Dix-Neuvième Chapitre

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- Você está linda demais, Verena. - Pierre me diz quando saio do quarto devidamente arrumada a minha escolha. Sorrio atarantada.

Minha camiseta larga de botões me deixa tão a vontade, e a saia apertada marrom realçando minhas coxas me fazem sorrir. A sapatilha em meus pés é tamanho cômoda que sinto que foram feitas especialmente para eles.

- Nem precisa passar maquiagem. Seu rosto natural é muito belo. - Sorrio.

- Passei apenas um rímel. Estou sentindo meus lábios e pele bonitos hoje, quero deixá-los livres. - Falo sorrindo.

- Boa decisão.

Olho-me no espelho mais uma vez, eu estou muito bonita. Realmente muito bem. Não sei porquê, mas quando me sinto assim, bem, formosa, me sinto confortável não só esteticamente mas mentalmente também. É libertador.

Pierre já está pronto, não deixo de reparar como sua beleza está extraordinária hoje. O cheiro do seu perfume abraça minhas narinas e sua roupa é tão despojada e elegante ao mesmo tempo. Franceses e seu charme. Sorrio para ele.

- Você também está lindo. - Falo e ele sorri para mim, logo após de pegar as chaves do apartamento e seus pertences.

- Muito obrigada. - Ele diz e me estende a mão, - Vamos ?

Dou-lhe permissão, lhe estendo igualmente e tomamos juntos rumo ao elevador.

- Você conhece o endereço que te passei, não ?

- Sim, conheço... - Falo checando minha bolsa, - Qualquer coisa, o carro tem um sistema de GPS.

A porta se abre e dois pequenos meninos estão lá, segurando um patinete cada um. A maneira como estão providos nos assessórios os deixam mais fofos. Eu e Pierre entramos e ficamos cada um lado a lado das crianças.

Percebo que no trajeto, os pequenos me analisam e olham entre si. Sorrio me contendo. Falas aleatórias de crianças são as melhores possíveis, verdadeiras cartolas de mágico.

- Moça, você não é aquela que sai de dia e volta a noite ? - O mais velho, que deve ter por volta de 6 anos, me pergunta e se eu tivesse ingerindo alguma bebida, pode ter certeza que eu teria cuspido.

- Como ? - Pergunto meio abobalhada, Pierre contém a gargalhada.

- As vezes estamos brincando a tarde, depois da escola, e você está saindo de casa, aí bem a noite quando estamos nos preparando para ir dormir ouvimos você dizer boa noite para alguns vizinhos e o elevador te leva para cima de volta. - Enquanto o mais novo explica engasgo minhas palavras, tento raciocinar o quê vou responder e Pierre aperta o maxilar ainda se contendo.

- Sou. Sou sim. - Falo um pouco rapidamente, na verdade despejo as palavras ainda um pouco chocada com o raciocínio e percepção sábia de ambos. Minha mãe fala que não devemos subestimar crianças. Jamais.

- É ruim trabalhar a noite ? - O mais velho pergunta e sorrio para ele.

- Vezes sim, vezes não.

- Minha mãe e meu pai trabalham só de manhã. - Sorrio mais uma vez e passo a mão em sua pequena cabeça, tão ingênuo ainda.

Olho para Pierre e ele tem a mesma opinião que a minha, ele dá um sorriso singelo para as crianças.

- Por enquanto, eu trabalho apenas a noite. É o melhor turno.

- Nossos pais trabalham em um consultório médico. - O mais velho explica.

- Ela também, ela é uma enfermeira. - Pierre diz e as crianças  concordam achando bacana.

- Que legal. - Os dois dizem juntos e sorrio.

- É o horário do meu turno crianças. - Digo e eles parecem entender, talvez já tenham aprendido com os pais.

Pierre ri e disfarçadamente belisco seu braço. Ele massageia o mesmo e continua a um fio de rir. Mas no fundo ele respeita também a ingenuidade dos meninos, sou eu o mico.

A porta se abre e nos despedimos das crianças. É começo de tarde e eles aparentemente vão brincar um pouco. Olho para Pierre que enfim sorri.

- Ingenuidade é algo tão genuíno.

- O melhor foi você falar que também trabalho em um consultório. - Falo indo até meu carro.

- Queria o quê, Verena ? Que eu dissesse 'ela também trabalha em hotéis, casas, apartamentos, repúblicas, etc... meninos vocês não sabem de quantas pessoas essa alemã cuida.' - Pierre diz abrindo a porta do passageiro.

- Fica quieto. - Falo rindo e entrando.

Josh

Continuo procurando algum canal na televisão. Uma grande frieza está instaurada e a minha repugnância é nítida. Vejo Connor e Nicholas devimente arrumados e minha raiva só cresce.

- Não gosto desse seu perfume. Não tinha outra para passar ? - Connor pergunta ao final do corredor.

- Eu não passei para você sentir. - Nick responde e não deixo de sorrir com a resposta autêntica.

Eles realmente vão, vão e me deixarão aqui. Eu queria não me importar em não ser convidado, mas além do meu respeito e consideração por Diarra, tem também o fato de não ter sentido ela negar minha presença já que não tivemos problema algum. Foda-se Sabina. Se Nicholas e Hina tiverem problemas, eu ainda sim andarei com Hina.

- Ainda irritado pela festa de hoje ?

Connor pergunta e nem ao menos respondo. Às vezes penso que ele prefere ficar ao lado de Sabina. A incrível maneira em que ele pouco se fode para tudo o quê me envolve e não me dá algum conselho ou apoio. Ele foi o primeiro a concordar em ir, e ele também fez a cabeça de Nicholas para levá-lo a festa.

- Calma, vamos voltar já. - Nicholas diz tentando amenizar e me alegrar, talvez.

- Podem voltar até depois de amanhã, não ligo. Só quero que passem para a Diarra que eu e ela nunca tivemos problema. Digam também, quê gosto dela, independente daquela cadela mexicana.

Connor ri e vai para o banheiro. Nicholas se senta ao meu lado e começa a sussurrar, como se quisesse me contar um segredo

- Diarra ia te chamar, mas Sabina ficou... - Nicholas diz e faz um sinal balançando a mão na orelha, é como se ele quisesse dizer que Sabina encheu minha amiga franco-senegalesa.

- Diarra era para tê-lá mandado se... - Estou falando e a campainha toca, faço sinal para Nicholas atender e desisto do diálogo. É Hina.

Quero passar essa porra de dia aqui sozinho, apenas eu e eu. Está merda de festa já me irritou bastante, e não quero descer o meu nível por um evento que não fui convidado. Não posso mandar em Connor e Nicholas, apesar de descordar e me irritar, são livres. Connor sai do banheiro e vai de encontro com os dois. Os três me dizem um breve tchau e apenas aceno.

Loveable °•☆.*♡ Josh Beauchamp Onde histórias criam vida. Descubra agora