Capítulo oito.

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   Eu escutava o sermão que Zayn estava me dando por horas e horas. Estava sentada na cadeira acolchoada e ele andava de um lado para o outro, mexendo as mãos e falando. Zayn é lindo. Suas mãos grandes e tatuadas, sua boca tem o desenho perfeito e seus piercings e brincos ornam perfeitamente com tudo nele.

—...Você pode ser considerada uma mulher morta, Alasca! Morta! Era para eu estar lá na reunião, junto a minha companheira e conversando sobre negócios.Mas, não! Eu estou conversando com uma mulher inconsequente que não sabe as merdas que faz! Ortega, você não é uma adolescente!- Ele deu ênfase em sua última frase, e falava rápido e batia na parede. Seu físico mostrava sua raiva. Veias pulsando em sua garganta, sobrancelhas juntas ao gritar, boca um pouco aberta a suas pequenas pausas para pegar ar, e sua boca fechada ao fim da frase.

—Eu não posso fazer nada se seu chefe é um babaca na certa e não sabe guardar suas ideias pra si, rei!- Eu queria era xingar-lo por cada merda dita, mas era meu chefe e eu ganhava muito bem ali.— Você aceitaria que ele falasse que sua companheira de festa,por exemplo, se parecesse com uma prostituta?

—Mas você não é nada do Tomlinson! Você estava só como acompanhante.- Ele disse e apoiou suas duas mãos em sua mesa, me olhando. Sua respiração ofegante, a veia saltada no pescoço que eu já conhecia mostrava seu semblante irritadiço.

—E o que isso tem a ver? Isso justifica algo? Isso justifica que pareço a porra de uma puta?- Minha pernas que estavam em cima da outra, se desenrolaram e fui em direção da sua mesa, apoiando igualmente a ele e olhando em seus olhos.— No dia em que a sua filha crescer e a chamarem de puta, você vai sentir na pele? 

—Irei, é minha filha, Ortega. Mas que pergunta!- Ele revira os olhos, irritado e solta o ar pela boca.

—Eu ainda tenho que por uma mulher da sua família para você entender que não se chama uma mulher de puta?- O encarei com nojo.— Babaca.- Me virei, peguei minha bolsa que estava em cima da cadeira e fui em direção a porta.

—Esta demitida,Alasca Ortega Alencar.- Zayn disse quando abri a porta, e o mesmo cruzou os braços, achando que ganhou a discussão.

—Não é só você que decidi essa ação, eu lamento, Zayn Javvad Malik, mas a mesma pessoa que sai por essa porta, entrará, e será todos os dias nessa agência.- Digo por fim, e fecho a porta.

[...]

   Deitada no sofá da sala,olhando o céu pela janela, eram quatro e cinco da madrugada, lembrei que Zayn havia dito que eu não era mais uma adolescente. As pessoas gostam tanto de sempre querer falar isso! Me fez lembrar de quando eu era uma pequena pré adolescente e minha mãe me ensinava algumas coisas onde a vida não era boa e era necessário paciência....

" Eu andava de um lado para o outro pela casa, a procura da minha mãe, até que a achei em seu quarto, lendo um livro que meu pai a deu.

—Mãe, Lisa me chamou de garota baleia!- Eu corria para seus braços, e ela me acolheu, fazendo carinho em meus cabelos.

    O bullying na minha escola, comigo, era frequente até demais. Todos os dias me zoavam. E eu me magoava sempre. Mas, hoje, me chamaram de gorda e correram atrás de mim até em casa, com uma tesoura dizendo que iriam cortar minhas 'banhas de baleia'.

—Minha filha, não fique assim. As pessoas são ruins mesmo. Mas se lembra que seu pai sempre lhe diz? O universo pesa. E você vai encontrar esse peso na vida deles. Tudo que vai, sempre voltará de algum modo. Pode ser que no futuro você seja uma mulher rica e independente enquanto nem independente eles sejam.- Ela dizia olhando fixamente para parede, enquanto eu molhava sua blusa de mangas com minhas lágrimas quentes.— Mamãe passava por tantas coisas, sabia? E olha como eu estou hoje? Tão bem! Ao ouvir coisas ruins, quando gritarem com você ou qualquer coisa, apenas ouça e responda com classe. O que mata um homem bravo, é a mulher que se mantem sempre digna de sua postura."

Lágrimas caíam dos meus olhos, porque a perdi tão nova. Minha mãe me ensinou tanto, e poderia ter me ensinado mais. Ela não imaginaria nunca, que eu estaria trabalhando no meio da criminalidade.  Mas numa coisa eu permaneço, pelo menos, com a minha classe.

Meus pais a vida toda foram meus alicerces, me trouxeram tanta paz! E hoje quem me ensina as coisas da vida, é ela mesma... 

[...]

  Hoje é sábado, não tenho trabalho.

Me levanto da cama, e vou direito para a cozinha procurando algo para fazer uma garrafa de café. Porque é o que bebo em um dia. Coloco a água para esquentar, coloco o açúcar e já pego logo o coador e ponho logo ali o pó de café.

   Ainda meio que dormindo, pego as frutas de dentro da minha geladeira, pico maçã, banana, kiwi e coloco alguns pedaços de uva dentro de um pote. Pego um pão de forma, coloco queijo e faço um misto quente.

Coloco meu café, já pronto, em um xícara e quando me sento na mesa, meu celular toca na sala, e da cozinha, vejo que era Liam.

Corro para pegar e atendo.

—Ortega?- A voz de Louis sai, e eu não entendo. Não era Liam me ligando?

—Sim?- Respondo com a voz ainda sonolenta.

—Voce não está com o ponto?- Ele me pergunta.

—É sábado! Eu não uso.- Digo, e reviro os olhos, como se ele fosse ver.

—Pois use. Fizemos ele à prova de água e fogo para justamente usarem o tempo todo. Nunca sabemos quando pode acontecer algo como agora.- Bom dia, com um sermão do chefe que você mais gosta.

—Tudo bem. O que houve?

—Temos um 573.- Ele diz e eu arregalo os olhos.

—Estou indo agora!- Desligo e vou pegar qualquer roupa preta pela frente.

Criminal life.| Z.M [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora