A colega de quarto.

Capítulo 10

Acabei pegando no sono novamente, depois de chorar baixinho para que ela não me escutasse. Acordei no meio da noite nos seus braços, pensei em acorda-la para que voltasse para sua cama, mas achei melhor não atrapalhar seu sono, apenas me virei lentamente ficando de frente para ela, admirando sua face serena e a sua beleza. Porém acredito não ter sido tão cuidadosa, porque ela acordou com um olhar assustado.

- Tudo bem?

- Sim, só perdi o sono.

- Deve ser porque você dormiu o dia todo.

- Provavelmente. Já pode voltar a dormir em sua cama, já não estou mais com tanto medo.

- Tem certeza?

- Não falaria se não a tivesse.

- É, você já deve está boa mesmo, voltou a falar como antes.

Gostaria de compreender porque estou tratando-a assim, a algumas horas atrás tudo que eu mais queria era a sua companhia, agora estou expulsando-na da minha cama. Me encontro em um paradigma, onde a probabilidade do sim e do não são uma constante dentro de mim. Gosto da presença dela, mas estou chateada com sua ação de trazer uma garota desconhecida para o nosso quarto, nunca ouvi falar sobre ela, o que indica que não é uma estranha apenas para mim. Talvez devesse indaga-la sobre, é o que farei.

- Por que você trouxe uma desconhecida para o nosso quarto?

- Aa, então é com isso que está chateada?

- Não estou chateada, só não entendo suas razões.

- A minha razão é que preciso de sexo, princesa. E ela não é uma desconhecida pra mim.

- E qual o porquê de nunca ter me contado sobre sua existência?

- Não tinha motivos para isso.

- Ela é sua namorada?

- O que? Kkk não, somos amigas apenas.

- Não compreendo, até onde eu sei, somente pessoas casadas ou namorados se comportam da maneira a qual encontrei vocês.

- Então você compreende pouca coisa da vida, pequena.

- É lógico que não, apenas me concentro no que de fato é importante.

- Sexo não é importante? Como poderíamos existir sem praticar sexo?

- Então vocês estavam tentando procriar?

- Não, só estávamos tentando sentir prazer. Eu não quero "procriar".

- Não entendo como podem sentir prazer daquela forma.

- Olha, se a sua mãe não conversou isso com vc. Não vai ser eu a acabar com sua inocência.

- A minha mãe já conversou comigo sobre sexo, só estou tentando achar uma lógica.

- Não tem lógica, só sensações. Um dia, você vai encontrar alguém que vai te mostrar esse lado bom da vida.

- Eu não quero, não acho que preciso dessas coisas, não pretendo procriar.

Ela se aproximou, ficando tão próxima a mim que pude sentir sua respiração indo de encontro a minha face, o que me fez ficar ofegante e sem nenhuma reação sensata. Se inclinou sutilmente e falou ao meu ouvido.

- Se você não tivesse apenas 15 anos, eu te mostraria agora uma das melhores sensações da vida, mas prometi pra mim mesma que apenas iria te proteger.

Senti todo o meu corpo focar em um arrepio, e em uma sensação estranha no meu estômago, mas que não era desagradável. Ela deixou um beijo no meu pescoço e o contato dos seus lábios em mim fez com que aquele calor anormal voltasse com toda a força possível. Não consegui dizer se quer uma palavra, me concentrei em respirar corretamente e conter o meu corpo em pé, pois até mesmo minhas pernas sofreram as consequências desse impacto.

- Já que você não está mais com tanto medo, amanhã vou dá uma saidinha.

- Vai se encontrar com a Verônica?

- Talvez. Você é muito curiosa.

- Não quero que se encontre com ela.

- O que? Kkk me dá um bom motivo?

- Eu não tenho um bom motivo, eu só não quero.

- O mundo não gira em torno de você, princesa. Só porque eu estou cuidando de ti
não significa que pode mandar em mim.

- Eu sei que o mundo não gira em torno de mim, isso nem ao menos é possível. E não estou mandando em você, só estou dizendo que não quero.

- Está com ciúme?

- Não estou com ciúme, só não gostei dela.

- Me parece ciúmes kkk. Olha não precisa se preocupar, é só sexo sem compromisso e nada mais.

- Eu deixo você fazer comigo, só não vai, por favor.

- Ficou doida, Brunna. Eu não vou transar com você, ou pelo menos não até você completar 18.

- Qual o problema? Não sou atraente sexualmente?

- O quê? Claro que é, mas não é isso. Olha eu não vou falar sobre isso com você, quer saber, vou dormir e já que você não quer que eu durma com você, tenha uma boa noite.

Fiquei parada no meio do quarto, com uma vontade enorme de chorar. Meus hormônios devem está desregulado, estou muito sensível e não estou no período menstrual. Eu só não quero que ela saia com a Verônica, não tenho um bom motivo, eu só não quero. Voltei a deitar-me em minha cama, mas o sono não me atingiu e quando estava próximo de amanhecer, resolvi me deitar com ela, no pouco espaço que havia sobrado em seu colchão. Ela não acordou, estava com o mesmo semblante sereno de sempre, me inclinei até ficar bem próximo do seu rosto e sussurrei com uma voz angustiante.

- Eu nao quero que você desperdice suas horas com ela, quero que fique aqui comigo.