado, INTERSEXUALIDADE, todavia fiquei conhecida como a garota com pênis. No início era estranho, eu tinha a certeza que era um garoto, e já estava me adequando as normas da sociedade quanto a isso, agora seria diferente, ou talvez não.

- UMA MENINA? Mas como?

~Perguntei espantada ao médico~

- Isso mesmo, uma menina! Bom, irei te explicar tudo que você é capaz de entender, mas por hora, preciso que vá com a Madre, afinal, você precisa de documentos novos e um lar novo também.

- Um lar novo? Qual o problema com o meu lar atual?

- Só tem meninos lá, e como você já sabe, não é um. Vai para um orfanato Católico, onde só tem meninas.

Ótimo! Como se não bastasse tudo isso, o clichê de sempre, orfanato católico só de meninas, já estou odiando ser menina, e não faz nem meia hora que descobri. Deve ser bem chato, cheio de regras e orações o tempo todo. Aaarg! Quero jogar futebol e não brincar com bonecas, NÃO VOU USAR VESTIDOS. Aaaaaaaarg, merda!

No fim eu tinha mesmo razão, o orfanato católico era bem chato e cheio de regras, mas uma coisa me favoreceu, eu era uma garota com pênis na puberdade, meus hormônios gritavam por sexo, e eu tratei de me aproveitar disso, transei com quase todas as garotas ali, as bonitas é claro, elas eram loucas por mim, talvez por eu ter o único pênis daquele local ou porque eu realmente era boa no que fazia com elas.

Mas uma se destacava, Beatrice, ela era linda, cabelos castanhos na altura do quadril, uma bunda grande com uma cintura que lembrava a de uma boneca, tinha um olhar picante e uma desenvoltura na cama que qualquer pessoa diria que se tratava de uma mulher bastante experiente. Mas fui eu mesma quem tirou sua virgindade.

~flash back on ~

Era umas 18:00 horas, e depois do jantar eu resolvi ir ao pátio, pensar em algumas metas para a minha vida, afinal, só poderia ficar no orfanato até os 18 anos, e me restavam apenas 2 anos e alguns meses. Estava sempre a pensar pelos cantos, nunca gostei de ficar de bate-papo com as garotas, eu gostava de come-las e somente isso.

- Não está com frio?

Me virei ao ouvir uma voz conhecida, era Beatrice, eu era louca para transar com ela. Apesar de ter transado com metade das garotas aqui, eu nunca pedi a nenhuma delas, todas vieram até mim.

- Não muito, e você está?

- Um pouco, porque está aqui fora?

- Estou a pensar na vida, e porque você esta aqui?

- Ee-eu, bom, não sei, ti vi aqui sozinha e pensei em conversar um pouco, tem problema?

- Depende

- Do que?

A colega de quarto.Onde histórias criam vida. Descubra agora