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Capítulo 46 

Eliza

— É sua vez, Eliza. — a Renata avisa apontando para mim e eu suspiro. 

De quem foi mesmo a ideia de ir para um bar de karaokê? Eu adoro cantar, mas quando eu tenho certeza que o álcool não vai me matar de vergonha. 

Depois de um dia inteiro de praia, nós acabamos entrando em um bar super praiano, uma vibe deliciosa, e quando os malucos viram o karaokê ninguém quis ir embora, porque é isso que o álcool faz, antes de te derrubar ele te humilha. 

A Gio, a Camis, a Renata e até a Vic já passaram pela cota de humilhação delas e agora querem a qualquer custo que eu passe pela minha também.

— Eu vou depois, o Caio vai no meu lugar. — jogo a bomba pro colo dele que sorri e vai todo feliz cantar, como o exibido que é. 

— Vai explodir meus tímpanos. — a Gio comenta e nós rimos, olhando para o palco improvisado. 

— Fala galera! Esse daqui é especialmente para a Renata, minha parceira de muitos anos. — ele faz a pequena introdução antes da música começar e quando o primeiro acorde soou não teve um que conseguiu segurar o riso, mas foi no refrão que o bar veio abaixo, todo mundo cantou junto.

"Renata ingrata
Trocou meu amor por uma ilusão
Renata ingrata
Quem planta sacanagem colhe solidão"

— Um dia eu mato esse filho da mãe! — a Renata sentencia quando ele acaba o show. 

— Mas foi fofo, pô. — o Luan brinca. — Conta pra mim essa história Renatinha, sabia que tu não valia muita coisa, mas trocar o amor do cara por uma ilusão, é foda! 

— Vai se lascar, Luan! — diz e nós rimos. — Quem é que vai agora? 

— Vai Luan, mostra toda a sua falta de talento na música. — a Vic incentiva, não deixando a alfinetada de lado. 

— Falou a cantora... — ele debocha, mas se levanta indo em direção ao palco. 

Minutos depois os acordes da música escolhida por ele começam a soar pelo bar e eu fiquei em choque, totalmente sem acreditar que ele realmente tinha escolhido aquela canção, a ficha só caiu mesmo quando o refrão foi entoado em coro pelas outras pessoas presentes no bar, ninguém na nossa mesa era capaz de soltar uma mísera palavra, ninguém era inocente e tinha sacado muito bem o que estava acontecendo. 

"Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar" — cantarola um pouco fora do tom, mas ainda assim diz tudo com muita nitidez.

— Eu não acredito nisso... — murmuro em choque e o loiro bufa. 

— Esse cara não tem noção, não? — indaga e eu suspiro tentando colocar a cabeça no lugar. 

— Ei. — chamo a atenção dele. — Desfaz esse bico, eu quero você e só você. — sussurro dando um selinho demorado nos lábios macios do meu namorado. 

O Pedro até tentou ser resistente, mas acabou cedendo facilmente ao beijo e aproveitou o momento para aprofundar o contato me puxando para o colo dele, e eu não ofereço nenhuma resistência, me acomodo nos braços dele e ignoro tudo ao nosso redor, na tentativa de alguma maneira tranquiliza-lo e deixar bem claro o que eu sinto por ele. 

O Luan finalizou a música e saiu do palco direto para fora do bar, deixando o clima ainda mais tenso na nossa mesa, ninguém sabia o que dizer ou não queria dizer nada, até o Caio ficou caladinho. 

PERDIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora