Capítulo Um

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CAL

ACHO QUE A MAIORIA DAS PESSOAS ODEIAM SEUS CHEFES. E eu não sou diferente. Eu odeio, de verdade, minha chefe.

Ela é cruel, sem coração e malvada.

O demônio na terra.

Seu nome é Mare Barrow e ela tornou minha vida um inferno.

Barrow é a editora chefe da Montford Books, e sou seu assistente. Ou seu animal de estimação.

Eu tenho uma rotina. Todas manhãs, busco seu café e o deixo na mesa. Um café muito específico e caro. Óbvio que ela é extravagante até nisso. Então depois do café, passo o dia atendendo telefonemas e lendo e-mails ou correndo atrás dela pelo escritório. Atendendo a todos seus pedidos.

E ela sabe exigir coisas como ninguém.

Todos no escritório a temem.

Ela tem muitos nomes.

Na sua frente, é senhorita Barrow. Olhos baixos, voz suave e concordamos com qualquer coisa que ela propor.

Nas suas costas e entre o pessoal, Mulher Dragão. Falamos mal até perdermos a noção da hora. Reclamando de absolutamente tudo que ela fez ou disse.

Meu dia já começa mal. Passei a noite trabalhando no celular e o deixei descarregar e como resultado meu alarme não tocou.

Eu pulo da cama, desesperado. Corro para a cozinha porque lá tem um relógio.

07h31min.

Estou. Ferrado.

Ela vai me matar.

Corro de volta ao quarto, escorrego no tapete e quase caio.

Tomo o banho mais rápido do mundo, e coloco minhas roupas mais rápido ainda. Felizmente, sempre deixo minhas roupas passadas e separadas. Mare não suporta roupas amassadas.

Uma vez, usei uma camisa com uma pequena manchinha. Ela não precisou falar nada, só olhou para a mancha e então olhou para mim. O rosto impassível.

Eu saí e comprei uma camisa nova na hora.

E depois disso, passei a prestar muitíssima atenção em tudo o que visto agora.

Não quero receber aquele olhar outra vez.

Xingo durante todo o caminho. Felizmente, minha moto cumpre o trabalho de chegar rápido a qualquer lugar. Tenho que comprar o café antes. O maldito café.

Fica pertinho do prédio, a única coisa que tenho que fazer é atravessar dois quarteirões andando. Então, estaciono minha moto na empresa e corro para a cafeteria.

Fiz um acordo com o carinha da cafeteria. Eu sempre dou uma gorjeta se meu café estiver pronto todos os dias na hora exata.

E quando chego lá, meus cafés estão prontos.

Sim, eu compro dois. Caso perca um, eu tenho outro reserva. Sim, eu tenho medo dela.

Deixo a gorjeta e agradeço.

Ouço os clientes que estão na fila reclamando da minha exclusividade.

Ignoro todos e saio correndo outra vez.

Com cuidado para não derrubar.

Chego no décimo quinto andar, recebo os bom dia de meus colegas e respondo com pouquíssimo fôlego.

— Ela chegou? — Eu pergunto, desesperado.

— Está tudo bem. Não chegou ainda — a recepcionista em informa.

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