.terapia

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jisung estava deitado na grama úmida embaixo de uma árvore com a cabeça no colo do melhor amigo, recebendo um carinho singelo do mesmo enquanto ambos observavam o céu.

falavam sobre diversas coisas, desde como era na escola até a vida alheia. era rotineiro dos dois conversarem sobre tudo enquanto observavam as estrelas, mas não passavam tanto tempo assim, pois seus pais sempre apareciam para os levarem para casa.

mas algo naquela noite fria parecia diferente, a lua brilhava mais o que o normal, as estrelas se destacavam sobre aquele céu escuro e nem sinal de seus pais.

– 'cê não acha estranho que ninguém tenha aparecido até agora sung? – o hwang perguntou olhando para o amigo, esse que estava mais focado em olhar as estrelas.

– eu nem me importo com isso, quanto mais eles demoram, mais tempo temos para ficarmos juntos assim – finalmente olhou para o rosto de hyunjin, com aquele sorriso que ele tanto adorava admirar.

– você gosta delas, não é?

– de que? 

– das estrelas bobo – riu baixinho.

– gosto, elas são tão lindas, não são? me lembram você. – é, por essa hyunjin não esperava e nem se deu o trabalho de esconder a vermelhidão em seu rosto, ao notar isso jisung sorriu – bobo

– para jisunggie! você fala essas coisas do nada, é estranho – disse baixinho com um biquinho nos lábios.

– mas eu sei que você gosta hyun, nem adianta negar, suas expressões dizem tudo o que seus lábios não pronunciam – riu ao ver o biquinho nos lábios do amigo ficar bem maiorzinho do que já estava – fofo.

– se controla seu idiota, se não eu vou embora.

hyunjin mentiria se dissesse que não amava quando jisung o elogiava daquela maneira, era como se ele declarasse tudo o que sentia de uma maneira indireta.

– você vai embora hyung? – se levantou e se sentou ao lado do hwang – duvido que faça isso, você sempre fica.

– por que você me conhece tão bem?

– talvez porque eu te conheço desde que nasceu, ou seja, a quatorze anos atrás.

– aish, isso não é justo – e lá estava novamente aquele bico nos lábios bonitos de hyunjin. jisung gargalhou, seu amigo era tão birrento que chegava a ser engraçado.

hyunjin observou os olhinhos do amigo se fecharem enquanto ria e sorriu, ela era fofo e seu jeito atrapalhado deixava todas aquelas noites ainda mais perfeitas.

jisung sentou-se ao lado do hwang, esse que logo pôs sua cabeça no ombro alheio, entrelaçaram as mãos e voltaram a observar as estrelas. essas que estavam quase sumindo devido a algumas nuvens mais escuras cobrindo o céu azul.

– eu gosto de ficar com você – as palavras saíram tão calmas e sérias da boca do han, que seria impossível que não fossem verdadeiras e puras. – é bem melhor do que fazer dever de casa.

– eu também gosto de ficar com você, mas sabe que não pode fugir dos trabalhos – hyunjin soltou sua risadinha engraçada, que contagiou o outro – eles são mais importantes que eu.

– nem pense nisso jinnie! você é muito mais importante que simples números em uma folha de papel – disse – mas tão complicado quantos.

– eu não sou complicado, você quem é

– é sim, eu não sei o que se passa na sua cabeça agora, ou o que sente quando estamos juntos. – olhou nos olhos de hyuniin, mantendo um contato visual intenso. 

– eu me sinto, calmo e estar contigo faz eu me esquecer dos problemas que tenho em casa – suspirou e desviou o olhar, voltando a posição que estavam antes.

– olhe 'pra mim hyun, tem medo de se apaixonar por mim? qualquer coisa eu pago terapia – riu

– o problema é que eu já estou apaixonado – pensou alto e logo notou o que havia dito quando teve novamente os olhinhos de jisung sobre si. – esqueça o que eu disse, sim? apenas volte a apreciar as estrelas novamente – encostou-se na árvore, tentando a todo custo evitar aquele assunto que tanto mexia consigo.

não sabia quando e nem porquê se apaixonou por jisung, em algum momento ele percebeu que estar com o outro todos os dias, vendo ele sorrir e ouvindo-o dizer aquelas coisas ridiculamente clichês, o tirava dos problemas em menos de segundos.

ele também não sabia se era errado gostar de um garoto com quatorze anos de idade, mas ele nem se importava com isso, ele apenas era um adolescente completamente apaixonado por um garoto que o tornou tão clichê e dramático quanto ele já era.

hyunjin fechou os olhos quando sentiu pequenas gotinhas d'água caírem sobre seu rosto, suspirou fundo e olhou para o lado, vendo o han ainda o olhando com uma expressão indecifrável.

– o que foi? – perguntou um tanto nervoso. ele não queria se declarar daquela forma e muito menos queria se declarar. tinha medo de perder a única amizade boa que teve em seus anos de vida.

– você disse 'pra apreciar as estrelas, mas ver elas refletindo em seus olhos é mais bonito – o coraçãozinho de hyunjin errou incontáveis batidas e ele sorriu envergonhado para o han.

– que clichê jisung – riu alto, tentando esconder o rubor em suas bochechas.

– eu aqui tentando ser fofo e você rindo de mim, estou magoado – aproximou-se do hwang, entrelaçando novamente as mãos e o abraçando de lado. – pague uma terapia 'pra mim também hwang, estar apaixonado por você é difícil, sabia? 

– não me iluda assim idiota.

– é verdade hwang, se não pagar terapia 'pra mim eu te beijo!

– poxa, infelizmente não vai dar 'pra pagar essa terapia, sinto lhe informar que terá que me beijar sunggie. – hyunjin se assustou quando teve os lábios em formato de coração do han junto aos seus. fechou os olhos e apreciou aquilo que esperava receber ainda mais se pudesse. se sentia nas nuvens mais altas (ou quem sabe no arco-íris), seus olhos se fecharam automaticamente e levou suas mãos ao pescoço de jisung, esse que estava focado nos lábios macios do hwang no seu.

se separaram do simples beijo roubado confusos, por terem gostado de beijar outro garoto, e felizes, por terem beijado um ao outro. seus corações batiam tão rapidamente que achavam que iriam morrer, suas bochechas estavam quentes e tudo parecia brilhar agora.

era clichê? muito, mas quem não ama um clichê, certo?

– jisunggie – hyunjin sussurou. seu rosto ainda estava sendo segurado pelas mãozinhas de jisung e estavam bem próximos um do outro, observando os brilhos nos olhos de cada um – já são quase meia-noite.

– e eu não me importo hwang ainda quero observar as estrelas, mesmo que elas não apareçam. quero ver o brilho dos teus olhinhos, posso? – falavam em sussuros, como se fosse segredo que ninguém poderia descobrir.

– pode – sorriu e recebeu um simples selar novamente.

agora a chuva caía sobre os dois, que já estavam encharcados, mas ele não davam a mínima para isso, tinham a companhia um do outro naquela noite e isso tudo era o suficiente.

.quase meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora