Capítulo Onze.

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"Não tem como eu te dar um diagnóstico do problema só olhando, então vou te encaminhar para a radiografia, ok?" O enfermeiro avisa após me examinar, olhando primeiro meu quadril dolorido e, por fim, a mandíbula que, de fato, está deslocada e agora precisamos saber se será facilmente recolocada ou se precisarei de cirurgia.

"Tudo bem." Assinto quando ele vai até sua mesa para imprimir o prontuário e o Treyson vem até mim para me ajudar a descer.

Quando me queixei do quadril, precisei erguer a saia para que o enfermeiro analisasse a região, o que me fez pensar que, quando vesti a calcinha cinza da Calvin Klein, não imaginei que o Trey fosse vê-la sobre uma maca hospitalar...

"Mas fica tranquila que não é nada grave, eu garanto! Boa noite." O homem exclama e eu agradeço.

Ao deixarmos sua sala, seguimos até o elevador para subir ao terceiro piso onde fica a parte da radiografia. Lá, nos sentamos nas poltronas confortáveis da sala de espera vazia e ficamos aguardando minha vez.

"Que horas são?" Indago em seguida, quando sinto vontade de bocejar, mas minha mandíbula torta me impede.

"Quase duas horas." Trey responde ao olhar seu relógio de pulso e eu solto um riso nasal.

"E pensar que se eu tivesse aceitado sua primeira proposta, não estaríamos aqui agora." Comento incrédula com o decorrer da noite.

"Ei, não fica pensando nisso. Não tínhamos como prever nada!" Ele diz em consolo, passando seu braço no encosto da minha poltrona e pousando sua mão no meu ombro.

"Não tem como não pensar." Mexo os ombros ao olhá-lo quando este faz o mesmo. "E sabe outra coisa na qual também estou pensando?" Desta vez tento sorrir da forma que posso, notando sua cabeça sacudir negativamente com curiosidade. "Naquele seu sorvete!" Exclamo e ele dá risada ao concordar.

"Cairia bem agora." Ao falar, Treyson desvia seu olhar para o ao redor, logo notando uma máquina de vendas no corredor que nos trouxe até aqui. "Bom, não é a mesma coisa, mas ali tem chocolate, quer?" Ele aponta na direção ao olhar para mim novamente.

Com um sorriso torto e simpático, recuso.

"Talvez depois que a minha beleza retornar." Brinco. "Por agora, acho que não consigo nem mastigar." 

"Você ainda está linda, apesar da mandíbula levemente para o lado." Elogia ele, embora perceba seu riso escondido. 

Enquanto o Treyson continua falando sobre a minha beleza, mais uma vez disperso minha atenção ao encará-lo, desta vez analisando mais do que apenas seu rosto bonito. Se antes de sair da sua casa eu já não acreditava que estivesse fingindo sobre seus sentimentos, agora, aqui, acredito muito menos. Ele realmente parece gostar de mim e eu não faço ideia do porquê.

"Estou tão feliz por não ter encontrado uma vaga naquele estacionamento ontem, Trey!" Exclamo de repente, interrompendo suas palavras, e ele me olha com um sorriso confuso com a aleatoriedade. "Você é um cara legal e estou feliz por ter me dado a chance de ver isso. Mais uma vez, obrigada por estar aqui comigo tão pacientemente! Se minha boca estivesse no lugar, eu te daria mais mil beijos agora."

Com as últimas palavras, ele gargalha e vira seu corpo na minha direção para me envolver em um abraço, o qual acaba sendo um pouco desconfortável por causa dos braços das poltronas nos separando.

"Espero poder estar sempre com você, nas coisas boas e ruins, como, infelizmente, aconteceu hoje." Diz em resposta, retornando do abraço e olhando nos meus olhos ao colocar uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

Prestes a dizer algo novamente, meu nome é chamado pelo radiologista na porta da sala e nós nos levantamos. Mais uma vez com o Treyson me amparando. Então, ao adentrarmos a primeira sala, o médico me pede para tirar todos os acessórios metálicos antes de entrar na outra sala, portanto entrego meus brincos, anéis e colar para o Trey e, lentamente, acompanho o radiologista até o aparelho, onde ele me pede para deitar.

A Noite do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora