Capítulo Vinte e Nove.

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Após tirar minha lasanha do forno, colocando-a cuidadosamente sobre a bancada de pedra, fico observando o Treyson arrumando a mesa de jantar em silêncio, recolocando os nossos pratos sobre os tapetinhos de mesa com um perfeccionismo surpreendente que me deixa em dúvida se é apenas virginiano demais ou se é sua maneira de me evitar de repente. Desse modo, odiando o clima estranho que se formou, deixo a cozinha e vou ao seu encontro questioná-lo. Mas, ao chegar perto, atraindo sua atenção para mim, a campainha toca escandalosamente, indicando que meu irmão e o Nathan chegaram, e é o menino quem a toca.

Com a expressão mais alegre e receptiva, abro a porta.

"Oi, meninos!" Exclamo sorridente e o menino logo se entrelaça junto das minhas pernas para me cumprimentar, então me abaixo para abraçá-lo.

"Desculpe por ter que trazê-lo de repente, eu sei que você tem as suas coisas, mas a nossa mãe só lembrou de me avisar do compromisso meia-hora atrás e eu entrei em desespero. Não gosto de deixá-lo com a Frankie e muito menos com uma babá que eu mal conheço, então só me restou você." Theo justifica com um pouco de desespero na voz e eu assinto em compreensão.

"Tudo bem, eu entendo." Sorrio ao me levantar novamente. "Acabei de fazer o jantar, ele já jantou?" Indago em seguida e o menino se empolga só de ouvir a palavra 'jantar'.

"Não, só comeu salgadinho a tarde inteira." Diz e eu reviro os olhos em repreensão, fazendo-o dar de ombros por ter sido a melhor forma que encontrou de alimentá-lo, provavelmente.

Assim que tira a mochila do filho de suas costas e a estende na minha direção, percebo quando os olhos do Theo passam do meu rosto para algo dentro do meu apartamento, fazendo-o arregalá-los quando os retorna para mim.

"Por que não me falou que o Treyson estava aqui? Eu teria dado um jeito de deixar o Nathan com outra pessoa. Não queria te atrapalhar. Que droga, me desculpa!" Diz assustado com a ideia de nos incomodar.

"Não se preocupe com isso, está tudo bem." Afirmo, finalmente pegando a mochila.

"Certeza?"

"Sim, eu juro!" Sorrio e ele assente.

Com os pertences do Nathan dentro do meu apartamento, me despeço do meu irmão, que faz o mesmo com o filho, pedindo que o menino se comporte e me obedeça, e nós dois entramos.

"Está com fome, Nate? Tem lasanha que eu mesma fiz!" Pergunto enquanto coloco suas coisas em cima do sofá.

Ao invés de me responder, Nathan grita o nome do Treyson após notar sua presença e corre em sua direção.

"Assim não, Nathan!" Exclamo sem graça ao ver o menino se pendurar no homem. 

"Pode deixar!" Trey afirma ao me olhar com um sorriso divertido e eu assinto com um sorriso mais contido, permanecendo parada diante deles vendo-os interagir como se conhecessem um ao outro há anos.

Ciente de que está tudo bem e que posso deixar o Nathan sob os cuidados do outro, passo por ambos e sigo até a cozinha para procurar um utensílio antes de levar a travessa quente à mesa. Então, como se não tivesse se dado conta de que mesmo distante ainda estou no mesmo ambiente, ouço meu sobrinho comentar com o Trey:

"Ainda bem que a minha tia trocou de namorado, porque aquele outro era muito chato. Toda vez que ela virava as costas, ele mostrava a língua para mim e meu pai já me ensinou que é feio mostrar a língua!" 

"E você não contou isso para a sua tia?" Treyson pergunta, dando continuidade ao papo enquanto segura o menino no colo com ele brincando com seu cabelo escuro. 

"Não, porque ela ia ficar triste." Nate justifica com sua voz fina junto do movimento dos ombros.

"E ninguém pode deixar sua tia triste, não é?" O mais velho continua, desta vez com um sorriso após perceber minha atenção. 

A Noite do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora