Capítulo três.

374 20 78
                                    

—...Então aqui tem tudo o que você deve usar dentro da Criminal, pessoas que estão acima de você, e pessoas de fora para evitar. Amanhã faremos uma reunião e você conhecerá todos daqui.- Louis sorriu,entregou um pequeno livro com provavelmente 20 folhas e eu assenti, estávamos indo em direção a minha nova sala. Aquilo era tudo muito confuso.

    Ele abriu a porta e quando bati meus olhos por dentro da sala, vi um homem de costas. Tinha a cabeça raspada, cheio de tatuagens, já era notável. O mesmo usava um paletó totalmente preto, já que era a única cor que podíamos usar dentro da Criminal Agency. Ele se virou ao notar duas pessoas na sala, e me encarou. Ele tinha um piercing de argola pequena no nariz, tatuagens no pescoço, seus olhos eram grandes, castanhos âmbar e ao repousar meus olhos em sua boca rosada, poderia jurar me perder ali.

—Alasca Ortega,sim?- Ele disse olhando para Louis e depois para mim,vindo em minha direção levantando a mão, para um aperto.

—Eu mesma.-Abri um sorriso de lado, levantei a mão e nos comprimentamos.

—Sou Zayn Malik, seu rei.- Ele soltou nossas mãos e olhou para as paredes da minha sala, já pintadas.—Vejo que gosta de preto.

  Era irônico ouvir ele dizer "seu rei", mas aqui e em todo o mundo criminal eles eram chamados assim.

—Branco e vermelho também.-Dei de ombros, indo em direção a minha mais nova mesa e passando a mão na madeira pura.—Mas preferi optar por preto. A ausência das cores.

—Sua vida tem a ausência das cores?-Ele rebateu em uma pergunta,mesmo não olhando pra trás, dava para sentir ele encarando meu corpo de cima a baixo.

—Isso já é querer saber demais,rei.- Me virei e o encarei.—Senhor Tomlinson, pode me passar o endereço do meu novo apartamento?

—Aqui tem tudo o que precisa.- Ele disse vindo até mim e entregando um celular de última geração.—Use para ligações, mensagens, para tudo. Ele é irrastreavel.

—Certo.-Olhei o celular.—Começo quando?

—Amanhã.-Zayn respondeu e eu assenti.

—Se me dão licença.- Me curvei um pouco.

—Toda.-Zayn e Louis disseram juntos e me deram espaço para sair.

[...]

—É, eu estou bem, até.-Coloquei o celular no viva voz e fui para minha cozinha, já totalmente arrumada.—Quando cheguei aqui no apartamento já estava tudo arrumado,acredita?

—Arrumaram rápido assim?-Safiha, minha única amiga quase gritou.

—Sorte sua que eu não estou com a orelha no celular, filha da puta.- Digo enquanto tiro uma garrafa de água da geladeira e a risada de Safiha ecoava.

—Quando vem me visitar, Alasca?- Ouço a menina mais nova que eu falar, e eu faço uma careta, mesmo sabendo que ela não veria.

—Um dia.-Termino a conversa, e tiro meu sutiã mesmo por baixo da blusa,odiava usar sutiã. Gemi com felicidade, alívio.

—Não nos vemos há anos.

—Faz parte de toda a amizade. Eu ainda vou te ver, mas não agora, não estou muito bem.

E realmente não estava.

—Tudo bem, Al.

—Adeus, Safi.

—Até mais, Al.- E ela desligou a ligação.

Três horas, cinquenta e dois minutos.

   É, eu estava acordada; eu devo estar na agência oito da manhã. Pronta, cheirosa e com a pose de mulher que não se rebaixa a ninguém, somente seus reis. É difícil, não posso negar;

    Toda essa imagem de: Sou uma mulher independente,durona,forte e que ninguém rebaixa, está longe de ser uma das mais fáceis de lidar. Não posso chorar em frente aos outros,não fingir que me magoei, fingir que sentimentos e toda essa melancolia trágica não existe em mim. Devo fingir ser um homem como qualquer um dessa agência, e isso me deixava puta. Não só aqui, no meu novo emprego, e em todos os outros. Esse machismo impregnado -Há séculos- me mata muito.

   As vezes me perco muito nos pensamentos, bate uma crise existencial. Pensar que um acidente me trouxe para esse mundo totalmente obscuro, mata ou morre e coisas do tipo, é realmente estranho. Com certeza se alguém me dissesse que estaria como estou hoje há cinco anos atrás, eu não acreditaria e diria que a tal bendita pessoa estava louca. É, pelo visto a louca hoje em dia sou eu.

Criminal life.| Z.M [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora