A Carta

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Will, estou prestes a iniciar uma nova etapa da minha vida. Sei que recebeu minhas outras 300 cartas, com essa 301. Descobri que minha parceira de quarto é uma ex-namorada sua.

Não sei como vai ser quando ela descobrir que irá se casar comigo. Estou brincando, não vai ficar se iludindo com isso. Bom, mas estou escrevendo essa carta para te fazer recordar do quanto estou com saudades, e claro, não se esqueça que preciso de fato que venha a minha mais nova exposição de artes.

Com amor, sua melhor amiga!

Wendy

Faz 3 anos que não vejo o Will, estou começando a pensar que as cartas que enviei não chegaram ao seu destino. Isso me deixa de fato frustrada - Lógico, quem em pleno século XXI usa com meio de comunicação, cartas? – É meio idiota, mas eu amo escrever, ainda mais para o Will que sempre cuidou de mim.

- Ei, princesa da Disney!

Essa é a Jenny minha amiga quase irmã, moramos juntas a 5 anos. Ela tem o cabelo ruivo, olhos verdes, completamente pálida, tem sardas espalhadas por todo o corpo, é baixinha, porém é uma amiga que você pode contar para todo sempre. Às vezes.

- Desculpa. Estava escrevendo para o Will!

- Não. Poxa quando vai acordar e perceber que o Will mudou? Ele não quer mais sua amizade, nem respondeu as cartas que você enviou todos os dias! – É frustrante escutar isso, mas ela está certa.

- Bom, pelo menos sei que eu quero a amizade dele ainda.

- Wendy, minha doce menina. PARA DE SER IDIOTA! – Jenny levanta ferozmente e arremessa o travesseiro em mim.

- Ei!

- Estou lhe avisando, se acordar novamente e te observar na droga dessa escrivaninha eu vou queimar você viva – Eu disse. ÀS VEZES – Agora levanta dessa droga e vai tomar o seu banho, temos uma breve apresentação no Museu de Artes.

Droga havia me esquecido completamente. Temos uma apresentação marcada as 10:00hrs e estou escrevendo para alguém que nem se lembra de mim. Ou melhor, escrevendo para um desconhecido. Talvez o Will mudou de endereço e as cartas estão sendo enviadas a pessoa errada.

A água do chuveiro está mais quente que o normal. Não posso esquecer de avisar a Jenny sobre isso. Tenho que passar na biblioteca. Da biblioteca irei ensinar pintura para adolescentes. Depois jantar com o amigo do Will.

São tantas coisas que estou quase enlouquecendo!

Estava completamente perdida em pensamentos, afazeres e acabei me esquecendo da droga do café no fogo. Saio correndo.

- JENNY!

- Que merda Wendy! Queria destruir a panela? Conseguiu.

Ótimo. Agora tenho que passar em uma loja e comprar uma leiteira para Jenny.

- Olha, eu entendo que o ame. Mas se continuar dessa maneira eu terei que tomar outras medidas.

- Não o amo. Não dessa forma, ele é apenas um amigo muito importante, assim como você.

Parece que consegui convencê-la. Jenny se aproxima e me abraça. Seu perfume de lavanda me faz sorrir. De toda forma, eu estou um pouco perdida e precisava de um abraço.

- Ah! Tem uma correspondência para você – Ela coloca a mão no bolso de seu suéter velho – Toma, boa sorte.

- Ta bom.

O endereço é dele. Finalmente é uma carta do meu melhor amigo - Será que ele está trabalhando? Ou finalmente vai casar? – São tantas as perguntas. Meu coração está acelerado. Espera essa letra não é dele.


Olá, percebi que você insistia muito e acabei tomando a atitude de lhe escrever esta carta.

O Will Tyler se mudou, não sei ao certo qual o endereço atual dele, mas como observei a sua insistência, resolvi encontrar o seu tão misterioso namorado.

Me chamo Luna Green, sou a mais nova dona deste endereço maluco. Espero que de fato ele possa largar de ser um idiota com você e passe a responder suas cartas.

Estarei enviando o endereço atual do Will, e suas correspondências. Li algumas e peço desculpa, mas de fato precisava entender o que estava acontecendo.

Fique bem e boa sorte Wendy!


Uma garota é a atual dona da residência dos Tyler. Inacreditável, algo está errado. Ele não se mudaria assim, jamais venderia a casa dos pais. No mínimo deve ser um engano.

Pedi para Jenny cancelar todos os meus compromissos, incluindo o jantar. Estou começando a me preocupar com ele. Algo está fora de controle. Esse deve ser o motivo das minhas cartas nunca serem respondidas.

- O que vai fazer? – Ela me encara preocupada.

- Eu preciso encontrá-lo, entenda. Faz 3 anos e só agora a casa foi vendida, aconteceu alguma coisa muito seria com ele e eu preciso descobrir o que foi! – Pego meu casaco e sigo em direção a porta.

- Espera, por favor! Leve meu celular com você, aqui esta os números que pode entrar em contato, se for algo além ligue para polícia. Mas, por favor, tome cuidado!

É estranho ter que depender de um celular sendo que nunca tive um. Odeio redes sociais e tudo que é feito de humilhação. Mas aceito o fato de precisar neste momento, caso algo mais sério esteja acontecendo.

O Diário de WendyWhere stories live. Discover now