Capítulo VIII

145 22 23
                                    


O sol nascia, o vento batia em meu rosto, os cavalos andavam e nós
respiravamos o ar limpo que a natureza nos proporcionava, consigo ver os
portões da minha aldeia daqui, me entusiasmo e faço o cavalo correr em
direcção o portão, eu nunca pensei que voltaria a ver minha mãe outra
vez, meu tio, meu pai e toda minha linda aldeia, Ashia e outras guerreiras
aumentaram a velocidade também, me alcansaram, depois de muito
caminhar chegamos aos portões, consegui notar a surpresa no rosto dos
guerreiros que guardavam o portão, era como se estivessem a ver um
fantasma.

- Sou eu mesma, Afro! Falei para os guerreiros. de maneira rápida e
organizada eles abriram os portões, um deles tocou a trombeta para
acordar toda aldeia antes de eu entrar, entramos na aldeia eu Ashia e as
demais guerreiras, conseguia ver todo mundo a sair de suas casas,
olhando pra mim, com um olhar brilhante que transbordava felicidade por
me verem, eu sorria e saudava todos.

- Afro! Minha filha é você? Perguntou minha mãe correndo em minha
direcção para me abraçar, ela me alcansou, colocou-me entre seus braços
e apertou bem forte, o mundo fazia mais sentido naquele momento,
aquele abraço me deixava leve, me sentia a pessoa mais segura do
mundo.

- Afro? É você? Perguntou meu pai enquanto andava em minha direcção
para me abraçar, então ele me abraçou, junto a minha mãe, em seguida
senti uns ombros grandes me abraçarem por trás era meu tio. minha
família toda, eu queria chorar, não achei que voltaria a ter esse momento
em minha vida, mas eu não posso chorar, estamos em tempo de bravura e
eu preciso fazer isso.

- Como? Você venceu o torneio? Perguntou meu pai
- Não, não existia torneio pai, era tudo uma farsa, uma tentativa de
esconder que não existe água o suficiente para abastecer as aldeias, era
tudo uma simulação nós fomos lá para morrer, todos nós. Respondi

- Pelos panos brancos de oxalá! O que você está a dizer? Perguntou meu
pai.- durante anos nosso povo segue essa tradição e agora vens me dizer
que a rainha violou nossos costumes?

- Sim pai, nós precisamos nos juntar e atacar o grande reino o quanto
antes, ou eles vão nos matar primeiro.

- Você está maluca? Atacar o grande reino? Nenhuma aldeia fez isso
antes, nenhum líder vai aceitar isso, é contra as regras. Disse meu pai

- As regras silenciam-se em momentos de guerra e nós estamos em
guerra, se o senhor não quer se juntar a nós é na tua conta, mas nós
vamos atacar aquele reino ainda que seja a última coisa que façamos!
Disse Ashia meio exaltada.

- Ashia, filha se acalme. aonde está a tua mãe? Perguntou minha mãe
- Eles mataram ela! Respondeu Ashia, com lágrimas aos olhos, minha
aldeia foi queimada, eu nem sei se ainda existe aldeia 3.

- Meu Deus! Exclamou minha mãe colocando a mão na boca, se
aproximou de Ashia e abraçou ela.
- Eles vão vir aqui pai, nós precisamos nos organizar para atacar o grande
reino.

- Não posso atacar o reino me baseando em palavras de duas crianças.

- Crianças? Perguntou Ashia, me diz senhor! Uma criança luta contra
guerreiros com o dobro da sua idade para poder levar água a sua aldeia?
Meu pai ficou calado, Ashia estava mesmo muito alterada mas o que ela
falava fazia sentido, nós deixamos de ser criança faz tempo.

- Irmão dê uma chance a elas, vamos nos preparar, é a Afro, não é uma
estranha, você acha que ela nos mentiria? Perguntou meu tio

- Falou o homem que lhe ajudou a esconder um segredo de mim durante
anos. Respondeu meu pai

- Se não acreditam nela, acreditem nos deuses e nos ancestrais. Disse o
ancião de minha aldeia enquanto se aproximava, todo mundo ficou a olhar
para ele, baixamos a cabeça como sinal de respeito. – Isso nas tuas costas
é o que eu acho que é? Perguntou o ancião.

AFROOnde histórias criam vida. Descubra agora