Capítulo 6

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Poucos minutos depois chegamos em uma casa, não parecia muito grande más parecia ser bem bonita.

"Chegamos" Kurt falou finalmente largando minha mão, abriu a porta e fez sinal para eu entrar.

"Eu já vou tá?"

"Está bem" lhe respondi
Kurt ficou fora da casa, aparentemente falando alguma coisa pros seus amigos, eu fiquei observando a decoração daquela casa -que por sinal era bem óbvia de que moravam 3 homens alí - o sofá onde me sentei era bem grande e de um tom marrom claro, devia caber 3 pessoas perfeitamente aqui, havia uma mesinha a frente onde se encontrava um cinzeiro, duas garrafas de cerveja vazias e um maço de cigarro aberto onde dava pra ver que só restava dois, tinha uma tv ao lado de uma poltrona de couro que também havia alí na sala de estar, o que separava a cozinha da sala era uma bancada americana, bem típica dos Estados Unidos, as pessoas costumam tomar o café da manhã alí.
Após observar tudo que podia senti a porta sendo aberta e o vi entrando sozinho na casa, ele se aproximou de mim e se sentou bem a minha frente, na mesa

"Você está bem?" ele perguntou pela segunda bem
"Ele conseguiu fazer algo com você?"

"Eu" minha voz saiu mais chorosa do que eu gostaria
"Eu estou bem, não, ele não conseguiu fazer nada além de... me beijar mesmo, beijar meu pescoço na verdade" começei a chorar novamente ao lembrar daquilo

"Ei, não precisa chorar, está tudo bem agora" encostou sua mão no meu rosto, limpando uma lágrima da minha bochecha, aquele toque causava diferente sensações no meu corpo, as vezes me incendiava e agora está me acalmando

"É, você tá certo...acho que vou ter que procurar um lugar onde morar agora"

"Olha você pode ficar aqui o quanto você quiser, quer dizer, eu moro aqui com o Krist e o Dave, más eles nunca fariam nada com você, eles são bons homens"

"Eu não posso"

"Não pode o que?"

"Ficar aqui, você já fez muito por mim"

"Só fiz o que qualquer um em sã consciência faria, o bom de você ficar aqui é que você não vai poder fugir de mim"

"Eu não fujo de você" falei tentando negar

"Ah foge sim, más tudo bem eu não vou perguntar o por quê hoje"

"Obrigado, por tudo" falei o olhando diretamente nos olhos

"Se era tudo isso que eu tinha que fazer pra você me olhar nos olhos, então valeu a pena" abaixei minha cabeça e ri, ri por vergonha, pois eu sabia muito bem que evitava ter contato visual com ele
"Agora, você vai dormir no meu quarto"

"No seu quarto?" falei apreensiva

"Calma, você vai dormir no meu quarto más eu vou dormir no quarto do Dave, ou talvez aqui nesse sofá mesmo, não sei ainda"

"Não, eu posso dormir aqui perfeitamente  e você no seu quarto, nada mais justo, al..."

"Não, vamos fazer como eu falei" ele falou com sua costumeira séria expressão e se levantou do sofá, e indo em direção da porta permitindo que seus amigos entrassem agora.
Liguei para a Naomi lhe contando tudo que havia acontecido, talvez eu pudesse ir pro apartamento dela, más ela já mora com o irmão e o apartamento é pequeno, quando lhe contei que o Kurt me defendeu e que agora estou na casa dele, ela ficou toda feliz, não entendo qual é o interesse dela em tudo isso.
Desliguei e o Kurt me acompanhou até o quarto dele, me deitei más não consegui pegar no sono e estava com sede, me levantei e saí do quarto de fininho, precisava beber água e tomar um pouco de ar, o Kurt dormia na sala, ele parecia um anjo, e ele era um mesmo, pelo menos na minha vida ele era, peguei um copo de água e saí pra fora da casa tentando fazer a menor quantidade de barulho possível, me deitei em um banco que havia alí e fiquei olhando o céu, fiquei assim uns longos minutos, estava practicamente dormindo alí, até que ouvi o barulho da porta da frente se abrindo e rapidamente me endireitei no banco.

"Oi, eu te acordei?.." falei um tanto tímida e preocupada assim que percebi que era o Kurt que tinha saído pela porta com um cigarro na boca

"Não, eu só não consigo dormir mesmo, e você?" ele falou se sentando do meu lado

"Ah tá.. eu também não consigo"

"Quer?" ele falou me convidando com seu cigarro

"Ah não, eu não fumo..." deu de ombros e  levou o cigarro para a boca novamente, eu não conseguia parar de observá-lo
"Você está bem?" perguntei pegando na sua mão que estava apoiada no banco, ele olhava para sua frente enquanto fumava até que sentiu meu toque e me olhou, aparentemente confuso más ao mesmo tempo parece ter gostado daquilo, eu retirei minha mão rapidamente assim que percebi o que estava fazendo, consegui ouvir uma leve risada vindo dele

"Eu estou bem, só ansioso"

"Ansioso pelo que?"

"Eu e minha banda estamos prestes a lançar nosso primeiro álbum, por isso estamos aqui em New York, o estamos gravando aqui"

"Oh, então você não é daqui?"

"Não, eu nasci em Aberdeen, Washington"

"E você quer voltar para lá?"

"Nunca, nem penso em voltar pra lá, assim que lançarmos nosso álbum vamos comprar essa casa pra valer, más e você? É meio óbvio que você não é daqui"

"Por quê é tão óbvio?"

"Seu sotaque, seu jeito, é diferente"

"Eu nasci no Brasil, moro aqui a quase 4 anos"

"Por quê foi embora?"

"Brasil não é pra mim, e eu sei lá, eu só queria me afastar de todo mundo que já conheci, não sei se isso faz muito sentido"

"Faz" ele falou rapidamente e me olhou com certo... encantamento, eu acho, eu apenas dei um sorriso tímido sem mostrar os dentes e desviei meu olhar para sua mão que aproximava o cigarro da sua boca

"Oh não, você está com a mão machucada" falei pegando na sua mão

"É.. não é nada demais"

"Claro que é, você não passou nem um pouco de álcool sobre ela?"

"Não, deveria?" ele perguntou e me observava com divertimento ao ver minha expressão de preocupação

"Claro que deveria, o que um guitarrista faz se perder uma mão?" ele riu, acho que pela primeira vez, do meu exagero

"Fica tranquila, eu não vou perder a mão por ter dado uns socos, se fosse assim já teria perdido ela a muito tempo"

"O que quer dizer com isso?"

"Nada não"

"Eu deveria ir tentar dormir, amanhã tenho que acordar cedo para ir na agên.."

"Pra ir onde? O que houve?" ele falou ao me ver pensativa

"Eu tenho que ir na agência amanhã, más e se... e se ele estiver lá?"

"Ele trabalha no mesmo lugar que você?"

"Nem sempre, más agora ele está aqui"

"Eu vou te acompanhar"

"Não, eu.. eu dou o meu jeito"

"De jeito nenhum, eu vou te acompanhar."

Inescapable Attraction (Atração Inevitável)Onde histórias criam vida. Descubra agora