VIII

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Eu tinha estabelecido uma meta: tenho até o final de Abril para me ajeitar perante a clínica e então eu começaria a voltar a me socializar, paquerar, flertar e essas coisas que não fiz durante cinco anos.
Eu consigo.

Convidei Emília para irmos a barzinho. Música ao vivo, bebida moderada e muita dança e diversão. Era sábado e já tinha passado última semana de Abril, que foquei completamente no trabalho enquanto respondia escassamente ao Boris. Eu não consigo simplesmente fingir que está tudo bem em relação a ele, pretendo ficar bem, mas eu precisava de tempo.
Nesse barzinho, eu conheci o Hugo, um sujeito muito bacana e tínhamos diversas coisas em comum. Saíamos diversas vezes e ele era uma ótima distração para mim então o mantive perto quando precisava de uma companhia seja qual fosse a situação. Nossa química era boa na cama assim como na conversa. Ele dizia que iríamos casar porque, como ele falou; sou a figurinha brilhante dos álbuns. Porém o no meu álbum Hugo foi mais uma figurinha, por assim dizer. Em um dia, ele disse que ia voltar pra sua cidade natal, Goiânia, sem me dar uma explicação além deste anúncio. Estávamos ficando pelo menos há quase três semanas, eu merecia apenas uma conversa decente de adulto, não?
Completamente indignada com falta de consideração, minha cabeça chegou a uma teoria: tenho dedo podre porque dizer ao contrário não é possível.
Foram três semanas conhecendo o Hugo enquanto o Boris não fazia questão de esconder o seu ciúme em relação a isso. Eu não aguentava esse sentimento que ele demonstrava tão claramente sendo que não deveria ser por mim!

"Onde você está? Se não estiver bem, me avisa que vou te buscar."

"Avisa quando chegar em casa."

"Qualquer coisa estou aqui."

E mais inúmeras outras mensagens que lotava minhas mensagens.

Toda a noite eu pedia ajuda pra Deus, pro Espírito Santo, para qualquer ser divino que se sensibilizasse por confusão toda, que me ajudasse chegar ao fim dessa história porque não queria ser a outra, a que leva o homem a traição então nem cogitava ficar com o Boris enquanto estava com ela.
Longe de mim, a traída se torna a que causa a traição.

Vamos deixar claro.
Eu amo o Boris, quero que ele seja feliz, ele merece isso e eu entendo o porquê dele não querer terminar o namoro e nem quero forçar a nada. A única coisa que deixa minha cabeça maquinando toda essa situação é a contradição que existe. É visível demais e não sou só eu que acho isso. Porém é uma decisão somente dele, não posso interferir por isso estou focando em mim e na minha carreira, e às vezes beijos algumas bocas erradas para passar tempo.

Quer manter o namoro porque ele diz gostar da namorada e admitir que eu mexo demais com ele. Sem contar a pequena declaração dele no final do ano passado. Minha inquietação sussurra enquanto minha cabeça entra em parafusos.

Alguém que te transborde (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora