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— Vamos à festa, cara. — Pediu Bruce  socando meu ombro.

Angustiado, agarro a almofada vermelha de cetim abraçando-a contra meu peito.

Desde que cheguei na madrugada, soube que ele tentaria me convencer a ir nessa festa.

Posso tê-la organizado com as meninas, mas não tenho obrigação alguma de ir, principalmente agora que nosso relacionamento acabou. E da pior forma.

Sentados no sofá da sala, encaro a expressão impaciente de Bruce.

É quase parecida com a que ele fez ontem a noite quando o contei do final do meu relacionamento.

O motivo do termino repassa na minha mente, martelando minha cabeça. Está pior do que na madrugada.

— Se você for, pode conversar com seu pai. E fim do misterio. — Deu ombros, como se fosse fácil e isso me incômoda.  — Pode ser que você entendeu tudo errado... — Cogitou e reviro meus olhos imediatamente.

Não é a primeira vez que ele me diz isso.

— Você não vê? Se não houvesse algo errado, ela teria me contado. — Digo silênciando-o. — Não sei o que é, mas eu vi nos olhos dela. Ela sabe algo. — Uma parte de mim se corroe com minha afirmação.

Esse sentimento empregnou-se comigo a madrugada inteira e muitos outros.

Coração partido não é brincadeira. O aperto forte no meu peito e a maldita falta de ar sempre que converso ou penso nela, é um sinal. Até pensar no seu nome é perigoso.

Mendy.

— Certo. — Bruce se remexeu aos poucos para ficar de pé.

Examino seu traje e torço os lábios tentando prender meu riso. Ele está arrumado o bastante para que eu possar prever que é para Carly; Sua camiseta verde está passada e não amarrotada como sempre, como sua bermuda. Seu vans enlamaçado desapareceu.

— O que? — Perguntou cruzando os braços após encarar minha fisionamia.

— Nada... — Sorrio de canto. Inquieto, Bruce perguntou novamente. — É só... por que está tão arrumado?

Seu rosto pareceu pálido e aquilo me deu mais um motivo para caçoa-lo. Mas, me contenho.

— Vou conhecer o pai da Carly. — Revelou desconfortável. Imediatamente acabo por cair em um poço de gargalhadas no sofá, meu estômago chega a doer. — Qual é! — Gritou atirando-me uma almofada. Porém, não consigo parar, o pobre coitado que está quase vermelho. — Quero ver quando acontecer com você! — Berrou novamente desta vez me ameaçando com o troféu de ginástica da sua mãe. Tento parar aos poucos.

— Não vai. Kate é esposa do meu pai. — Digo e me arrependo. Nossos sorrisos se esvaiaram os poucos. — Ex-namorada... — Meu tom saiu quase lamentoso. Terei que me acostumar com essa nova palavra.

— Em fim. — Limpou sua garganta — Vamos a festa? Preciso de você. A Carly está tão tensa quanto eu, mesmo que ela diga que seu pai seja um amor. — Seu tom saiu duvidoso sobre essa questão. Recuso seu pedido balançando minha cabeça.

— Qual é cara! — Bruce estapeou meu cangote e lhe dou um olhar mortal, o que é sem efeito graças a todos nossos anos de amizade.

— Eu não vou, não adianta insistir!
— Imponho aumentando um pouco o tom de voz.

Posso ver a expressão determinada desaparecer do seu rosto e voltar enraivada. 

Porém, não adianta. É improvável que eu encontre meu pai lá, graças a viagem. A última coisa que desejo ver é o rosto dela. Principalmente aquela maldita coisa que ela faz com o nariz quando está brava ou triste. Nem com chutes ou pontapés, não mexerei um dedo em direção a aquela festa. 

Meu meio irmão! [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora