Capítulo Cinco

559 50 75
                                        

CAL

CONSIGO CONVENCER MARE A VOLTAR A CIDADE DEPOIS DO ALMOÇO. Ela reclama durante a viagem toda, o que eu já esperava.

Acho que está mau humorada pelo evento da tarde.

Nudismo e tal.

Eu nunca vou esquecer o espanto dela. Ri muito quando entrei no banheiro. Não faria isso na frente dela porque tenho certeza de que ela tacaria a primeira coisa que visse na minha cabeça.

E seria indelicado. Foi mutualmente embaraçoso, porém ela está levando tudo bem mais a sério do que eu.

— O que vamos fazer? — Ela pergunta enquanto a ajudo a sair do barco.

— Achei que deveríamos começar a treinar as perguntas.

Ela compreende.

Estamos longe de casa, ninguém poderá nos ouvir. Ninguém que importe, ao menos.

Escolho uma cafeteria que gosto. Pegamos a mesa mais distante e reservada, nos sentamos de frente um para o outro.

Mare pede por seu café chique, porém aqui não é a Starbucks e não existe no cardápio, então ela opta por café puro. Eu peço o mesmo e uns cookies. Ela disse que não queria comer nada, porém a conheço. Sei que vai rouba-los de mim.

Coloco a pasta sobre a mesa.

— Pronta para aprender tudo sobre mim? — Uso de falsa entonação animada.

Ela só me encara.

— Yay! Eu também! — Forço empolgação, só para irrita-la. — Vamos começar com meu nome. Você sabe meu nome?

— Seu nome é feio, é tudo o que sei — ela comenta, sorrindo.

— O seu não é nada legal, também — retruco.

— Melhor que Tiberias. Me diga, seus pais estavam sem ideias? Por isso ficam colocando o mesmo nome? É mais barato só copiar e colar?

Agora sou eu quem a encaro.

Ela dá um sorrisinho. Sabendo que venceu essa.

— É tradição de família, engraçadinha. E eu não gosto também. Cal é bem melhor.

— Depende do ponto de vista.

Antes que eu responda, o atendente entrega nossas xicaras de café e meus cookies, de variados sabores.

Mare toma seu café de olho nos meus doces.

— Quer um? — Pego um deles e ofereço.

Ela assente, timidamente.

— Que pena — então como o que oferecia.

— Você tem cinco anos de idade? — Ela toma um deles sem permissão.

— Você é muito séria, Mare. Precisa relaxar.

— Acho que você está me dando esse conselho na pior semana da minha vida.

Eu suspiro. — Sei disso, só não precisa ficar na defensiva ou pirar por qualquer coisa. É só eu. Calzinho.

Mare dá uma risadinha.

— Desculpe.

— O que você disse? Você disse "desculpe"? Para mim? Isso é extraordinário!

Ela me dá um chute na perna, me fazendo saltar.

— Podemos começar? — Mare tem o suficiente e abre a pasta.

PASSAMOS ALGUMAS HORAS com o questionário. Trocamos informações e depois, como um jogo, fazemos perguntas para ter certeza de que o outro sabe.

A PropostaOnde histórias criam vida. Descubra agora