Meus olhos estavam grudados há cerca de sete minutos no relógio quando enfim a campainha de minha casa tocou. Levantei num pulo e corri até a porta, abrindo-a e deparando-me justamente com quem esperava ver.
– Você veio – suspirei, aliviada – Obrigada.
Elliot arregalou os olhos, ligeiramente assustado com meu desespero evidente.
– Do jeito que você falou, parece que eu tenho um ótimo motivo para estar aqui – ele deu de ombros, entrando em minha casa sem precisar de permissão – Se não for ótimo, ao menos deve ser importante.
Tranquei a porta e me virei em sua direção, a tempo de vê-lo observar minha sala de estar com uma expressão um tanto desgostosa. Após a breve inspeção, ele girou em seus calcanhares e voltou a me encarar, com um sorrisinho ameaçador.
– E se não for nem ótimo, nem importante, que seja ao menos útil.
Engoli em seco, prevendo o quão difícil seria convencê-lo a acreditar no que estava por vir. Se até mesmo eu tive problemas para aceitar que o relato de Harry podia ser verdadeiro, Elliot, cético do jeito que era, e estando bem mais envolvido no caso desde o início… Mas eu precisava tentar. Era minha única chance. Mamãe estava trabalhando, e eu havia pedido a Niall um tempo para mim mesma naquela tarde, que ele prontamente concedeu. Eu não queria ter que mentir para ele, mas também não queria que tamanha revelação acontecesse antes que eu tivesse alguma confirmação em mãos. Não tive escolha. Eu não teria outra oportunidade de conseguir um aliado essencial naquele emaranhado em que Harry me metera. Eu faria de tudo para que Elliot acreditasse em mim, pelo menos o suficiente para me ajudar a me livrar daquela situação.
– Eu espero que seja pelo menos uma dessas coisas – respondi num tom inseguro, e ele reforçou seu sorriso homicida – Por favor, sente-se. Quer um copo d’água?
– Não, obrigado, eu quero que você vá direto ao ponto – ele rebateu, sem papas na língua, acomodando-se numa poltrona – Desembucha, criatura. Todo esse seu nervosismo está me deixando nervoso.
Ele olhou para o teto e bufou, situação que seria cômica devido a seus trejeitos extremamente dramáticos, porém, como ele mesmo havia notado, eu estava ansiosa demais para rir. Respirei fundo e me sentei no sofá. Abri a boca para iniciar o discurso que havia ensaiado cuidadosamente, mas ele me interrompeu.
– Quero deixar bem claro que se isso tiver a ver com o Ben, não precisa nem começar. Sem chance.
Arregalei os olhos, sentindo meu coração acelerar, e notando o choque em meu rosto, Elliot se explicou:
– Não vou te ajudar a fazer o Niall mudar de ideia. Ele finalmente assumiu o filho, e embora seja grato por você ter contribuído para isso de certa forma, não vou deixar que o faça voltar aos antigos hábitos só porque suas vidinhas de pombinhos apaixonados ficarão mais fáceis sem uma criança pendurada em sua perna.
Pisquei algumas vezes, esforçando-me para assimilar o que ele dizia. Levei um tempo para reagir.
– Você acha que eu te chamei aqui porque quero que o Niall abra mão do filho?
Elliot ergueu as sobrancelhas diante de minha perplexidade, e a seriedade em seu rosto quase me fez cair no riso.
– Você pareceu ser uma boa pessoa quando nos conhecemos, mas isso não significa que realmente o seja – ele disse, sem pestanejar – Sei bem o tipo de pessoa que Niall costuma atrair, e pode ter certeza de que tenho meus meios de tirar o coração dele de suas mãos num piscar de olhos.
A vontade de rir passou imediatamente ao ouvir suas palavras e a firmeza com as quais foram ditas. Balancei negativamente a cabeça, e tratei de me explicar:
– Não… Eu jamais faria isso. Concordo que Niall deva pelo menos tentar ser um pai para seu filho. Não foi por isso que te chamei aqui.
– Hm – ele me examinou por mais um instante antes de voltar a esvaziar sua expressão, sinal de que minha sinceridade o havia convencido – Então, por favor, me diga, (S/N)… Por que você me chamou aqui?
Engoli em seco novamente, e comecei a falar.
– Eu preciso da sua ajuda.
Elliot revirou os olhos.
– Essa parte eu já entendi, você não parava de repetir isso ao telefone.
– Desculpe – suspirei, sentindo a vergonha começar a arder em meu rosto – É que… Eu não sei bem por onde começar.
– Minha opinião? Comece pelo começo – disse ele, e eu não pude evitar revirar meus olhos também – É sério! Pode parecer um tanto conservador da minha parte, mas tudo bem, qualquer coisa pra te tirar dessa agonia, mulher!
Após algumas risadas nervosas, enfim consegui começar – pelo começo, como ele havia aconselhado. Expliquei tudo o que estava acontecendo, desde o primeiro momento em que Harry me procurou até o mais recente acontecimento, na manhã seguinte à festa de Dianna. A cada palavra, o choque estampado em seu rosto apenas aumentava. O ápice da conversa, que mais parecia um monólogo, salvo algumas interrupções incrédulas, foi, como esperado, a suposição de que Harry era o verdadeiro pai de Ben.
– Mas isso é impossível! – Elliot exclamou, já de pé a essa altura, incapaz de permanecer sentado – Um exame de DNA foi feito assim que Ben nasceu!
Meu queixo foi parar no chão ao ouvir aquilo.
– Vocês fizeram um exame de DNA? – gaguejei, e ele confirmou com a cabeça – Acho que Harry não sabe disso. Ele me disse que Niall e o resto da família simplesmente acreditaram no que ele contou porque Emily corroborou sua história.
– Sim, nós acreditamos neles, mas tínhamos que ter certeza mesmo assim. Mamãe fez questão do teste!
Cobri o rosto com as mãos, tentando entender o que levara Harry a agir daquela forma, sendo que não havia mais discussão: ele não podia ser pai de Ben.
– Posso tentar trazer o resultado do exame ainda essa semana para que ele o veja e desista de uma vez dessa loucura – Elliot adicionou, e eu assenti.
– Por favor. Mas traga também uma amostra de DNA de Ben, só para o caso de ele querer me enrolar de novo e dizer que… Sei lá, o resultado foi falsificado ou algo do tipo. Eu não vou aguentar ser arrastada para esse joguinho sem sentido de novo.
– Tudo bem… Mas por que ele está fazendo isso? Ele perdeu a cabeça de vez? Junto com sua fertilidade? Se é que essa parte é verdade… Se é que alguma parte desse discurso maluco é verdade.
– É, sim… Pelo menos essa parte é. Por mais que ele pareça um lunático ou um psicopata, esse tipo de coisa não se finge. A tristeza, a frustração no rosto dele era real.
– Então qual é o sentido disso? Por que ele quer roubar o filho do próprio amigo, ou melhor, ex-amigo, se sabe que não tem a menor chance de conseguir?
– Eu também não sei, Elliot – falei, observando-o andar de um lado a outro – Mas depois do que aconteceu neste fim de semana, não tenho outra escolha senão descobrir.
– Você acha que ele iria tão longe somente para arruinar sua vida? E mesmo que fosse, afirmar que é pai do garoto não tem qualquer impacto negativo no seu relacionamento com Niall. Nada disso faz sentido…
Após um suspiro profundo, Elliot parou ao lado da poltrona que há pouco ocupava e devolveu meu olhar paciente com um extremamente confuso.
– Sei disso – disse, dando de ombros – O que me leva a concluir que eu não sou o alvo de Harry… Niall é.
Ele considerou minha hipótese por um momento antes de falar.
– Pode ser. Afinal de contas, eles se conheceram muito antes de você aparecer… Talvez o que mais o feriu não foi sua traição, mas a do melhor amigo.
– Ou talvez ele realmente esteja dizendo a verdade, ou o que acha que é verdade – adicionei, disposta a expor todas as possibilidades que já tinha analisado antes de saber sobre o exame, e que a cada vez que as repassava mentalmente, mais indicavam o caminho que parecia plausível – Como eu disse, se ele realmente quisesse machucá-lo, existem maneiras bem mais fáceis e eficazes de fazê-lo. Não estou falando que receber a notícia de que não é pai de Ben seria fácil para Niall depois de tudo isso, mas pelo que conheço da fúria de Harry, ele iria bem mais longe para atingi-lo.
Mais um instante de ponderação, e Elliot assentiu.
– Tem razão… O que nos deixa com uma opção…
Completei sua frase ao perceber que ele hesitava em dizer as palavras.
– Harry tem motivos concretos para achar que é o pai de Ben.
Ele fechou os olhos ao me ouvir, e voltou a se sentar na poltrona. Deixei que as consequências implícitas naquela constatação se revelassem em sua mente, e aos poucos ele voltou à realidade.
– Se existe alguma chance de que ele esteja certo, então minha irmã… Minha própria irmã teria mentido para mim… Teria mentido para todos nós.
Concordei com a cabeça, sem saber o que dizer para atenuar sua decepção. Porém, ao perceber que ele não pretendia por um fim em seu silêncio, voltei a argumentar.
– Entende por que te chamei aqui agora? Entende o que isso pode significar? Eu não posso fazer isso sozinha.
– Não, você não pode – ele reagiu, enfim se recuperando do impacto que o emudecera – Niall precisa saber.
– Eu concordo, mas Harry me proibiu de contar a ele, pelo menos por enquanto – rebati de imediato – E não estou em condições de desafiá-lo, não depois do susto que ele me deu só para me convencer de que estava falando sério. Seja lá o que o faz ter tanta certeza de que é o pai, não vai ser fácil convencê-lo do contrário.
– Tudo bem… Talvez seja até melhor procurarmos resolver isso sem causar tanto alarde.
– Exato. Tanta coisa pode dar errado se Niall descobrir… Primeiro, ele não acreditaria no que disséssemos, e mesmo que acreditasse, se soubesse que me encontrei com Harry e que tudo isso aconteceu em segredo… Fora a tristeza de, na pior das hipóteses, descobrir que tanto o melhor amigo quanto sua própria prima mentiram para ele e para todos no passado, e continuaram mentindo até agora…
– Temos que agir com cuidado – Elliot concordou, com o olhar compenetrado fixo no chão – Mas quando Harry finalmente admitir que está mentindo, você tem que abrir o jogo com Niall. Ele não pode mais te manipular desse jeito. Você não pode viver com medo dele.
– Eu sei – respondi, querendo mais do que tudo me libertar daquela chantagem absurda – É o que pretendo fazer.
Ficamos em silêncio por um breve instante, até que ele se levantou e respirou fundo antes de se pronunciar.
– Bem… Nos falamos novamente em breve, e marcamos outro encontro para que eu te entregue o exame e a amostra.
Também fiquei de pé, e um sorriso aliviado, ainda que tenso, surgiu em meu rosto. Dividir aquele fardo com mais alguém já fazia uma enorme diferença, e eu me sentia muito mais segura, mesmo que não tivéssemos tomado muitas decisões.
– Muito obrigada, Elliot. Sabia que poderia contar com você para resolver isso.
Ele deu de ombros, voltando a exibir sua atitude blasé.
– Só estou fazendo isso porque amo meu sobrinho – foi sua resposta, com a qual concordei ao assentir – E também por que… Se existe a menor chance de que eu tenha sido responsável por envolver Niall ainda mais nessa possível, embora improvável, mentira, o mínimo que posso fazer para me redimir é desfazê-la.
– Eu também fui responsável por isso – murmurei, prevendo o arrependimento que sentiria caso tudo o que Harry disse se confirmasse de alguma forma – Seja qual for o resultado do exame que imagino que Harry insistirá em fazer, nós faremos a coisa certa, assim como fizemos da primeira vez. Tanto Ben quanto Niall merecem a verdade.
Elliot concordou com um aceno de cabeça e se dirigiu à porta, seguido por mim. Despedimo-nos brevemente, e assim que voltei a me acomodar no sofá, meu celular tocou. Por um momento, temi que fosse Harry, prestes a me atormentar, mas logo que li o nome no visor, relaxei novamente.
– Como adivinhou que estava pensando em você? – sorri assim que atendi.
– E por acaso você pensa em outra coisa? – ouvi Niall indagar do outro lado da linha, e seu tom extremamente convencido me fez revirar os olhos.
– Posso começar a pensar a partir de agora – rebati, fingindo seriedade, e ele apenas riu.
– Como você é má… Que tal guardar um pouquinho dessa rebeldia para mais tarde?
Ergui as sobrancelhas de imediato, e mordi o lábio inferior para disfarçar um sorriso; mesmo sabendo que ele não o veria, sabia que ele o perceberia em meu tom.
– Ah, é? Então você tem planos para mais tarde?
Niall hesitou brevemente antes de responder, e quando o fez, foi impossível não me derreter sobre as almofadas ao ouvir o charme em sua voz.
– O plano até então era fazer um jantar especial pra você, mas se estiver disposta a estender a noite, podemos estender os planos também…
Fechei os olhos por um momento e flashes da noite maravilhosa que muito provavelmente teríamos inundaram minha mente, afogando qualquer outra preocupação que ainda pudesse me atormentar. Ele sempre conseguia me fazer flutuar acima de qualquer problema, sempre tirava meus pés do chão, fosse literalmente, ao me carregar em seus braços como ambos adorávamos que fizesse, ou metaforicamente, como naquele instante, em que apenas ouvi-lo dizer qualquer bobeira pelo telefone já me fazia um bem incrível.
– Um jantar especial para mim… Parece um plano maravilhoso – suspirei, voltando a encarar o teto com um sorriso apaixonado no rosto – Tenho quase certeza de que estarei disposta a estendê-lo.
– Quase certeza? – ele repetiu, fingindo estar ofendido – Como você é má…
Apenas ri de sua queixa, levando a mão livre à gola de minha camiseta e brincando com ela como costumava fazer com a dele sempre que tínhamos nossos momentos de fofura infinita. Estávamos separados há cerca de três horas e eu já sentia uma saudade imensa. Como sobrevivemos três meses longe um do outro era e sempre seria um mistério sem resposta para mim.
– Você é que é mau… Malvadão, pra ser mais exata – murmurei, falando de forma exageradamente sensual para causar a reação que esperava: um breve, porém hilário silêncio, quebrado por minhas gargalhadas e sua promessa nem um pouco falsa.
– Vou te mostrar o malvadão.
– Mal posso esperar – falei, sentindo meu corpo esquentar de leve ao ser pega de surpresa por uma imagem mental especialmente impactante – Que horas você vem me buscar?
– Te pego às sete.
Não pude evitar a resposta monossilábica e extremamente infantil que se seguiu.
– Ui.
– Pirralha, pelo amor de Deus – Niall pediu, e o suspiro que antecedeu suas palavras denunciou que eu não era a única com saudade – Você sabe que eu já tenho a mente poluída naturalmente. Com você fazendo seis comentários maliciosos por minuto, o jantar vai virar chá das cinco.
– Você é que insistiu em interromper o café-da-manhã na melhor parte… – falei, manhosa, me espreguiçando no sofá, o que fez com que minha voz saísse ainda mais sugestiva – E nós dois sabemos que é a refeição mais importante do dia. Não me culpe por ainda estar faminta.
Ele apenas soltou um risinho baixo, que me permitiu visualizar com clareza o que ele provavelmente estava fazendo naquele instante: cobrindo parte do rosto com uma mão e lutando contra o impulso de antecipar nosso reencontro. Parte de mim quis que ele o fizesse, mas Niall parecia empenhado em não apressar as coisas.
– Como você é… Má – ele resmungou entre dentes, arrancando ainda mais risos de mim – Vou te deixar refletir sobre sua malvadeza enquanto me espera, senão vai acabar me convencendo a estender ainda mais os planos pra antes do jantar também.
– Não sou eu que estou reclamando… – comentei, e ele apenas soltou um grunhido ininteligível antes de desligar. Minhas bochechas começavam a doer de tanto esforço, mas eu continuava sorrindo mesmo assim, com o coração acelerado, ansioso para que as horas passassem e pudéssemos nos ver de novo. Somente um tempo depois, percebi que durante a ligação, minha mão foi da gola da camiseta até o pingente de tartaruga pendendo de meu pescoço e o apertou, totalmente sem querer. Tal coincidência apenas intensificou minha felicidade, assim como a vontade de tê-lo ao meu lado.
Não é que essa coisa de talismã realmente funcionava?
Desci as escadas ainda colocando os brincos ao ver o carro de Niall pela janela. Mamãe já havia chegado e sabia que eu não jantaria em casa, e que provavelmente também não dormiria lá.
– Cuide-se! – disse ela ao me ver correr até a porta. Assenti depressa e saí, deparando-me com Niall na calçada, prestes a vencer a curta distância até a campainha.
– Uau, quanta pressa! – ele sorriu, apenas abrindo os braços para que eu me atirasse neles – Boa noite para você também.
Abracei seu pescoço enquanto ele fazia o mesmo com minha cintura, erguendo-me do chão.
– Talvez eu devesse parar com esse costume de sair correndo dos lugares e te atacar antes mesmo ou logo depois de você sair do carro, não acha? – sussurrei em seu ouvido, sabendo exatamente que memória essa pergunta traria à tona, e adorando cada segundo de sua reação.
– O que você tem hoje? Não para de me provocar nem por um segundo… – Niall suspirou, permitindo que meus pés tocassem o solo outra vez.
– Nada, só senti sua falta – respondi, dando de ombros, e ele ergueu as sobrancelhas, assentindo de leve – Isso, e eu estou com fome.
Ele revirou os olhos, já esperando a segunda metade de minha explicação.
– Ah, sim, sabia que tinha algo a mais! Era muito amor pra ser verdade.
– Bobo! – exclamei, dando um tapa em seu braço, e antes de me dirigir ao lado do carona do carro, adicionei – Eu não disse de que estava com fome.
Olhei por sobre o teto do automóvel para Niall, que ainda processava o significado nada oculto de minhas palavras, e dei uma piscadela antes de abrir a porta e entrar, logo sendo seguida por uma versão levemente distraída dele.
O caminho foi rápido e tranquilo. Reservei minhas energias para quando chegássemos a seu apartamento, pela primeira vez desde seu aniversário. Aquela lembrança parecia tão distante agora… Desde então, passamos por mais tormentas do que poderíamos ter imaginado. Queria criar muito mais lembranças felizes naquele lugar que significava tanto para nós, que fazia parte de nossa história, e a noite que estava apenas começando seria exatamente isso: o começo. Um recomeço.
Caminhamos de mãos dadas pela garagem de seu prédio até o elevador, e enquanto subíamos até seu andar, ele me puxou para si, com seus olhos azuis cada vez menos visíveis à medida que seu sorriso aumentava, nitidamente tão feliz quanto eu por podermos voltar àquele apartamento e apenas aproveitarmos a presença um do outro.
– Algo parece diferente – murmurei, após caminhar pela sala e colocar minha bolsa numa das poltronas – Você mudou alguma coisa?
Niall negou com a cabeça, ainda parado diante da porta do elevador, me observando.
– Tudo está do jeito que você deixou.
Meu olhar encontrou o dele, ambos subitamente melancólicos. Sua escolha de palavras pareceu fazer com que toda a dor deixada para trás voltasse às nossas mentes por um instante, mas agora tudo era suportável. Estávamos juntos de novo, nada daquilo doía como antes, e se ainda doía, era só porque lamentávamos todos os motivos que causaram nosso afastamento, não por algum ressentimento restante.
– Pode até ser – respondi baixo, pousando uma mão no encosto do sofá como se cumprimentasse a mobília – Mas algo está diferente, com certeza… Porque não somos mais os mesmos que deixamos.
Ele me encarou por alguns segundos, com as mãos nos bolsos da calça e uma sombra de um sorriso triste no rosto, até que percorreu a breve distância entre nós e me beijou sem cerimônias. Respirei fundo ao sentir seus lábios nos meus, correspondendo na mesma intensidade.
– Estou feliz por poder te trazer aqui de novo – ele sussurrou, com o rosto ainda próximo do meu, de olhos fechados e testa franzida, como se o que dizia fosse de extrema importância (e de fato, era) – Esse lugar não faz sentido sem você.
Levei minhas mãos até seu pescoço, acariciando suas bochechas com meus polegares. Beijei o canto de sua boca antes de falar.
– Também estou feliz. Nada faz sentido sem você.
Niall abriu os olhos, como se precisasse ter certeza de que seus ouvidos não o enganavam. O sorriso tímido que encontrou em meu rosto foi confirmação suficiente para convencê-lo de que era tudo verdade.
– A cada frase que sai da sua boca, mais eu quero esquecer o jantar e partir para a sobremesa – ele soprou contra meus lábios, ao mesmo tempo em que suas mãos subiam por minha cintura e me traziam para perto de si.
– Podemos fazer isso, se você quiser – sugeri, bastante interessada na alternativa. Niall sorriu, quase derrotado, mas inclinou a cabeça para o lado e preferiu se manter fiel ao plano original, depositando um beijo rápido em meu ombro antes de seguir para a cozinha.
– Fique à vontade – ele disse ao se afastar – E eu não quero dizer “nua”, pelo menos não por enquanto.
Suspirei profundamente, amolecida pela intensidade do momento, e me deixei cair no sofá, rindo de seu comentário deveras relevante. Minutos depois, fui presenteada com uma taça de vinho branco e um aviso de que o jantar logo estaria pronto.
– O cheiro está ótimo – elogiei ao unir-me a ele na cozinha, abraçando-o por trás e encostando a cabeça em suas costas – O que está preparando?
Ele agradeceu com um aceno de cabeça.
– Um passarinho muito simpático e bonito me contou que você curte um macarrão com brócolis ao molho branco…
Meu queixo atingiu o chão, e mesmo sem me ver, ele riu, percebendo minha surpresa.
– Eu não acredito! Mas… Mas quem… – gaguejei, tentando descobrir a quem ele se referia, mas logo a ficha caiu, e quando voltei a falar, minha voz estava levemente esganiçada devido à empolgação (e às duas taças de vinho que havia tomado) – Minha mãe! É claro!
Niall assentiu, ainda rindo e trabalhando no jantar.
– Agradeça a ela depois, mas só se eu acertar a receita. É fácil, mas ando meio enferrujado na cozinha.
Balancei a cabeça, incrédula.
– Você e minha mãe trocando receitas… Que másculo, amor – brinquei, massageando seus ombros. Ele revirou os olhos, sem se deixar afetar.
– Sou másculo, mesmo, e não preciso coçar o saco ou dar um tapa na sua bunda a cada cinco minutos para provar isso – Niall retrucou, indo até o fogão e desligando a última boca ainda acesa após provar do molho na panela – Posso trocar receitas com sua mãe e te levar ao orgasmo várias vezes depois de um jantar incrível inteiramente preparado por mim.
Engoli em seco ao receber uma resposta tão complexa para meu comentário babaca, e dessa vez ele piscou para mim.
– Por favor, leve seu lindo rostinho perplexo até a sala, porque o jantar está pronto e a mesa estará posta em breve.
Obedeci mecanicamente, um tanto atordoada por sua eloquência, e somente quando voltei a me sentar no sofá, questionei o óbvio.
– Mesa? Mas você não tem uma mesa de jantar… Sempre comemos na bancada da cozinha.
Niall olhou por sobre seu ombro e fez cara de espanto.
– Bem lembrado! O que será que eu quis dizer com isso?
Franzi a testa, ainda mais confusa, mas não por muito tempo. Logo ele veio até mim, e sem dizer mais uma palavra, me conduziu pelas mãos até o andar de cima e seguiu até a área externa da cobertura, na qual uma mesa para dois estava posta, exceto pelos pratos ainda esperando na cozinha. Havia duas velas no centro da mesa, acompanhadas por talheres, taças, guardanapos, e uma garrafa de vinho devidamente posicionados.
Sua insistência em nos mantermos civilizados antes do jantar fazia todo o sentido do mundo agora.
– Niall… – suspirei, sem conseguir disfarçar minha comoção – Isso é…
– Cafona? – ele completou num risinho envergonhado.
– Lindo – corrigi, após respirar fundo e recuperar a capacidade de pensar com clareza – Isso é lindo. Não acredito que preparou tudo isso para nós dois.
– Pois é… Másculo, não? – ele perguntou, totalmente irônico, parecendo verdadeiramente nervoso com a situação agora que tudo fora revelado.
Lancei-lhe um olhar repreensivo, nem um pouco satisfeita com sua brincadeira.
– Se quer saber, é, sim – rebati, envolvendo seu pescoço com meus braços e afagando os cabelos de sua nuca com meus dedos enquanto o olhava com firmeza e sinceridade – Você pode preparar um jantar à luz de velas para sua namorada e ter uma noite de sexo inesquecível com ela depois de fazê-la se apaixonar ainda mais por você.
Encostei meus lábios nos dele num beijo breve e suave, porém significativo. Niall suspirou aliviado, mais confortável após minha reação positiva.
– Obrigado por não tirar sarro de mim quando eu faço caretices – ele sorriu, acariciando meus braços – Eu só achei que seria legal um pouco de tranquilidade depois de… Depois de tudo isso.
– Acertou na mosca, como sempre – respondi, com todo o carinho do mundo – Obrigada por ser tão atencioso.
Tudo ia muito bem, nós dois sorríamos feito idiotas, até que meu estômago roncou estupidamente alto e caímos no riso.
– Vou buscar os pratos antes que você me confunda com o jantar – Niall riu, se afastando depois de um selinho – Mas primeiro, sente-se, mademoiselle.
Ele indicou a mesa com um gesto, e eu fui a uma das cadeiras, deixando-o empurrá-la para mim como sempre fazia quando comíamos fora. Erguendo o indicador para sinalizar que voltaria logo, ele seguiu para o primeiro andar do apartamento, e eu aguardei seu retorno sem conseguir parar de sorrir.
– Bon appetit! – ele disse ao enfim se sentar diante de mim, servindo-nos o vinho. Erguemos nossas taças e apenas brindamos, sem dizer uma palavra. A felicidade radiante em nossos olhos já era suficiente.
O jantar estava delicioso. Ridiculamente delicioso. Talvez fosse o vinho, talvez fossem as velas, talvez fosse o céu sobre nossas cabeças, ou o vento acariciando meus cabelos, ou uma combinação de todos esses fatores; tudo o que eu sabia com certeza era que aquele noite estava perfeita, em todos os detalhes, e eu não queria que ela acabasse nunca.
– E então, me saí bem como chef? – Niall suspirou, unindo-se a mim no deck após terminarmos de jantar. Seu queixo repousou em meu ombro, e eu sorri ao sentir seus braços me envolverem, com o olhar perdido na cidade iluminada que se estendia diante de nós, parecendo não ter fim.
– Muito bem – respondi baixo, cobrindo suas mãos com as minhas sobre minha barriga – Estava ótimo.
– Agora me diga uma coisa, e por favor, seja sincera.
– Hm?
– Ficou melhor, igual ou pior que o da sua mãe?
Fechei os olhos, rindo fraco de sua pergunta. Esperei um tempo para dar o veredicto, só para aumentar o suspense.
– Melhor que o da minha mãe.
A resposta definitivamente o surpreendeu.
– Melhor que o da sua mãe? – ele repetiu, incrédulo – É sério?
Virei-me de frente para ele, passando meus braços por debaixo dos seus e entrelaçando os dedos sobre suas costas. Sua alegria por ter superado as expectativas era sincera, além de óbvia em seu sorriso pasmo.
– Seríssimo – confirmei, aproximando meu rosto do dele e roubando um beijo rápido – Só não conte a ela que eu disse isso… Sabe como é, pode chateá-la.
Niall assentiu prontamente, fingindo seriedade.
– Minha boca é um túmulo.
Fiz cara de nojo, e ele logo previu o que viria.
– Espero sinceramente que não! – exclamei, fazendo-o revirar os olhos, e sussurrei o resto de minhas palavras ao pé de seu ouvido – Tenho ótimos planos para ela.
– Eu também – ele retrucou, segurando meu rosto com as duas mãos e trazendo minha boca de volta para perto da dele. O beijo que inevitavelmente se seguiu começou calmo, porém logo evoluiu para um longo e intenso, com provocações sutis, risinhos, suspiros e leves puxões de cabelo de ambas as partes. Todo o clima romântico que ele havia construído apenas alimentava o desejo que nos preenchia, de forma torturantemente lenta, fazendo com que cada toque causasse batimentos cardíacos mais acelerados e o oxigênio mais rarefeito em nossos pulmões, apesar de estarmos ao ar livre.
– Na verdade… Eu ainda tenho mais uma coisa pra te dar – Niall murmurou, segurando meu pulso ao sentir minha mão atingir o cós de sua calça.
– Mais uma coisa? – repeti, sem fôlego, esforçando-me ao máximo para frear meus impulsos, e ele assentiu – O que é?
– Espere aqui, eu já volto.
Antes que eu pudesse protestar – ou melhor, antes que pudesse ser convencido a ficar por meus protestos –, ele voou para dentro, e só então consegui respirar normalmente. Toda aquela agitação, somada ao vinho que fazia um efeito considerável em meu sistema, fez com que meu corpo parecesse mais leve do que o normal, e minhas pernas, um tanto bambas. Caminhei calmamente até a espreguiçadeira mais próxima e me estiquei sobre ela, gostando da sensação que fechar os olhos e sentir a brisa noturna trazia.
– Nem pense em tirar um cochilo agora, mocinha – Niall falou, exasperado, ao ressurgir do apartamento alguns segundos depois, e eu mostrei a língua, embora sentisse as pálpebras pesadas demais para erguê-las – Não vai olhar o que eu trouxe?
Sem mais delongas, abri os olhos e me deparei com uma vasilha de vidro repleta de morangos em suas mãos, muito parecida com a que encontrei em meu furto à geladeira da casa de praia. Foi impossível não ser bombardeada pelas lembranças daquela noite, e da noite seguinte, e de tudo o que elas significavam para nós. Ele ocupou a espreguiçadeira ao lado da minha e colocou o recipiente em seu colo, observando minha reação. Mordi o lábio inferior, tentada pela cor e aparência mais do que convidativa de sua última surpresa, por mais que já estivesse satisfeita com o prato principal.
– Eu juro que a expressão “dar água na boca” foi inventada para esse momento – balbuciei, sem tirar os olhos do vermelho intenso. Niall riu baixo e pegou um dos morangos, mordendo-o com gosto. Cerrei os olhos, ofendida pela falta de consideração do anfitrião, embora soubesse que era (mais) uma provocação descarada.
– Desculpe, como sou rude – ele disse, num falso tom alarmado, ainda mastigando – Você quer um?
Um tapa no ombro foi a resposta que recebeu, rindo em seguida. Uni-me a ele na espreguiçadeira e logo roubei um dos morangos suculentos, revirando os olhos ao sentir o sabor delicioso em minha boca.
– Socorro, isso é muito bom – murmurei, apoiando a cabeça em seu ombro após morder o segundo morango. A essa altura, ele já abocanhava o terceiro, e eu já substituíra a vasilha por meu corpo em seu colo, colocando-a agora no meu. Niall concordou com a cabeça.
– Mas pode ficar melhor – ele disse, e pegando-me desprevenida, deslizou a parte ainda não devorada de seu morango sobre meu pescoço, deixando um rastro gelado sobre a pele, que ele não demorou a recolher com a língua. O ato inesperado fez meu coração voltar a bater depressa outra vez, arrepiou-me por inteiro. Sua boca, após percorrer a extensão de meu pescoço de baixo para cima, subiu por meu maxilar e não descansou até encontrar a minha, num beijo breve e quente. Aprisionei seu lábio inferior entre meus dentes ao encerrá-lo, e roubei um pedaço do morango que ele usara para me provocar, ainda em sua mão.
– Tem razão – respondi num sopro, observando-o comer o último pedaço restante – Pode ficar bem melhor.
Niall sorriu de volta para mim, com as pupilas dilatadas. Segurei seu pulso e trouxe sua mão para perto de meu rosto, de modo que pudesse envolver a ponta de seus dedos indicador e médio com meus lábios e livrá-los dos resquícios de morango neles, sem pressa. Seus olhos acompanharam todo o processo com extrema atenção, e se fecharam por uma fração de segundo quando passei a língua sobre a pequena quantidade de líquido que havia também em seu polegar. Ao terminar, dei de ombros, exibindo meu melhor sorriso inocente.
– Não é mesmo?
Ele respirou fundo, prendendo o ar por alguns segundos e depois o soltando na forma de um assovio baixo. Segurei um risinho e levei minha mão até a vasilha para pegar mais um morango, mas ele foi mais rápido.
– Permita-me – pediu, quase inaudivelmente, e eu assenti de leve. Ele levou a ponta do morango até minha boca e deslizou-a sobre meus lábios, hipnotizado pelo simples movimento. Lentamente, assim como tudo o que fazíamos naquele momento de plena instigação, abri a boca e mordi o morango inteiro de uma vez, sem interromper o contato visual. Niall engoliu em seco, sem conseguir tirar os olhos de mim enquanto eu mastigava devagar, saboreando cada pedacinho. Ao terminar, coloquei a vasilha no chão ao lado da espreguiçadeira e me rearranjei sobre seu corpo, colocando uma perna de cada lado de seus quadris.
Suas mãos imediatamente encontraram minhas coxas e as apertaram, deixando claro que a mudança o agradara. Acariciei seus braços e ombros, descendo por seu peito e abdômen; ele aproximou o rosto do meu com a intenção de iniciar um beijo, e eu o surpreendi ao empurrá-lo de volta para o encosto da espreguiçadeira.
– Você já fez muito mais que o necessário hoje – expliquei, erguendo uma sobrancelha em tom de superioridade – Agora relaxe e aproveite.
Devolvi a piscadela que ele havia me dado na cozinha numa versão muito mais sugestiva. Niall ergueu as mãos em rendição. Assenti uma vez, aprovando seu bom comportamento, e não hesitei em unir nossos lábios de novo, determinada a fazer todo o seu esforço para me agradar valer a pena. Enquanto minha boca o distraía, minhas mãos sorrateiramente escorregavam por seu tronco, desabotoando sua camisa pelo caminho, desafivelando seu cinto, depois abrindo o botão e o zíper de sua calça, se embrenhando sob o elástico de sua cueca, e então…
Um gemido rouco escapou de sua garganta, e um risinho satisfeito escapou da minha. Ele estava razoavelmente excitado, o que não me surpreendeu, porque eu também já sentia a antecipação correr em minhas veias. Envolvi sua base com meus dedos, com calma, aproveitando cada segundo de contato, e subi minha mão no mesmo ritmo até estimular sua glande com o polegar. Permiti que ele respirasse livremente e levei meus beijos até seu pescoço, sugando o lóbulo de sua orelha para logo em seguida começar a masturbá-lo, devagar de início, e acelerando à medida que seus protestos contidos se intensificavam.
Segui beijando seu peito, afastando a camisa de seus ombros com a mão livre para revelar mais de seu corpo, e fui descendo, deliciando-me com cada músculo que se contraía sob meu toque. Ao chegar a meu destino final, fixei meus olhos nos dele, semicerrados, por mais que suas pálpebras pesassem, e não ousei sequer piscar enquanto puxava o elástico de suas boxers para baixo e liberava sua ereção do apertado confinamento, apenas para colocá-la em outro, mais macio e agradável: minha boca.
Niall não resistiu à sensação inicial e jogou a cabeça para trás, completamente entregue. Uma mão cobria parte de seu rosto contorcido de prazer e a outra afagava o topo de minha cabeça conforme eu me movia e acariciava a parte inferior de seu abdômen e a parte interna de suas coxas por cima da calça. Por mais que quisesse me esforçar para mostrar como estava agradecida pela noite maravilhosa, não me pressionei a fazer meu melhor; deixei que minha mente rodopiasse, imersa em desejo, e apenas fiz o que tive vontade, por vezes cedendo às súplicas entrecortadas por suspiros dele, por vezes indo contra elas, o que o levava a reforçá-las com o dobro de urgência. Ele tentou me avisar que estava perto de atingir o limite, como costumava fazer caso eu quisesse terminar o serviço com a mão, mas dessa vez eu continuei, com mais empenho do que antes, até que ele se contorcesse sobre a espreguiçadeira e então relaxasse, sem fôlego.
Voltei a emparelhar nossos rostos, sorrindo vitoriosamente diante de sua expressão deslumbrada. Ele ergueu uma mão trêmula e acariciou minha bochecha, provavelmente tão corada quanto as dele, com o polegar, enxugando o canto de minha boca que havia escapado de minha rápida inspeção.
– Agora estamos quites – sussurrei, aconchegando-me em seu abraço sob as tímidas estrelas que brilhavam no céu. Niall balançou a cabeça negativamente, beijando o topo da minha.
– Depois disso, sinto que ainda estou em dívida – ele riu, com o coração acelerado debaixo de minha palma.
– Ainda temos a noite toda para igualar o placar – lembrei, e ele assentiu prontamente.
– Só me dê alguns minutos…
Ambos rimos de sua resposta ofegante, e algumas piadas sobre como “a terceira idade é a melhor idade!” depois, decidimos que era melhor buscar um preservativo antes de recomeçarmos, para que a cena patética em minha cozinha há alguns dias não se repetisse. Como estava em melhores condições de me mover, fui até o banheiro no andar de baixo, e ao sair de lá, ouvi o toque de meu celular na sala, abafado pela distância e por estar dentro da bolsa. Estranhei a ligação num horário tão incomum e decidi verificar quem era.
O jantar e a sobremesa quase voltaram por onde vieram quando li o nome no visor.
– Não – disse para mim mesma, recusando-me a olhar para o nome de Harry ou sequer me lembrar de sua existência por mais um segundo – Agora, não.
Esperei que a chamada fosse ignorada pelo aparelho e o coloquei no modo silencioso, disposta a esquecer que aquele momento tinha acontecido. Eu já havia desperdiçado tempo demais do meu dia (da minha vida) pensando nele, não deixaria que ele arruinasse a minha noite também.
Com um sorriso no rosto, voltei para a espreguiçadeira que Niall ainda ocupava, agora mais recomposto. Foi só sentir seus braços ao meu redor e a pequena irritação que brotara em meu peito se dissipou.
– Está tudo bem? – ele perguntou, franzindo a testa de leve, como se soubesse que algo havia perturbado nossa harmonia. Confirmei com a cabeça, olhando em seus olhos e me permitindo retornar à bolha de felicidade sem qualquer medo ou arrependimento.
– Sim – foi minha resposta, totalmente sincera – Está tudo perfeito.
Continua…Notas:
Então está aqui meninas, mais um capitulo!!! E vai ser assim vou continuar a postar apenas nas quartas. Bjooos amo vcs <33 Leiam minha fic, mas é minha msmo, autoria minha. E curtão, comentem o que acharam
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Biology II
FanfictionTodos os problemas pareciam superados... Pelo menos os problemas que não não existiam.