AFRO

Capítulo V

- Onde estou? - Perguntei-me, estava tudo escuro naquele lugar.

- Tem alguém aqui?

Gritava mas ninguém ouvia, só tinha escuridão a minha volta, alguém pegou meu braço, assustei-me e olhei para o lado, parecia ser uma era uma velha, mas estava muito escuro, não conseguia ver direito.

- Você tem medo do escuro, Afro? - Disse a velha.- ilumine esse lugar, tu és a luz de que o mundo precisa.

Estava com muito medo, mas reconheci aquela voz, fiquei calma, me perguntei se era possível, aquela voz não podia ser de quem eu pensava, me acalmei e o lugar ficou iluminado, olhei para a velha, era minha avô, minha falecida avô, ela colocou a mão no meu rosto.

- Os teus olhos continuam lindos!

- Como isso é possível? Como você está aqui?

- Shiiiih! A sabedoria está no silêncio, pequena Afro- Disse minha avô
calmamente.

fiquei em silêncio.

- Você precisa me ouvir - disse minha avô - foste escolhida, tu és filha de
Xangô, ele escolheu-te, para salvar nosso povo da miséria e da opressão, a primeira coisa que você tem que fazer ainda hoje, é caminhar até o topo do palácio, depois você descobrirá o porquê, mas você não pode ser vista, em seguida fuja desse lugar, você precisa chegar até kaneia, lá encontrarás um dos bens mais preciosos do universo, use ele para libertar nosso povo da opressão.

- Que bem é esse Avô?

Ela desapareceu e tudo voltou a ficar escuro e eu acordei. Estava com dificuldades de respirar o suor estava por todo o meu corpo, perguntei-me se aquilo foi só um sonho ou foi real, com o ancião lá na aldeia parecia tão real, isso não pode ter sido um simples sonho.

Me levantei, tirei um pano do armário cobri meu rosto deixei espaço para os olhos, abri a porta, coloquei a cabeça pra fora, não tinha guardas. saí, e
comecei a andar pelo corredor silenciosamente, avistei escadas e dirigi-me a elas subindo. continuei subindo vários andares, estava a ficar cansada, eles não acabavam, eram muitos e eu não chegava ao topo, continuei a subir aquelas escadas longas como a vida e maiores que meus sonhos, finalmente cheguei ao topo, estava em um compartimento sem mobília, apenas uma porta preta, me aproximei até ela, abri um pouco, apenas de formas a me possibilitar ver o que tinha dentro, era um lugar enorme, com rochas no chão e máquinas trabalhando, apenas conseguia ouvir o barulho delas e não ver elas, vi um elevador no fundo do lugar encostado a uma parede, aquela
parede parecia-me familiar, as cores a estrutura, era a grande muralha que
separava África negra da África branca, vi o elevador a descer, quando chegou ao chão, abriu, dentro dele estava a rainha e o general Kwame, vi eles a saírem de dentro dele.

- Precisamos encerrar com o plano o mais depressa possível, não podemos
mais desperdiçar água com eles, a água está escassa, a fonte está decaindo cada vez mais rápido. - Disse a rainha com pressa na voz.

- O que sugere que eu faça? - Perguntou o general Kwame.

- Meu primeiro plano foi convocar os filhos dos líderes, achei que seus pais
iriam seder e com isso não teria torneio esse ano, mas eles entregaram seus próprios filhos, só nos resta seguir com o plano B.

- E qual é o plano B alteza?

- Matar os 7, amanhã no torneio, quero homens escondidos com arcos e flechas, quero que matem todos, assim não terá vencedor nenhum este ano e ninguém saberá que a fonte está nos abandonando aos poucos. Quando ouvi isso, não acreditei.

larguei a porta e sem querer fiz barulho, eles olharam para a minha direcção.

- Quem está aí? - Perguntou o general Kwame tirando a espada.