Ela depositou mais um beijo no outro canto de meus lábios e manteve o rosto colado ao meu, de forma que seus cílios fizessem cócegas em minhas pálpebras. Tudo em mim parecia tão quente que eu temia uma queda de pressão a qualquer instante
Como se todo o resto não bastasse para me enlouquecer, ela começou a gemer perto de meu ouvido, deixando-se levar pelo efeito de seus movimentos em seu próprio corpo. Mordi meu lábio com força, respirando fundo e de olhos fechados, imaginando o que seria de mim quando eu realmente estivesse dentro dela. Se já me encontrava naquele estado com uma mera simulação...
– Eu preciso... – murmurei, levando uma de minhas mãos até seu cabelo e prendendo algumas mechas em meu punho. Não consegui terminar a frase, pois já estava atingindo o limite de meu autocontrole, mas não precisei. Ela também precisava.
Numa sequência de movimentos desajeitados e apressados, removemos o resto de minhas roupas; porém havia mais um problema.
– A camisinha – ela disse, assim que nos vimos livres de qualquer vestimenta – Eu já volto.
Rosnei todos os xingamentos que conhecia ao vê-la correr para fora da cozinha e subir as escadas, levando uma das mãos à cabeça e puxando os cabelos para trás. Lancei um olhar constrangido à situação entre minhas pernas, nem um pouco satisfeita com a interrupção, e fechei os olhos, tentando recuperar um pouco do fôlego e frear os pensamentos impuros que bombardeavam minha mente. Se ela demorasse a voltar, eu acabaria terminando o trabalho sozinho, num ato totalmente involuntário.
Poucos segundos se passaram até que ouvi passos apressados se aproximando, e se a imagem de (S/N) correndo até mim, sem roupas, rasgando a pontinha da embalagem da camisinha com os dentes não fosse trágica, teria sido cômica. E muito excitante em algum momento posterior, sem dúvida alguma.
Ela retomou sua posição em meu colo, habilmente lidando com o preservativo, e ambos soltamos suspiros aliviados que mais pareceram risinhos torturados quando tudo estava certo. Acariciei suas coxas, inclinando a cabeça em sua direção e roubando um rápido, porém intenso beijo para refrescar nossas memórias. Num movimento simples e fácil, tão natural quanto respirar, eu estava dentro dela.
Unimos nossas testas, ambos com os lábios entreabertos em êxtase, e permitimos que nossos corpos absorvessem todas as sensações que explodiam dentro de nós. Uma vez recuperada do furor inicial, ela voltou a se mover sobre mim, da mesma forma que fazia por sobre minhas roupas. Seus braços envolveram meu pescoço, apoiados em meus ombros para ajudá-la a tomar impulso, e minhas mãos recaíram sobre sua cintura, guiando seus movimentos; sem mais floreios, transamos no meio da cozinha.
O calor que me preenchia se tornou ainda mais insuportável adicionado ao calor que vinha de dentro dela. Seu corpo me abraçava, por dentro e por fora, transformando-se numa nova atmosfera sem a qual eu sufocaria e que ao mesmo tempo me levava cada vez mais para perto de uma espécie de morte. Eu não me julgava capaz de suportar toda a intensidade que ela compartilhava comigo a cada som rouco que escapava de sua garganta, a cada sopro de ar quente que acarinhava meu rosto, a cada espasmo interno de seu corpo, que eu também sentia. Naquele momento, que pareceu se desenrolar em velocidade reduzida, eu tive certeza de que se eu estava doente, ela era a cura, e de que se ela era o meu fim, ela também era o meu começo.
Ela era tudo, e se eu tivesse que viver sem ela mais uma vez, nada me restaria. Nem eu mesmo; tudo ficaria com ela.
Apesar do ritmo acelerado de nossos corpos, levei meus lábios até os dela, e coloquei neles tudo o que tinha. Apertei sua cintura com força, colocando na ponta de meus dedos tudo o que tinha. Abri meus olhos por um instante, bem a tempo de observá-la atingir o clímax novamente, e coloquei neles tudo, tudo o que eu tinha.
Era tudo dela, de qualquer forma. E eu não queria que fosse diferente.
Meu ápice veio logo em seguida, acompanhado de um beijo demorado no pescoço. (S/N) descansou a cabeça em meu ombro, mantendo o rosto escondido onde seus lábios ainda repousavam vez ou outra, e eu acariciei suas costas, aos poucos retornando do estado de graça ao qual ela havia me elevado.
– Lembre-se de colocar algumas camisinhas no kit de primeiros socorros a partir de hoje – ofeguei quando fui capaz de raciocinar claramente outra vez, após beijar seu ombro.
– As desvantagens de transar em lugares não convencionais – ela riu, com a voz serena – Nada com o que já não estejamos acostumados.
Sorri ao ouvir seu comentário, aliviado por poder finalmente revisitar nossas memórias sem ser instantaneamente esmagado por toda a culpa e sensação de desmerecimento. Tudo parecia tão ridículo de minha parte... Tentar mudar quem eu era, tentar adotar uma nova postura, tão radicalmente diferente da minha, por um erro do passado que havia retornado para acertar as contas e que era completamente desvinculado do resto. Ela esteve certa o tempo todo. Eu precisava viver por mim, não pelos outros, nem mesmo por ela – por mais que tal noção me parecesse um tanto difícil de aceitar, já que meu amor por ela vinha sendo grande parte de mim há alguns anos, e ainda que um dia ele deixasse de existir, eu simplesmente não conseguia me ver desligado de sua vida. Ainda que no futuro eu deixasse de amá-la, por qualquer motivo que fosse, eu sentia em meus ossos que continuaria fazendo o que me fosse possível por ela.
– A propósito, obrigada... – ela murmurou, e sua voz tão próxima me trouxe de volta à agradável realidade – Pelo curativo.
Peguei sua mão e a ergui até meu rosto, beijando a ponta de cada dedo com calma e, por fim, o esparadrapo em sua palma.
– Sempre que precisar, é só chamar – brinquei, fitando nossos dedos entrelaçados.
(S/N) afastou o rosto de meu pescoço para me olhar, com uma sobrancelha erguida em tom provocativo.
– Pode deixar – ela disse, abrindo um sorriso malicioso – Eu vou chamar.
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Biology II
FanfictionTodos os problemas pareciam superados... Pelo menos os problemas que não não existiam.