Tempi
Eu estava me sentindo bem. Meu corpo não pesava mais, não havia dor, sangue, eu sentia nada. Era estranho, eu não sabia se já tinha morrido ou se estava passando por algum ritual, eu não sabia absolutamente nada naquele momento.
Olhei ao meu redor e estava em um tipo de recepção, várias e várias pessoas estavam lá, com seus rostos cansados, olheiras fundas e não falavam, eram praticamente mudas. Quando procuro algum responsável no local, vejo, meio de longe, um senhor alto e, pelas as suas vestes coladas no seu corpo, magro, muito magro, acho que nem tinha carne, apenas osso. Vou chegando perto dele até ele me ver, ele se levanta, mas nem sabia que estava sentado, ficando maior ainda indo com seu rosto bem perto do meu.
- Eu te conheço? - Perguntou, com a voz firme e grossa.
- N-não- Gaguejo - Provavelmente não.
- Seu rosto é familiar para mim - Diz, examinando meu rosto.
- Nunca te vi, senhor... - Olho pela sua veste a procura de algum nome.
- Me chame de Caronte - Diz, voltando para o seu lugar, sentado - Me diga seu nome, para ver quanto tempo ficará na fila de espera - Ele pega um pergaminho e uma caneta bico de pena, olhando atenciosamente o papel.
- Fila de espera? - Pergunto, agora me dando conta de quantas pessoas tinham naquele local - Nossa.
- Acho que não precisarei explicar - Ele volta a me olhar - Seu nome - Ele olha novamente o papel.
- Tempi - Ele olha para mim - Tempi Peters.
- Tempi Peters? - Ele larga os pergaminhos no chão - Eu não estava enganado pelo jeito - Ele se levanta novamente - Seu antigo corpo veio aqui há uns 14 anos atrás, quase 15. Sabia que seu rosto era familiar para mim.
- Meu antigo corpo? - Pergunto - Mas, pelo o que sei, o corpo não pode passar por aqui sem a sua alma.
- Sim, e está correta, semi-deusa - Diz, dando meio a volta a pequena mesa e para ao meu lado - Mas aí eu te pergunto: Você acha, que quando trocou de corpo, a antiga alma foi toda para você?
- Deveria, não? - Ele pega meu braço, entrelaçando com o seu, o que foi estranho.
- Você não seria uma semi-deusa, T - O encaro assim que ouço meu apelido. Começamos a andar - Você se tornou semi-deusa porque separaram sua alma em duas partes. Uma continuou com o seu antigo corpo, e a outra foi para você.
- Se minha alma toda viesse para esse corpo, o que iria acontecer? - Pergunto, ao passarmos por um arco sombrio.
- A gente se veria bem mais cedo - Diz, Caronte - Vem, vamos. Ainda vamos ter uma longa viagem.
- Para onde estamos indo, Caronte? - Pergunto, quando chegamos perto de um lago.
- Vamos atravessar cinco rios, imagino que já conheça um deles - Diz, me ajudando a entrar no seu barco.
- O único rio que conheço aqui embaixo, é o Estige - Digo, e ele assente.
- Vamos passar por esse e mais quatro. Aqueronte, Cócito, Lete e Flegetonte, já ouviu esses nomes antes? - Eu nego - Como teremos um longo caminho - Começamos a nadar - Eu vou explicar como cada um funciona, pode ser? - Eu assinto curiosa - Bom, começamos pelo rio Estige. Sabia que Estige na verdade foi um Ninfa? - Não pude evitar um sorriso - Filha de Tétis e do grande Oceano. Tudo começou antes da guerra dos Titãs, Zeus buscava novos aliados para a guerra dos Titãs, foi quando Estige apareceu, apresentando seus filhos para lutar junto a Zeus. Como ela foi a primeira a jurar lealdade à Zeus, ela foi convertida em um rio sagrado e recompensada com a divindade dos juramentos. Dessa forma, quem violasse um voto feito a ela, teria as mais puras penas, ou seja, passaria pelo pior.

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A Filha Escondida Do Olimpo II - Um Novo Olimpo
ActionPrimeiro livro: A Filha Escondida Do Olimpo. Tempi irá passar pelo inimaginável, como se já bastasse a sua morte, novas coisas estão por vir. Irá relembrar visões, que apesar de diferentes, vai marcar como suas cicatrizes. Os sentimentos profundos...