Capítulo Um

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Não sei onde estava com a cabeça quando resolvi sair da balada com aquele estranho. Ele não me parecia má pessoa e não fez nada que eu não quisesse fazer, porém, ainda assim me pergunto o por quê. Talvez estivesse tentando provar algo para mim mesma do qual agora já não me recordo, mas que no momento fazia sentido, pois nem meu tipo ele era. Definitivamente, nada a ver comigo!

Entretanto, apesar dessas afirmações, mesmo tentando, não consigo me lembrar de sua fisionomia e sequer sei o primeiro nome. A única coisa que eu reparei durante o momento e que ainda está fresca na minha memória é a águia em seu peito, pintada em um simples preto com detalhes em branco.

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Hoje é dia treze de junho, sábado, o que significa que é aniversário da Chloé e eu ainda não comprei um presente para ela. O que se dá para uma criança de dois anos?

Estive me programando para comprá-lo desde o dia em que o Nick e a Julie me mandaram o convite. Era para ter comprado este presente no dia seguinte ao convite, mas minha vida estava corrida naquela semana e não tive tempo, acabei adiando para terça passada. Porém, alguma coisa aconteceu naquele dia e me impediu de ir, então resolvi ir no dia seguinte.

Mal eu sabia que ganharia um belo e definitivo par de chifres naquele dia. Quem diria...

Somente às onze horas da manhã, bem mais tarde do que qualquer dia comum na minha vida, desperto desnorteada na minha cama. Não me lembro a que horas cheguei em casa, muito menos como. E a ressaca que sinto é horrível, talvez seja a pior de todas, afinal, nunca bebi igual ontem.

Pensar em sair da cama, me arrumar e ir posar como a doce garota familiar parece tão distante dos meus deveres do dia. Talvez não deva ir. Até porque tenho pouquíssimo tempo para fazer tudo o que preciso, além de passar em alguma loja para comprar um presente que ainda não decidi qual será. Mas, se eu não for, vão pensar que fui derrotada ou eu estou inconsolável em casa... Não quero que pensem isso. Não quero que ele pense assim, já que, infelizmente, nosso círculo social acabou sendo o mesmo e ele estará naquela festa hoje.

Se a festa é da minha prima, não sou eu quem deve faltar, certo? Portanto, eu vou me levantar desta cama - ainda não sei com que força, mas irei -, depois vestirei minha melhor roupa, farei minha melhor maquiagem e sairei com o rosto mais pleno que o mundo já viu. Quero mostrar tudo o que aquele imbecil perdeu!

Durante o café da manhã, que não passa de um mocha de caramelo, volto a pensar sobre não ir à essa festa por não querer encontrar o Travis por lá, mas há uma parte insistente dentro de mim dizendo que eu devo ir, não posso faltar.

Eu aguento algumas horas, independente do que acontecer por lá com as pessoas que verei.

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Depois de sair apressada de casa, dirijo até uma loja de brinquedos no caminho, percebendo que a cada minuto que passa, eu me aproximo de chegar atrasada na festa e ser o centro das atenções. Mesmo que eu sempre tenha gostado de chamar a atenção, desta vez não quero isso, muito menos lá.

"Embalagem para presente, moça?" A vendedora pergunta com aquele sorriso nada espontâneo de vendedoras, carregando a boneca que escolhi apressadamente enquanto digito e envio a confirmação da minha presença à minha mãe, que não parou de questionar desde cedo mesmo sem saber o real motivo de eu estar em dúvida sobre ir.

"Por favor." Confirmo e a sigo até o caixa para pagar.

Quinze minutos após sair da loja, chego no local da festa. Entretanto, apesar do percurso rápido, demoro quase mais dez minutos até encontrar uma vaga, já que ninguém se preocupou em fazer uma festa em um buffet com estacionamento, assim sendo a minha única opção deixar meu carro na rua.

A Noite do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora