Capítulo 8

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Shivani Paliwal

Quando voltamos à sala e eu senti todos aqueles olhares em cima de nós,acabei entendendo que aquele desafio "inocente" não tinha sido feito tão na inocência assim e acabei me sentindo um pouco idiota por ter sido tão ingênua.

Fui para a cozinha buscar um copo d'água e Noah veio atrás de mim.

—Ei,Shiv,o que houve? — tinha preocupação no seu tom.

—Nada demais — respondi. — Só entendi agora que aquela "volta no quintal" foi sugerida com uma maldade que eu não enxerguei.— encolhi os ombros. — Sério,tipo,eu pareço fácil assim?—Noah riu na minha cara e eu dei um empurrão leve.—É sério,Noah.

—Claro que não,Shiv! — ele falou depois de gargalhar. — Não vou falar que eu gostei da ideia,mas você não tem cara de alguém que fica com qualquer um na primeira oportunidade.E vamos concordar que estamos falando de Bailey Thomas Cabello May,ele não é mais assim.Não sai por aí ficando com garotas do nada e...

"Não é mais assim"
Então quer dizer que ele era?

—Bom,eu acredito que não seja mais — Noah corrigiu,já não parecia tão seguro.De repente,sua cabeça parecia estar a quilômetros de distância daquela cozinha. — Depois do último verão,nos distanciamos por causa de das palhaçadas que ele estava fazendo,mas no Halloween as coisas voltaram a ser como eram.Nos estranhamos em algumas horas,então às vezes é difícil confiar,mas ele nunca deixou de ser meu melh...

Não estava entendendo coisa alguma do que ele estava dizendo.Ele contava a história como se eu pudesse me lembrar daquilo,como se eu estivesse presente quando tudo aconteceu,mas eu sequer sabia do que ele estava falando.

—Espera,que história é essa?— senti uma ruga se formar em minha testa. — Como assim?

—Nada — se virou para mim assim que voltou da sua viagem no tempo. — Enfim,o que eu quero dizer é que foi só...brincadeira de fundamental,entende?A não ser que ele tenha feito alguma coisa,aí sim eu vou ter que quebrar a...

—Não! — adiantei. — Meu Deus,não!É claro que ele não fez nada!

—Então esquenta a cabeça — continuou. — Todo mundo sabe que não rolou nada.

—E nem vai — assegurei e fiz uma careta.

Estar com alguém naquele momento era totalmente fora de cogitação,qualquer um que fosse.Tinha pouco mais de dois meses desde que Raj havia terminado comigo e ainda sim,depois de tudo,beijar alguém ainda parecia algo muito errado.Principalmente num joguinho americano,o que pelo amor de Deus,não parecia nada certo.

Bailey também não parecia ter segundas intenções,o que era ótimo.Talvez só tivesse sido empurrado para a brincadeira e não tenha entendido nada,assim como eu.Apesar daquela troca de olhares e aproximação esquisita dos nossos rostos na festa no dia anterior tudo me mostrava que seríamos apenas amigos.Era o que eu queria e provavelmente que ele também.

Não estava à procura de romance.Não tão cedo,não depois de ter me entregado a alguém e ter quebrado tanto a cara.Não era justo.

—Agora se me der licença,Lil Shiv,estou muito ocupado tentando chamar a atenção de uma loirinha.—ele disse sorrindo.Eu sabia que ele estava falando de Sina,quem mais poderia ser?

Depois daquela festa na sexta,meu sábado inteiro foi ocupado com Noah Urrea falando sobre como Sina Maria Deinert era "perfeissacional"

Sim,ele inventou uma palavra para expressar o quanto ela era incrível.

Era engraçado como tudo parecia e era tão intenso naquele intercâmbio.Na vida,geralmente,tudo acontece tão devagar,pelo o menos na minha.
Sempre gostei de planejar e digerir as coisas no tempo certo.Talvez por isso aquele término repentino tenha me destruído tanto.Porque eu não tinha planejado.

Sabia lidar com frustrações,mas era muito melhor quando eu as previa.Coisas repentinas me assustavam,sempre assustaram.Mas como dizem os clichês,a vida é assim:uma caixa de surpresas.

Talvez eu devesse dar um jeito de me habituar às coisas e como elas funcionavam,sendo elas cautelosamente planejadas,ou jogadas em cima da gente como um balde de água fria.

—Esse jogo foi bobinho — ele disse. — Me senti no próprio oitavo ano,mas é porque ainda não nos conhecemos direito,entende?Daqui a um tempo você verá o que é o verdade ou desafio do ensino médio americano.—espalmou suas mãos no ar.

—Isso não soa nada amigável...— fiz uma careta.

—É porque não é. — Deu sorriso malicioso,me fezendo soltar uma risada.

Depois de um tempo,voltamos para a sala, comemos e continuamos a nos divertir.O resto da noite foi ótima e eu mal podia esperar para chegar o dia seguinte.

—//—

Eu queria ir para casa.

Não sabia o que estava me assustando mais:a velocidade como meu coração batia e o fato da minha respiração mal conseguir acompanhá-lo,ou como aquele corredor parecia muito mais amedrontador cheio de adolescentes andando.

Tudo estava ótimo até a entrada,eu estava feliz e ansiosa,mas assim que pisamos dentro da escola,um medo invadiu meu peito e eu comecei a tremer.

Não fazia sentido.

Seria muito pior se eu estivesse ali sozinha,mas não era o caso,definitivamente não.Eu tinha amigos,pessoas que queriam me conhecer,então por que eu estava com tanto medo?

—Por que está parada aí?—Noah perguntou e eu percebi que estava como uma estátua no meio do corredor.—Tem um "boas-vindas" anual do diretor no auditório,é por ali.— apontou para a direita. — Me sigam.— ele foi na frente na intenção de mostrar o caminho,mas eu continuei estática.

—Vamos,Shiv. — a voz de Bailey fez com que eu me movesse alguns centímetros e eu,involuntariamente,segurei seu braço.Talvez minhas mãos estivessem geladas demais,ou seu braço quente demais,eu não sabia. — Não precisa ter medo — falou. — Temos alguns babacas,algumas garotas malvadas e professores insuportáveis,mas vai por mim,não são tão assustadores assim.

—Eles existem em todos os lugares,pode ter certeza — falei,deixando meus lábios se curvarem eu um sorriso fraco e vi outro se formar em seu rosto.

—Viu?Não tem motivo para estar com medo. — sua voz transmitia tanta tranquilidade que se eu já não sabia a razão exata de estar tão assustada,eu provavelmente não saberia mesmo.—Estaremos todos na mesma sala, tempo integral.

"Tudo que é novo parece pouco confiável."

E era verdade.Aquele mundo era totalmente diferente do meu e aquilo me deixava petrificada,mas eu tinha topado entrar naquela aventura e eu iria,até o fim.

—Tudo bem — disse,confiante.Agora com a cabeça erguida,mas com as mãos ainda apertando o braço de Bailey May. — Você se importa se eu...

—Continuar apertando? — ele perguntou rindo e negou com a cabeça em seguida. — Pode apertar pelo tempo que quiser.Você não está sozinha,Shiv.

E assim que minha visão foi preenchida com centenas de adolescentes sentados naquele espaço,uma voz dentro de mim disse:É oficial.

E estando ali,ainda apertando o braço do pobre Bailey — minha vítima mais próxima —,não me sentia mais tão assustada.

Porque eu não estava sozinha.

—//—

Oii,lindezas!
se gostarem,dêem estrelinhas
e aí?estão gostando da história?

beijos e até a próxima!

Before you go - Shivley Fanfic//𝐛𝐞𝐟𝐨𝐫𝐞 𝐲𝐨𝐮 𝐠𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora