[31] A sua língua ainda lembrará o sabor de meus lábios?

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Minha cabeça latejava.

Tudo estava confuso.

Fiquei sentado no chão do banheiro, por cima de meus joelhos, encarando a privada com meu café da manhã mergulhado em suas águas por, pelo menos, uns dez minutos. Imóvel, inexpressivo e pensativo.

O que diabos essa pessoa queria de mim?

Ela estava querendo me afastar de Jeongguk, talvez?

Ou quem sabe… E se aquele conto, por acaso, fosse verdade?

Mas qual era a possibilidade de uma coisa insana dessas ser real? A reencarnação de um demônio e de um anjo se apaixonarem uma pelo outra mais uma vez, abaixo dos olhos de Cristo? Me parece ilógico.

— Yoongi? — Ouvi a voz de Jeongguk surgir no banheiro. — Você tá aqui?

Respirei fundo, levantando do chão e dando a descarga naquela nojeira.

Abri a porta devagar, encarando os meus próprios pés. Querendo ou não, aquela situação era extremamente tensa e, para mim, desconfortável.

— Yoon… — O Jeon me abraçou, me fazendo deitar a cabeça em seu ombro e acariciando meus cabelos. Escutei algo cair no chão, e imaginei que fosse aquele maldito livro. — Está tudo bem, isso deve ser apenas uma histórinha… Você sabe que esse cara tá querendo te assustar, isso não é de agora.

— Eu sei… — Retribui o abraço, apertando Jeongguk em busca de conforto. — Mas por que ele, ou ela, tá fazendo isso? O que eu fiz pra essa pessoa?

— São perguntas que infelizmente não posso responder. — Sussurrou, e, de maneira suave, me afastou de si para encarar-me o rosto. — Você chegou a ler até o final?

— Não, eu fiquei enjoado e… — Olhei para a cabine da qual havia saído. — Tive que correr pra cá.

— Bem, eu li. — Pegou o livro no chão, me entregando em seguida. — E sinto que você deveria ler também.

— Por quê?

— Pra que tenha certeza do que você vai querer fazer agora. — Sorriu fechado, passando a mão no meu ombro.

— Essa coisa não deveria influenciar nas minhas decisões. — Falei. — Seguir isso seria como baixar a cabeça e acatar as ordens do Devilish, fazendo exatamente o que ele quer que eu faça.

— Não necessariamente. — Arqueou uma sobrancelha, sorrindo sapeca.

— O que você quer dizer isso?

Jeongguk deu de ombros.

— Descubra.

Nunca quis tanto socar a linda face de Jeon Jeongguk quanto naquele momento.

[ ° ° ° ]

Retiro o que eu disse.

Nunca quis tanto beijar as lindas bochechas de Jeon Jeongguk quanto naquele fatídico momento onde, depois de enfim terminar de ler a porcaria daquela história, decidi que deveria ir até Jimin o mais rápido o possível.

No restante do conto, dizia que o homem avermelhado, para dificultar a vida das reencarnações do anjo e do demônio, lhes tinha feito não apenas ter inúmeros déjà vús, mas também nascer com uma forte atração um pelo outro.

Ele queria que tudo desse errado, queria que as consequências daquela união viessem e destruíssem o conto de fadas que, talvez, aquelas duas pessoas poderiam vivenciar.

Porém, o ser que vivia acima das nuvens dos céus e que havia sido o responsável pela segunda chance que o pequeno anjo tivera, percebeu o que o homem avermelhado estava tentando fazer.

devil's garden | yoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora