Capítulo 11

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Adriel 

--Hoje é um péssimo dia para você sair de casa, amigo. Essa chuva não vai parar tão cedo. Estão dizendo que os rios...

Desliguei o rádio. Eu sabia exatamente o que estava acontecendo e não tinha nada haver com o clima. Era Sther.
Neste momento estamos subindo a colina da casa de Débora. Não achei que Sther estivesse tão ruim.
A sua transformação está se intensificando.
A olho deitada em meu colo, com vários cobertores encima de si, toco seu rosto e está gelado.
Eu no sei como ajudar, mas Débora sabe.
Liguei para ela assim que Sther desmaiou, ele me mandou ir até sua casa, que era muito longe. Mas faria de tudo por Sther, confesso que antes era só por nossa ligação, por ser seu guardião mas hoje... Não é só isso, esse jeito atrevido dela, essa forma como ela me implica e não tem medo. O jeito que me faz rir...
Sai de meus devaneios quando chegamos ao chalé de Débora.
Ela é uma curandeira, uma das poucas que restaram. Também é missão dela proteger Sther.

Paro próximo a entrada da casa, Débora vem até mim com dois guarda-chuvas.

--Ainda desmaiada? -me Pergunta preocupada.

--Ainda.

Pego Sther no colo, o que não era difícil, pois ela era magra. Débora tenta tempa-la o máximo possível.

--Leve ela para cima, já estou indo.-Disse ela enquanto pegava algo em um das gavetas da cozinha.

Subi as escadas e coloquei Sther deitada na cama, tirei os cobertores que já estavam com ela, pois tinham molhado, e a embrulhei nos cobertores que haviam ali.
Ela estava muito pálida.

***

Débora fez vários rituais com Sther.
Ela havia melhorado, parecia estar reagindo. Tivemos que passar a noite ali, pois ela ainda não tinha acordado.
Liguei para suas irmãs e pedi que elas inventassem alguma desculpa para seus pais, para que não se preocupassem. Foi fácil convence-las, só tive que usar um pouco de hipinoze.
Humanos são fáceis de lidar.
Passei a noite em claro olhando Sther, ele teve duas convulsões e isso me preocupou muito.

Eu queria contar toda a verdade a ela, mas sabia que isso custaria caro. Quanto menos ela soubesse menos correria perigo.

O dia já estava amanhecendo, vi todo o nascer do Sol pela janela do quarto. Eu não conseguia dormir, sentia uma angustia de ver Sther deitada desmaiada...

--Adriel?- ouço a voz dela e me viro rapidamente para vê-la.

Ela estava sentada na cama, com os cabelos bagunçados e os olhos inchados, porém seu rosto já tinha mais cor.

--Onde eu tô? - disse encarando o local. Era agora.

--Na casa de uma amiga minha, você desmaiou e eu não soube o que fazer então te trouxe pra cá. Você está melhor?

--Por que não me levou pro hospital?

--Vejo que nossa convidada acordou! - Débora entra no quarto mudando de assunto e eu agradeço mentalmente.

--Sther essa é Débora. Minha amiga que falei, nós crescemos juntos... E de certa forma ela ajudou me criar.

--Oi. - Sther a olhou confusa.

--Olá querida! Sinta-se a vontade, vou buscar um pouco de sopa que fiz para que você possa comer.

Assim que Débora sai Sther me olha me investigando.

--Ja está de manhã?

--Sim, mas não se preocupe, liguei para suas irmãs e disse que você dormiria na casa de Elisa.

De Volta Ao PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora