“Spread your wings and fly awayFly away, far away
Spread your little wings and fly away
Fly away, far away
Pull yourself together
'Cos you know you should do better”
Em um silêncio constante e cômodo, adentraram o Café e em uma direção que os pés de ambas já conheciam, os de Regina mais que os de Emma, alcançaram a mesa no canto, afastada das demais, ao lado do vidro que lhes permitiam apreciar o lado de fora. Os pedidos também foram anotados com rapidez, novamente sem que Swan precisasse dizer o seu, e a outra pedir por ela não a incomodava nem um pouco, afinal, era um sinal de que Regina a conhecia o mínimo suficiente para saber que não mudaria seu pedido. Talvez num outro dia.
Era uma boa combinação a companhia de Regina e um café forte, junto da música de alguma banda de rock clássico que tocava baixo, mas alto o suficiente para entrar no compilado de detalhes do momento ideal.
— Quero saber sobre você, Emma. Conte-me mais do que permitiu que eu visse até agora — pediu em um tom tão calmo e doce que fez Emma mais uma vez pensar que era impossível dizer não àquela mulher.
Que conhecia Emma já era uma certeza, de um modo indireto mas que agora parecia tão direto. Conhecia Emma em letras, em palavras, em diálogos, parágrafos e até nas monossílabas. Por tudo que Emma havia deixado em sua escrita, como a própria disse, sua desconstrução e sua reconstrução, sabia até o caminho traçado que a mesma desejava atravessar, conhecia partes do seu íntimo e se sentia familiarizada com ele, isso a instigava. Contudo, ainda não era suficiente. Tinha criado um desejo de conhecer as coisas ainda ocultas, Emma era um quebra-cabeça que escondia suas próprias peças em uma brincadeira de mau gosto, mas que ainda montaria aos poucos.
— O que quer saber? Pergunte.
— Hum... Vejamos — queria responder que gostaria de saber de tudo que ela pudesse expor, mas não precisava de pressa, pressentia que haveria tempo de sobra para isso, e qual seria a graça de montar o quebra-cabeça todo de uma vez? Se Emma escondia, entraria em seu jogo e seguiria suas regras. É isso que fazem os bons jogadores. — É um romance igual a Inconstant que quer viver? — Optou por perguntar sobre questões que fugiam do seu passado. Se um dia Emma quisesse lhe contar sobre sua vida, estaria ali para ouvir e o assunto poderia até vir à tona em algum momento, porém não iria perguntar sobre isso agora se havia coisas que estavam à margem do que já tinha em mãos, as usaria.
— Depende do que você quer dizer com igual. Em relação à essência, sim. Acho que está cansada de saber que tudo aquilo não foi criado por acaso, mas não tem que ser exatamente daquela forma. Qual seria a graça de viver de novo o que eu mesma criei? E não só para mim, mas para elas. Ultimamente tem me dado vontade de desbravar novos horizontes, ou só estender o meu próprio.
Regina sorriu em sua direção. Gostava de como Emma não recuava ao olhar em seus olhos. A profundidade que eles tinham era o caminho que a levava para dentro de onde as peças estavam escondidas.
Estavam tão acomodadas naquela troca de olhares que só notaram que os pedidos chegaram por terem ouvido a atendente pigarrear à ponta da mesa. Agradeceram em uníssono e então estavam sozinhas novamente.
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Paradoxo
FanficO amor de Regina Mills por histórias românticas nascera para realizar sua vontade de vivenciá-las, já que para ela, o sentimento mais avassalador só existia dentro dos livros. Sua profissão surgiu da necessidade de ajudá-las a se tornarem, de certo...