Capítulo 45

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"CÁSSIE"

Acertei as últimas alterações do documento do Word com um clique empolgado no botão esquerdo do mouse. Havia finalmente terminado a última parte de uma pesquisa para o artigo do professor Parson e tive uma merecida sensação de realização e alívio com o feito. Agora eu poderia passar meu tempo livre com Josh, e não acorrentada na mesa da biblioteca.

Recortei na cadeira da biblioteca, fazendo um intervalo necessário, respirando o ar morno do ar condicionado, quando ouvir o som da treliça da porta da biblioteca sendo aberta.

Josh veio andando em minha direção em passos lentos, com a expressão alegre e cansada , meu coração pulou. Ele veio diretamente até mim e, segurou meu rosto entre as mãos, e levou seus lábios até a minha testa. Ele sentou ao meu lado na outra cadeira.

"Ainda trabalhando duro, pelo que estou vendo", ele sorriu.

"Sim, mas está tudo sobre controle. Você parece cansado, veio andando até aqui?", pergunto.

"É, levei meu carro para a oficina."

"Qual é o problema com o carro?", questiono.

Ele passa as mãos pelos cabelos e, se inclinou para frente da cadeira, franzido os lábios.

"Bom... eu ainda não sei, mas é algo relacionamento com o motor, mas não vamos falar sobre isso. Você precisa de ajuda?", ele pergunta, prestativo.

Sorrio.

"Ah, não se preocupe, já terminei por aqui."

Quando termino de dizer, começo a guardar minhas coisas na mochila.

"Certo, vamos?", ele estende uma das mãos e a seguro.

Eu a tomei, vacilante. Sua mão estava quente e macia, acomodei-me detrás dele e, saímos para fora da biblioteca pública.

"Aonde vamos?", pergunto, por fim me permitindo sentir a excitação que vinha lutando para se libertar.

"Vamos da uma volta pela cidade, presumo que não conheça muitos lugares", ele responde.

Seu palpite estava certo, realmente eu não conhecia as localidades da cidade, pois minha rotina sempre era da escola para casa, Cathy e eu costumávamos ir apenas para as festas. Formalmente, eu apenas frequentei a lanchonete e a biblioteca, e adorei os estabelecimentos, tenho sorte em morar em uma redondeza cheias de lugares para ir.

Caminhamos por longos minutos, até que cruzamos uma ponte sobre um rio Sena e rodamos ao longo do rio. A água brilhava com a luz de tarde.

Depois de uns vinte minutos, chegamos a uma das ilhas naturais do rio, estava conectada às margens por pontes, ligadas entre si por uma ponte para os pedestres. Josh me levou por um grande lance de degraus até a beirada na água. Caminhamos ao longo do cais de mãos dadas comigo. Perto da ponta da ilha, a calçada abri-se em um grande pátio de pedras.

"Esse lugar é sempre lotado durante o verão, mas os turistas não vem o resto do ano, então esse lugar é nosso", Josh disse.

Sentamos a beirada do terraço, era como se fossemos as duas últimas pessoas da terra.

Ficamos olhando as ondas pequenas reluzindo como espelhos ao sol na superfície do rio Sena. Grandes nuvens graças deslizavam por um céu extenso. As ondas se chocavam, barulhentas, fechei os olhos e deixei a tranquilidade fluir através de mim.

Josh tocou minha mão.

"Cass você sabe o que eu quero"

Fiz que sim com a cabeça, imaginando o que veria a seguir.

"O fato é que... quero conhecer você. Sinto algo por você que nunca senti por ninguém. Você acaba de passar por uma grande perda, e a última coisa que eu quero é tornar as coisas difíceis para você. Quero estar com você... juntos, vendo o que ia acontecer, se as coisas funcionarem, ótimo. Se não, cada um segue seu rumo."

Ele faz uma pausa e olha para nossas mãos.

"Cass, não posso evitar o desejo de estar com você, por isso quis dizer tudo isso, para que você avalie, para que decida o que quer. Eu quero tentar. Ver como as coisas podem ser entre nós, mas eu iria embora nesse exato instante se você me mandasse. Você é quem decide o que vai acontecer entre nós, não precisa decidir agora, mas eu gostaria de saber como se sente sobre o que acabo de dizer."

Recolhi as pernas, que antes pendiam a beira do cais, sobre a água, e envolvi os joelhos com os braços. Balancei o corpo para frente e para trás por alguns minutos, em silêncio, e fiz algo que raramente me permitia fazer. Pensei em meus pais, em meu pai.

Ele implicava comigo por ser impetuosa,  mas sempre me disse para seguir meu coração. Dizia para mim não ter medo de correr em busca do que  desejo. Pois acho que você vai desejar as coisas certas.

Meu olhar foi dos barcos passavam para Josh, imóvel ao meu lado. Examinei seu perfil enquanto ele olhava a água, perdido em seus próprios pensamentos. Não era sequer uma escolha, quem eu estava querendo enganar? Eu estou completamente apaixonada pelo garoto ao meu lado.

Aproximei meu corpo do dele, estendendo a mão, passei meus dedos por seu rosto, as pontas deslizando por sua pele calida. Ele virou o rosto e me olhou com adoração que fez meu coração perder uma batida, rocei meus lábios nos dele, em uma beijo suave e terno.

"Isso responde sua pergunta?"

Josh deu uma gargalhada sonora que me surpreendeu, pois percebi que estava divertido e aliviado. Inclinando-se para mim, ele me tomou em seus braços e disse:

"Cass, você não vai se arrepender."

Deixe-me derreter em seu abraço por alguns segundos.

"Tenho certeza que sim."

E de súbito foi como a antiga eu, aquela da Carolina do Norte, anterior ao acidente, estivesse olhando de fora a nova eu, a Cássie de uns meses atrás que fora forçada a crescer de repente. A Cássie marcada pelas cicatrizes da tragédia. Fiquei assombrada por ver a mim mesma ao lado de um garoto maravilhoso. Como eu havia me tornado essa pessoa tão sensata?

Autopreservação, essa palavra me veio a mente, e eu soube que estava fazendo a coisa certa, todo meu ser fora dilacerado quando perdi meu pai. Eu não queria me apaixonar por Josh, e arriscar perde-lo também. Bem no fundo eu sabia que mal havia conseguido a sobreviver a morte de meus pais, talvez não sobrevivesse a outra.

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