Meu olhos estão inchados, completamente avermelhados. Se outra pessoa que não me conhecesse visse, pensaria que eu talvez usasse drogas. Em uma tentativa de reparar esse dano, abro a torneira, pego um pouco da água com as mãos e jogo no meu rosto.
Observando novamente meu reflexo, vejo que não há muita diferença então, apenas enxugo meu rosto com a manga do meu moletom branco e saio do banheiro.
Novamente eu estava caminhando no corredor mal iluminado do hospital que se alterava em duas cores; cinza e um turquesa quase apagado.
No final do extenso corredor, adentro o elevador e peço a parada para o primeiro andar, localizado três andares abaixo de mim.
Quando ele parou, caminho até a lanchonete e compro dois cafés, daqueles envolvidos em um copo plástico e um canudo no meio. Segurando os três no suporte, retorno ao elevador. É uma sorte que está lanchonete funcione até mesmo de madrugada.
Dentro do elevador, aproveito para sugar um pouco do meu café e saboreio o simples, mas o bom gosto amargo e doce na minha lingua.
Há séculos que eu não tomo café e se não fosse pela situação que estou, com certeza eu não voltaria a tomar.Já no meu andar, enquanto me aproximo vejo as cadeiras azuis aconchoadas presas a parede do corredor, cinco no total; Larissa está sentada mexendo no celular, na primeira cadeira á minha direção e duas cadeiras á sua direita, Kate está sentada, em choque e com lágrimas nos olhos.
Se passaram três horas desde que chegamos aqui. Carly e Bruce estavam conosco, porém, ela queria decidiu que queria falar algo urgente com a polícia. Ela estava muito brava e seu namorado ofereceu-se para acompanha-la.
Andando, passo por Larissa e entrego um dos copos de café e ela sorri levemente em forma de agradecimento.
— Pra você... — Digo de pé em frente a Kate, estendendo o segundo copo com café. Ela então erguiu os olhos e encarando suas íris, posso sentir ainda mais seu sofrimento. Os olhos dela são realmente parecidos com os de Mendy.
— Isso é tudo culpa minha. — Assegurou aceitando o copo com café. Seus olhos revelaram um olhar de agradecimento.
— Não é não... — Discordo e me sento ao seu lado. Porém, antes que eu pudesse incrementar com mais algo, ela começa a falar.
— É sim! — Afirmou e sugou o café
— Que tipo de mãe, leva sua filha para morar com um cara que conheceu por em um mês e no outro namorou? — Suspirou e deixo de encara-la olhando a parede cinza e turquesa à nossa frente — Eu estava desesperada.— Não se cobre. — Peço — Eu convivi com meu pai por dezoito anos... eu também nunca cheguei a conheço-lo de verdade. — Dou ombros ainda encarando a parede vazia — Conhecer o monstro que ele foi.
— Sinto muito, Dylan... — Disse e sinto sua mão tocar meu ombro por cima do moletom. Apenas beberico meu café e dou por mim que ele já está na metade. Bebi a maioria no elevador.
— Mas, Kate? — Ela soltou um murmúrio confirmando que estava escutando — Você poderia ter ficado mais ao lado dela, nos últimos tempos...
Ela imediatamente mas não muito rápido, tirou a mão do meu ombro, suspirou e bebericou o café.
— Eu sei. — Confirmou e vejo-a encolher-se em seus ombros — Eu percebi isso ontem, quando saímos juntas, no shopping. — Confessou e seguida começou a cair no choro novamente. Tive que tirar o café de suas mãos ou caso o contrário, derrubaria tudo em sí. — Talvez... eu tenha percebido tarde demais.
— Isso não. — Ponho nossos copos novamente no suporte e os repouso na cadeira livre à minha esquerda. De soslaio, vejo que Larissa está a um passo de um abismo de desespero, mas continuava digitando. — Mendy é forte. Apesar dela ter aqueles bracinhos fracos, com toda certeza, ela vai sair desta ilesa. — Digo e ambos riem um pouco. Por seu sorriso entre lágrimas, ela parece ter se convencido um pouco.
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Meu meio irmão! [EM REVISÃO]
RomanceO Ensino médio tende a ser o caminho mais turbulento da adolescência, mas para Mendy, essa turbulência acaba se tornando uma tempestade. A adolescente vive juntamente a sua mãe - A qual tem um relacionamento extremamente complicado - após seu pai m...