Capítulo Cinquenta e Três.

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Com uma surpreendente boa noite de sono, sou despertada com barulhos externos comuns de uma manhã de domingo, o que logo me faz perceber que estou na mesma posição desde a madrugada. Dessa forma, ao me soltar do travesseiro e me pôr de barriga para cima, sinto cada pedaço de mim doer, além de uma fraca falta de ar. Então, depois de enrolar por cinco minutos, respirando lentamente por conta da dor, abro os olhos e me sento, assim olhando para fora e observando o dia bonito.

Com um toque rápido na tela, meu celular se acende e eu vejo que são sete e sete exatamente, o que me deixa curiosa sobre seu significado, como sempre gostei de pesquisar, mas, com minha bexiga repentinamente implorando para ser esvaziada, apenas puxo o cabo do carregador e conecto o aparelho à energia, e, em seguida, desço da cama, me dirigindo apressadamente ao outro cômodo. Logo, já aliviada, dou a descarga e estico meus braços em direção ao meu cabelo para amarrá-lo antes de lavar o rosto. Com isso, ao me deparar com o meu reflexo no espelho do banheiro, posso afirmar que me assustei comigo mesma e isso nunca havia acontecido antes.

Estou destruída!

Chorei tanto no dia anterior que meu rosto está completamente inchado e em uma mistura de tons avermelhados e rosados. Nunca tive tanta olheira como estas e muito menos uma boca tão grande - o que, sinceramente, nem odeio tanto. Eu estou parecendo qualquer pessoa, menos eu mesma e isso é estranho. É como se eu tivesse passado por todos os procedimentos estéticos que minha mãe quis pagar ao longo dos anos, os quais recusei decididamente.

Ao me aproximar da pia com o cabelo já preso, desvio o olhar do espelho e me curvo para molhar o rosto, dando início à minha rotina de cuidados com a pele, pois antes triste do que assim. Minutos depois, já escovando os dentes, volto a me olhar e, somente então, me atento ao meu "pijama", percebendo que eu não me lembrava disso. Na verdade, é como se eu houvesse apagado esta parte da noite anterior. Portanto, enxáguo minha boca, coloco a escova no suporte e, com ambas as mãos, pego em cada lado da gola escura, levando-a até meu nariz para cheirá-la e percebendo que o cheiro do Treyson ainda permanece, embora esteja mais fraco do que ao vestir a camiseta há algumas horas. 

Seria estranho eu comprar um perfume igual ao dele só pela saudade?

Sem querer tirar todo o seu perfume da roupa em um segundo por cheirá-la compulsivamente de olhos fechados pensando no seu bom dia gostoso das manhãs anteriores, solto-a e já tiro-a, mesmo que fique em dúvida do que fazer a seguir. Mas, sentindo que uma parte esperançosa demais ainda acredita que um dia pode ser bom com um pouco de exercício físico, retorno ao quarto e coloco uma roupa de ginástica. 

Eu sei que parece idiota continuar minha vida como se nada tivesse acontecido ontem, porém, só não quero ficar remoendo isso, porque eu sei que não faz bem, principalmente pelo fato de nem saber lidar com tudo o que estou sentindo aqui dentro. Portanto, quanto menos parada eu estiver, melhor. E espero que o Trey pense o mesmo, porque a última coisa que eu quero é saber que o magoei profundamente e irreversivelmente desta vez.

De roupa vestida e cabelo preso de forma melhor, verifico meu celular rapidamente e o tiro do carregador por já ter uma carga suficiente, assim descendo apressada com um par de meias nas mãos para vestir antes de calçar um tênis. 

Ao pôr os olhos na cozinha, me dou conta de que minha última refeição foi na tarde de ontem, quando comi aqueles bolinhos de siri no píer, o que me deixa incrédula por não ter sentido fome alguma desde então. No entanto, sem querer desmaiar durante o treino, preparo a vitamina mais rápida com um suplemento que eu nem me lembrava da existência e a ingiro em um segundo. Em seguida, calço meus tênis, encho uma garrafa de água, pego o fone de ouvido junto do celular e desço para a academia.

Pensei em fazer yoga, mas não estou me sentindo calma o suficiente para isso, quero correr numa esteira, subir uma escada, pedalar, pegar peso... Ou jogar o peso na minha cabeça, quem sabe... Sendo assim, pego o elevador e vou até a academia do prédio mesmo, já que ainda não me sinto pronta para ir até a academia que eu pago na rua do Travis e nem ver o Treyson caso queira descobrir se na sua rua também tem uma filial, como mencionou há alguns dias.

A Noite do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora