Capítulo 4

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A Emma Swan de duas semanas atrás jamais deixaria alguém além de Belle ter acesso à sua caixinha de sentimentos. Absolutamente ninguém. E estranhava o fato de não estar se importando em tornar acessível para outras pessoas.

Regina havia se mostrado verdadeiramente interessada e nunca veria isso de modo ruim, seria até pecado dizer “não” àquela mulher.

Se perguntou se todas as pessoas que eram do círculo de amizade de Zelena eram daquele jeito, o jeito que a fazia se sentir à vontade depois de poucos minutos de companhia, minutos que foram suficientes para esquecer o dia conturbado que teve. Sua dor de cabeça tinha passado com aquela conversa amena e o café forte, num local agradável.

Repetiu o ato de abrir o email, enviar o arquivo a alguém, respirar fundo e esperar receber respostas positivas.

Regina deixava transparecer que seu trabalho era mais um hobby do que de fato um trabalho. A maneira sincera como tinha pedido para ler foi o que a fez chegar à essa conclusão.

Desejava não decepcioná-la, expectativa em demasia era péssima numa situação como essa.

×

A parte favorita do dia de Regina era quando chegava da editora, demorava o tempo que bem entendia dentro da banheira ou debaixo do chuveiro — tudo dependia do seu humor —, vestia a roupa mais confortável que podia e se sentava no sofá, apreciando o silêncio e a companhia de um livro, na maioria das vezes, também com um café ou um vinho.

Quando já estava dentro do elevador, se lembrou de que não havia pedido o número de Emma e nem passado o seu. Esperava que Emma mandasse o mais rápido possível o email, ou teria que recorrer à Zelena para pedir o contato da sua “cunhadinha”.

Se sentou com o notebook sobre seu colo e pensou estar sendo precipitada ao ir direto checar seu email, porém não conteve o sorriso quando viu o que já estava em sua caixa de entrada.

Acompanhado de um agradecimento, o arquivo estava lá. Em fração de segundos após acabar de ler o que estava no email, abriu o arquivo, voltando à página do email novamente para agradecer também e pedir seu número. Assim que o fez, suspirou ao notar as mesmas palavras que havia lido no celular de Zelena, sem limites para serem lidas, sem interrupções e com permissão da autora.

Releu novamente os parágrafos que já conhecia, dando continuidade à leitura, parando somente quando seu celular começou a tocar.

Zelena não ficaria sem informações e reclamou mentalmente por ter seu momento interrompido.

— Está me atrapalhando — disse antes que Zelena falasse.

— Eu já imaginava, a essa hora sempre está em seu momento sagrado.

— Quer saber como foi com a Emma, não é?

— O bom é que eu economizo nas palavras com você.

— Foi bem simples, não precisei insistir, apenas disse que estava interessada, falei sobre o que conversamos e da possibilidade da publicação.

— Só isso?

— Só. O que mais você esperava?

— Então pelo visto você a tratou bem e não a assustou com seu rostinho de quem oferece maçã envenenada.

— Apesar de nítido o quão introvertida ela é, em nenhum momento pareceu querer recuar ao falar comigo, aliás, ela tem o sorriso fácil e uma simpatia pura — e é adorável seu jeito. Pensou mas não admitiria isso à amiga dando brecha para possíveis futuros constrangimentos.

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