Cresceu acreditando que todas as coisas aconteciam por uma razão, que o acaso não existia e na famosa lei de que para toda ação existe uma reação. Seus pais lhe ensinaram desde cedo que tudo que fizesse, um dia, teria proporcionalmente de volta, fosse bom ou fosse ruim o que fizera e, independente disso, sempre traria consequências, as quais o tempo lhe ensinaria a lidar.
As relações com as pessoas à sua volta não era difícil de entender que eram boas porque não movia um dedo para causar mal a alguém. Suas notas, a vida toda, desde o colégio até a faculdade, foram fruto do seu esforço, que consequentemente lhe trouxe seu trabalho, o qual estava bem longe de ser alcançado diante do seu ponto de vista. Não ficava imune às coisas ruins, dos problemas, dos contratempos, precisava deles tanto quanto precisava das coisas boas. Assim como lhe foi ensinado que nada acontece por acaso, os momentos conturbados viriam e serviriam para algo futuro, mesmo que pensasse que não e talvez nem se desse conta de que fora útil.
Ultimamente os trilhos da sua vida haviam dado uma leve entortada.
Poderia comparar sua vida à uma estrada, a qual a paisagem dificilmente mudava drasticamente durante a caminhada, e em uma curva sinuosa, encontrou duas pessoas que estavam lhe fazendo repensar em coisas da sua vida que durante seus vinte e quatro anos foram completamente normais e nunca a incomodaram.
Ainda se perguntava se aquilo seria a consequência de algo que fizera e lhe traria outras consequências boas, ou se era alguma coisa que futuramente usaria apenas de aprendizado.
E em meio aos pensamentos que ligava os acontecimentos às pessoas, ela às outras pessoas, Emma cogitou a possibilidade de o acaso existir.
O acaso talvez pudesse estar levando-a a um segundo — ainda não sabia ao certo se poderia chamar aquilo de encontro, mas era o único nome que lhe vinha à cabeça se fosse explicar a alguém — encontro com uma pessoa que havia conseguido um feito único na sua vida. A desconhecida que conseguiu ler seu romance que guardava e protegia de tudo e de todos.
As quartas eram mais calmas, o dia que o jornal era publicado. Ainda que houvesse trabalho a ser feito, não ficava tão sobrecarregada, o que contribuiu para ser pontual dessa vez.
Teve tempo para pensar no porquê de estar indo para aquele Café de novo, no porquê de estar indo encontrar Regina para falar do seu livro de novo. E não encontrou respostas tão claras. Estava indo contra seus princípios, sempre levara tempo com a outras pessoas.
“De novo.”
Aconteceria mais uma vez além dessa?
Ao entrar no café, roubou pela segunda vez a atenção da mulher sentada que observava o lado de fora pelo vidro, na última mesa.
O estabelecimento estava pouco movimentado, imaginou que talvez pelo horário. Havia chegado mais cedo dessa vez e, ainda assim, talvez tivesse se atrasado pois Regina já a esperava.
Recebeu um sorriso vindo após a troca de olhares.
Reparou em seu sorriso na outra vez, era lindo e impossível não ser notado. E não só seu sorriso, seus trejeitos eram — talvez a palavra certa ainda não existisse — elegantes, e sua gentileza desde a primeira conversa...
Sua nuvem de pensamentos sobre a beleza e o jeito de Regina fora desfeita pela própria que se levantou do seu lugar para cumprimentá-la com um beijo no rosto.
— Me atrasei muito? — Emma perguntou ao sentar-se no mesmo lugar de dois dias atrás.
— Não. Talvez se tivesse chegado cinco minutos mais cedo, teríamos nos encontrado lá fora. — Mantinha seu sorriso enquanto falava, o tom que sua voz ganhava por esse motivo era gostoso de ser ouvido.
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Paradoxo
FanfictionO amor de Regina Mills por histórias românticas nascera para realizar sua vontade de vivenciá-las, já que para ela, o sentimento mais avassalador só existia dentro dos livros. Sua profissão surgiu da necessidade de ajudá-las a se tornarem, de certo...