O DESPERTAR DE MEIYING

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‑ Você dormiu em casa? ‑ Um policia inquiriu a emprega Meiying que não espalhava qualquer reação, retendo todos sen‑ timentos num olhar frio e misterioso.

‑ Não. Eu não vi nada, nem sei de nada... Ainda estou abalada

com tudo...

‑ E pode me dizer onde passou a noite? ‑ Tossiu e antes de Meiying responder voltou á carga ‑ Ouviu alguma conversa estranha?

Meiying voltou‑se para ele injetando‑lhe uma dose de miste‑ rio dos seus olhos negros reluzentes.

‑ Era meu dia de folga, apenas estive a tarde para organizar algumas coisas, porque o senhor e a senhora Vendeta foram de viagem este fim de semana, e estive em casa com a minha filha que está muito doente e não sei de nada.

Apesar do grande discurso de Meiying, a sua voz era fria e com pequenas pausas o que fazia enorme confusão ao policia.

‑ Mas a senhora não está triste com o que aconteceu?

‑ Claro que estou ‑ Deu‑lhe uma olhada de indignação ‑ Eu

estou muito abalada com toda situação.

‑ Tinha uma boa relação com o senhor... O policia olhou para o papel.

‑ Com o senhor Vendeta?

‑ Otima. Nós somos uma familia. Aliás eu me sinto da familia sempre me dei bem com toda gente, isso que me custa a enten‑ der toda esta situação.

‑ O guarda, o senhor... Felipe sabe se tinha problemas com alguém? Era uma pessoa de confiança?

‑ Com certeza que era de confiança, eu já encontrei ele nesta casa trabalhando há cinco anos e os patrões gostavam muito dele.

Meiying começou a caminhar para a cozinha.

‑ Espera! Ainda não terminei aonde vai? Meiying voltou‑se para ele calmamente.

‑ Vou apenas fazer um chá ‑ O policia ficou mais uma vez assustado com toda frieza da moça, ainda assim acompanhou

‑ Quer uma chavena de chá ou prefere um café?


O policia entrou pela cozinha entretido com o bloco de notas e sentou‑se um pouco atrapalhado com o fantasma que interro‑ gava e as suas respostas sempre frias. Acenou a cabeça aquies‑ cendo e preferiu um café enquanto percorria o olhar em busca de pistas, Meiying entretia‑se fazendo o seu trabalho ignorando a presença do policia que ficou meio exasperado. Deixou uma ca‑ neta tombar no chão tentando prender a atenção da empregada. Mas esta não esboçou qualquer reação.

‑ Sabe quando voltam os seus patrões?

‑ Amanhã ao final da tarde.

Serviu‑lhe um café sempre muito cuidadosa e alguns biscoi‑ tos, pela primeira vez seu rosto abriu‑se numa expressão viva para o policia ver e tremer. Interrogou‑se com medo de que o café pudesse conter uma dose letal de veneno. Olhos chocaram‑

‑se como dois carros de combate e o policia arriscou. Meiying em seguida serviu‑se de café e o acompanhou para o tranquilizar de que estava tudo bem e sentou‑se a mesa a espera que terminas‑ se o interrogatório.

‑ Conhecia o rapaz que assaltou a mansão ou ouviu falar dele? O policia abriu o pequeno dossier e mostrou‑lhe a imagem de

Daniel Cortez.

‑ Ele... Este rosto não é estranho... Apenas o vi pela televisão ‑ Meiying ficou presa a bela figura de el bandido enchendo o rosto num tom avermelhado ‑ Nunca imaginei que ele... Que um ladrão deste calibre podia estar tão perto, como sabe que foi ele?

O policia estranhou a pergunta mas respondeu.

‑ Porque alguns vizinhos viram quando partiu numa kawasaki.

Meiying voltou a pousar a chavena de chá suavemente sobre

a mesa.

‑ Soubemos que houve recentemente um jantar de aniversá‑ rio por aqui, havia alguém estranho?

‑ Eu penso que não, era tudo gente conhecida mesmo ‑ Fez uma pausa para pensar e conclui ‑ Ninguém estranho que pu‑ desse pactuar com aquele criminoso.

Levantou‑se para recolher as chavenas de chá, suspirou um pouco cansada, depois recolheu alguns biscoitos da mesa. O po‑ licia fitou‑a com admiração desesperado por não conseguir uma gota de sentimento em cada resposta naquele oceano artico que era Meiying. Levantou‑se cansado com aquela conversa estranha


e aborrecida, Meiying olhou‑o cinicamente numa ultima troca de olhares incompativeis.

O policia começou a retirada bem devagar. Tropeçou numa garrafa de martini escondida a beira da porta e voltou‑se subita‑ mente para Meiying.

‑ E a rapariga? Luciana Vendeta?

A chavena escaqueirou‑se enquanto Meiying susteu a respi‑ ração num rosto assombrado, tinha perdido aquela calma inicial, uma lagrima desenhou‑se em seus olhos rasgados.

‑ Oh não...Meu... Deus... A minha menina.

Meiying atropelou. Atropelou o policia que ficou um pouco maltratado a entrada da porta da cozinha e subiu as enormes escadas numa correria desesperada, quando chegou ao topo soluçou algumas vezes levada pelo cansaço, ajoelhou‑se para respirar melhor e bateu a porta numa enorme violência e es‑ perançosa. Muito esperançosa e agoniada temendo o pior. Ninguém reagiu. Voltou a bater violentamente. Jogou‑se sobre a porta numa entrada bruta e deparou‑se com uma cena chocan‑ te. Luciana estava semi nua envolta num lençol com pequenas nódoas de sangue e vestigios de uma festa privada espalhava‑se pelo quarto.

‑ Ele matou a minha menina, é a hecatombe total...

haviam pequenas nódoas de sangue que jorraram da cabeça do segurança após o impacto do enorme vaso que Daniel lhe atirou em cima deixando‑o fora de combate e estendido sobre o enorme tapete persa que serpenteava a enorme sala da luxuosa mansão. Cheirava a vinho por toda sala embrigada com a passa‑ gem do furacão Daniel que entornou algumas garrafas antes da sua saida triunfal, deixando bairro em absoluta polvorosa.

Caido no chão ao lado das escadas que davam acesso ao piso superior, estava o cadaver do avô de Luciana. Uma poça de san‑ gue condensava‑se a volta do morto.

o assassino de corações - Falsa SubmissãoWhere stories live. Discover now