Capítulo Seis

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MARE

MERDA. MERDA. MERDA. Eu fico repetindo sem parar.

Muitos sentimentos. Muito envolvimento.

Eu perdi totalmente o controle naquele momento. Eu não deveria ter o deixado ir tão longe. Ou melhor, a mim mesma.

Estou deixando Cal ficar perto demais e não sei se deveria deixar isso acontecer.

Eu saio caminhando sem rumo algum, adentro a floresta próxima a casa e ando. E ando. Tentando me afastar da carga de sentimentos e confusão que a casa me traz.

— É apenas um acordo, Mare — recito para mim mesma. — Nada além disso.

Não apenas o fato de que deveríamos separar as coisas, não sei se Cal está sendo sincero.

Os últimos dias foram cheios de emoções e eu o conheci melhor. Não o vendo como meu assistente, eu o vi de verdade.

Mimado pela mãe? Sim, mas ainda adorável. E ele gentil e carinhoso. Não sei se me trata tão bem por aparências ou se é porque quer mesmo. Porque gosta de mim.

Começamos isso tudo com mentiras, como posso acreditar que algo agora seja verdade?

Quando foi que ele se tornou importante para mim?

Ao vê-lo tão preocupado com o que sua família irá dizer?

Família. Eu não falei com a minha.

Eu havia prometido a ele que falaria com eles.

Felizmente peguei meu celular antes de fugir dele.

Meu deus, que chacota. Eu fugi dele. Como uma covarde.

Não posso imaginar como Cal deve me achar patética. Não mais do que eu já me vejo ridícula, acredito.

Porque sentimentos é muito para mim. Eu não consigo lidar com o 'gostar de alguém'. E ter algo reciproco. Há muito tempo que não me relaciono romanticamente com alguém e isto me assusta.

Para me distrair de um problema, resolvo lidar com outro. É lindo a forma como tudo está acumulado e tenho várias coisas para fazer.

Ligo meu celular.

E o coitado simplesmente entra em colapso. Há tantas mensagens e ligações que sua tela apaga.

Ele mal iniciou seu sistema e começa a tocar. Minha mãe.

Tremendo, eu atendo.

— Oi, mamãe — eu digo docemente, mas minha voz demonstra meu medo.

— O que isso significa, Mare Molly Barrow? — Ela grita e então escuto vozes no fundo. Gritos e confusão.

— O que foi? — Sou sonsa, porque é assim que ajo quando estou contra a parede.

— Casar? Casar? — Ela continua berrando e eu afasto o celular.

Há muitas vozes juntas e mesmo com o volume baixo, parece que está no alto falante de tanta gritaria.

Todo mundo quer falar.

— Oi, Mare. É a Gisa — a voz dela me acalma e o silêncio no fundo é gratificante. Imagino que ela tenha roubado o celular.

— Oi, Gi — minha voz está sumindo.

Quero chorar. E tenho tantos motivos para isso.

— Você deixou todo mundo bem maluco, saiba disso.

Me sento sobre um tronco de árvore cortado e solto um longo suspiro.

— Eu sei. Estão bravos? — Pergunto o óbvio.

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