Capítulo XI

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Já carreguei pedras em meu colo, armas em minha mão. Mas


nada se compara ao peso do mundo que carrego nas costas. A coisa


mais fácil do mundo é respirar.

Eu acreditava nisso mas actualmente a coisa mais difícil pra mim é respirar pois eu sinto o mundo me sufocar,


o mundo estendeu suas mãos nuas entre a minha garganta e apertou


ela com toda força que respirar se tornou a coisa mais difícil pra mim.

Faz um ano que aconteceu a maior guerras da história, homens e


mulheres inocentes me seguiram pois acharam que eu lhes levaria a


glória. Acharam que os deuses estavam do meu lado e no final


descobrimos que não.

Inocentes morreram em uma luta com a


esperança de uma vida melhor. mas foi tudo invão. A África branca foi


engolida pelo oceano e os deuses não nos avisaram, nem os ancestrais.


Eles nos guiaram para uma guerra que desde o começo sabiam que nós


tinhamos perdido. Eles nos deram esperança mas no final sabiam que


era tudo uma ilusão. Nós lutamos pelo liquido preciso e no final


dscobrimos que ele não existe.

Por quê os deuses não nos disseram


desde o começo que o outro lado já não existe? O nosso lado só não foi


engolido por causa do grande muro contruido por homens há anos


atrás. Ou seja, nós não devemos nada aos deuses.

Nenhum outro aldeão cofia nos orixás mais. todos perderam


sua fé. Para piorar, nenum aldeão quer saber de mim. Todos me


odeiam e me culpam por tudo pois eu sou a filha de xangô, a suposta


escolhida por ele para trazer justiça ao nosso povo mas no final o que


eu trouxe foi apenas morte.

Seis meses depois da batalha ter terminado a fonte do grande


reino secou de vez. A sede aumentou, a fome aumentou. Crianças e


idosos não conseguiram aguentar por muito tempo e morreram. eu me


culpo por todas essas mortes e a culpa pesa. Agora eu carrego o peso


da culpa e o peso do mundo nas costas. Eu pareço viva mas estou


morta por dentro.

Pensamentos como esse correm pela minha cabeça enquanto eu


sinto o vento tocar meu rosto e minhas tranças flutuarem com a força do vento.

O sol está se pôr, a ilumunação do pôr do sol deixam o brilho


de meus olhos no chão. Estou sentada entre uma montanha pois a vista


daqui é a melhor do mundo. Consigo enxergar o pouco da natureza que


ainda resta.

Eu sei que em breve ela vai sumir, sinto isso nos meus


lábios secos que se podessem falar por conta própria gritariam de


aflição. Sinto isso na minha pele desedratada e no meu corpo fraco.

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