CAL
CONSIGO CONVENCER MARE A VOLTAR A CIDADE DEPOIS DO ALMOÇO. Ela reclama durante a viagem toda, o que eu já esperava.
Acho que está mau humorada pelo evento da tarde.
Nudismo e tal.
Eu nunca vou esquecer o espanto dela. Ri muito quando entrei no banheiro. Não faria isso na frente dela porque tenho certeza de que ela tacaria a primeira coisa que visse na minha cabeça.
E seria indelicado. Foi mutualmente embaraçoso, porém ela está levando tudo bem mais a sério do que eu.
— O que vamos fazer? — Ela pergunta enquanto a ajudo a sair do barco.
— Achei que deveríamos começar a treinar as perguntas.
Ela compreende.
Estamos longe de casa, ninguém poderá nos ouvir. Ninguém que importe, ao menos.
Escolho uma cafeteria que gosto. Pegamos a mesa mais distante e reservada, nos sentamos de frente um para o outro.
Mare pede por seu café chique, porém aqui não é a Starbucks e não existe no cardápio, então ela opta por café puro. Eu peço o mesmo e uns cookies. Ela disse que não queria comer nada, porém a conheço. Sei que vai rouba-los de mim.
Coloco a pasta sobre a mesa.
— Pronta para aprender tudo sobre mim? — Uso de falsa entonação animada.
Ela só me encara.
— Yay! Eu também! — Forço empolgação, só para irrita-la. — Vamos começar com meu nome. Você sabe meu nome?
— Seu nome é feio, é tudo o que sei — ela comenta, sorrindo.
— O seu não é nada legal, também — retruco.
— Melhor que Tiberias. Me diga, seus pais estavam sem ideias? Por isso ficam colocando o mesmo nome? É mais barato só copiar e colar?
Agora sou eu quem a encaro.
Ela dá um sorrisinho. Sabendo que venceu essa.
— É tradição de família, engraçadinha. E eu não gosto também. Cal é bem melhor.
— Depende do ponto de vista.
Antes que eu responda, o atendente entrega nossas xicaras de café e meus cookies, de variados sabores.
Mare toma seu café de olho nos meus doces.
— Quer um? — Pego um deles e ofereço.
Ela assente, timidamente.
— Que pena — então como o que oferecia.
— Você tem cinco anos de idade? — Ela toma um deles sem permissão.
— Você é muito séria, Mare. Precisa relaxar.
— Acho que você está me dando esse conselho na pior semana da minha vida.
Eu suspiro. — Sei disso, só não precisa ficar na defensiva ou pirar por qualquer coisa. É só eu. Calzinho.
Mare dá uma risadinha.
— Desculpe.
— O que você disse? Você disse "desculpe"? Para mim? Isso é extraordinário!
Ela me dá um chute na perna, me fazendo saltar.
— Podemos começar? — Mare tem o suficiente e abre a pasta.
PASSAMOS ALGUMAS HORAS com o questionário. Trocamos informações e depois, como um jogo, fazemos perguntas para ter certeza de que o outro sabe.

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A Proposta
RomanceMare Barrow é a editora chefe de Montford Books, mas sua carreira e estabilidade correm risco quando seu visto no país é negado e ela será deportada. Para evitar perder tudo, ela propõe a seu assistente, Cal, que se case com ela. Casamento esse que...