Capítulo 2

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Seu olhar já tinha a direção certeira. Zelena estava sentada na mesa que costumavam tomar café e ter horas das suas tardes de sábado gastas em conversas que variavam entre coisas fúteis e assuntos demasiadamente importantes.

Com o tom de voz na ligação, dessa vez, o assunto parecia ser um tanto quanto sério, porque se fosse sério demais, Regina conhecia Zelena o suficiente para saber que teria mais urgência.

— Atrasada — Zelena disse apontando para o relógio em seu braço.

— Me esqueço de que no chá com a rainha é obrigatória a pontualidade.

Sentou-se em frente à ruiva e imediatamente foi atendida, fazendo o seu pedido de sempre.

— Como você está?

— Você perguntou isso na ligação de uma hora atrás e nada mudou.

— Seu humor oscila o tempo inteiro, é bom perguntar novamente.

— O que tem de tão importante para me dizer?

— Eu disse a você que iria a um jantar na casa de Belle, e em algum momento eu também devo ter falado a você que ela mora com uma amiga — parou de falar quando o macchiato de Regina foi colocado à mesa. — Essa amiga dela é redatora do New York Observer — Regina a observava falar enquanto tomava seu macchiato sem se preocupar em responder. — Está prestando atenção no que estou te falando?

— Toda — respondeu voltando seu copo à mesa.

— Belle acabou dizendo que Emma escreve ficção além de escrever artigos sobre a cultura de Nova York, que é o trabalho dela.

— E você não aguentou a curiosidade e pediu para ler... — continuou o que Zelena ia falar, vendo-a assentir em seguida. Conhecia a sua ruiva tão bem que nada a surpreendeu.

— Você precisa ler, Regina! Eu li em prazo de dois dias, eu existi para ler aquilo.

— Detalhes, por favor.

— É uma história de amor entre duas mulheres, é retratada com tanto sentimento e a escrita dela é impecável.

— E onde está escondido esse anjo?

— Emma não gosta de mostrar suas histórias, ela tem outras além dessa mas é a única que permitiu ser lida. Pelo o que eu pude notar, ela é um pouco introvertida e só se abre depois de um pouco de álcool quando está perto de alguém que não conhece.

— O que essa mente brilhante pensou?

— Você precisa conversar com ela, pedir para ler e convencê-la a publicar.

Regina quase gargalhou do tom de voz dela.

— Se ela não gosta que ninguém leia, é introvertida com quem não conhece, acha mesmo que isso vá funcionar?

— Eu posso conversar com ela antes para convencê-la a conversar com você. Se eu consegui fazer com que ela me mostrasse, eu consigo isso também.

— Você sabe que não depende só de mim, não sabe?

— É óbvio que depende só de você, seu cargo é o mais influente lá dentro, aliás, seu cargo não, mas você. E não venha ser modesta comigo — impediu que Regina negasse o que havia afirmado —, sabe que estou falando a verdade.

Regina não iria negar sobre ter influência dentro da editora. Seu cargo era um dos mais importantes, senão o mais importante, que era ser uma das gerentes editoriais. Começou como revisora, depois de quatro anos recebeu a proposta para subir de cargo e então, sete anos após ter entrado, a editora só faltava ter seu nome. Sua postura que impunha medo, seu tom de voz moderado e firme, sua determinação e sua devoção ao seu trabalho a tornara uma das pessoas mais respeitadas entre todos os outros funcionários. Seu nome estava na folha de rosto de inúmeros livros de romance conhecidos nos Estados Unidos e traduzido para outras línguas.

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